Page 368 - Revista da Armada
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PONro AO MEIO-DIA



                  Que nova ordem






                       internacional?                                          o Mundo não passa de mudança,

                                                                                  a Vida o que dela se pensa.
                                                                                           Demócrito

                                            quotidianamente, r---------------------,
             lcançada o desanuviamento  Este-
             -Oeste  e desaparecido  o  receio   vêm  a público,  não
        A de que as  duas superpotências se   permitem  concluir
        envolvam  num conflito, sonha-se com  a   que estas medidas já
        nova  ordem  internacional.  Ela  aponta   tomadas  e  comum·
        para,  sob  os  auspícios  das  Nações   mente  aceites  sejam
        Unidas, prevenir os  focos  de  instabili-  suficientes   para
        dade e tensão que,  por todas as  partidas   alcançar  uma  nova
        do  mundo,  vão  grassando,  e,  mediante   ordem  internacio-
        o envio  dos  capacetes  azuis,  impor  e   nal.
        manter a paz.                        No  meio  dos  des-
          Contrariamente  ao  que  acontecia   crentes,  penso,  sin-
        desde o fim da  II  Grande Guerra - quan-  ceramente,  que  se· l __ ~_"'"'=~=~"""=""'~""''_'''~.::~L==c.:l
        do o terror de um  holocausto nuclear se   ria  necessária  uma
        sobrepunha  a tudo  o  mais  - a comuni-  alteração  profunda  na  organização e na   futuro  é estudar o passado e  analisar o
        dade  internacional  estâ cada  vez menos   estrutura,  nos  métodos  e  no  funciona-  presente.
        disposta  a  aceitar o  recurso  unilateral   mento, do órgão  responsável  pela  segu-  Ora, a análise do presente - seja  pelas
        da  violência  para a resolução de confli-  rança  e  pela  paz:  as  deliberações  da   divergências,  não  obstante  Maastricht,
        tos  e, assim,  o número  de  intervenções   Assembleia  Geral  das  Nações  Unidas   entre  a  NATO  e a UEO;  seja  pela  exis-
        sob  o  mandato  do  Conselho  de   deviam passar a basear-se em  princípios   tência  de  crises  cuja  gestão  nao  passa
        Segurança  das  Nações  Unidas  é.  nos   e  conceitos,  mesmo  que  ferissem  os   pelas  N.U.,  ou  de outras, para  as  quais
        últimos 5 anos,  muito superior ao ocor-  interesses  das  grandes  potências;  a   alguns  países  membros  estão divididos
        rido em 45 anos de Guerra Fria.     composição,  atribuições  e  funciona-  quanto  às  funções  a  apoiar,  ou  de
        r--------------~-~--..  menta  do  Conselho                             outras,  ainda,  Que,  no  consenso  dos
                                                            de  Segurança  devi-  membros  permanentes do  Conselho  de
                                                            am  ser  revistos;  as   Segurança,  não  merecem  ser objecto de
                                                            N.U.  deviam  ter  a   resoluções; seja  pelo  facto  de  que  nem
                                                            garantia  de,  em   todas  as  actuais  potências  economica-
                                                            caso  de  necessida-  mente  mais  fortes  são  membros  perma-
                                                            de,  poderem  dispor   nentes  - evidencia  que, se  não  houver
                                                            de  contingentes su-  alterações  na  ONU,  se  estao  a  criar
                                                            ficientes  para  as   condições  semelhantes às  Que,  no  pas-
                                                            operaçôes  de  "Pea-  sado,  conduziram  à  extinção  da
                                                            ce Keeping ....     Sociedade das Naçôes..
                                                              Dizia  o  Padre    Sinceramente,  porque  a  história
                                                            António  Vieira  que   demonstra  que  o chauvinismo  se  exa-
                                                            só  quem  viu  pode   cerba  Quando  os  interesses  de  uma
          Assentando, a nova ordem  internacio-  profetizar  - naturalmente,  com  certeza.   naçao são  postos  em  causa,  nao  creio
        nal,  nos  propósitos  definidos  na  Carta   Os  discursos de  quem  nào  viu,  são  dis-  ser possfvel que os membros permanen-
        das  N.U.,  não  surpreende  a atribuição   cursos;  os  discursos  de  quem  viu,  sào   tes - sejam eles quais forem  -, cada Qual
        de  novas competências ao Conselho de   profecias.                      com  a sua  idiossincrasia, aceitem  rever
        Segurança, tendo  em  vista  a prevenção   Mas,  pensar  (não  ouso  dizer  ver)  o   o  seu  peso  e  a  sua  participaçao  no
        e resolução de conflitos.                                               Conselho de Segurança.
          É também na linha desses propósitos -                                  Assim,  hâ  que estudar e  encontrar
        tomada de medidas efectivas para evitar                                 outras  bases  em  que assente  a  nova
        ameaças  à paz  e recomendar  as  condi-                                ordem  internacional, ou esta  não passa-
        ções  apropriadas  à solução  dos  confli-                              rá  de uma Quimera!
        tos e reprimir actos de agressão - que a                                 Entretanto,  porque  a  paz  no  mundo
        revisão estratégica adoptada pela NATO                                  ainda  nao é  um  cenário previsfvel  para
        decidiu,  na  reunião de  Oslo  e  nas                                  um  futuro  próximo,  e avisado  que cada
        Declarações  de  Londres  e  de  Roma,                                  pais mantenha eficaz a sua componente
        passar a contemplar a condução de cri-                                  de defesa autónoma.            J.,
        ses, a prevenção e a resolução  pacífica
        dos conflitos.                                                                      F.M.  P.Machado da Silva
          Contudo, as  notícias  mundiais,  que,                                                             VALM


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