Page 336 - Revista da Armada
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Roger
Roger Chapelet foi um grande homem e foi nossos na vios, em especial
com ii "Sagres", nela efectu-
um grande artista. De nacionalidade francesa,
ando 7 viagens, com destaque
apaixonou-se pela "Sagres" e a ela se referia para a que fez no Inverno de
sempre de uma forma sintética e de grande 1978, em que aos 75 anos de
idade e sob fortes temporais,
afectividade: "e' est mon voilier". fez a travessia do Oceano
Fez muitos amigos em Portugal, sobretudo Pacífico entre S. Francisco e
naqueles que com ele partilharam longas Hong-Kong, produzindo en·
tão alguns dos seus mais be-
viagens a bordo do N.E. "Sagres", no qual los quadros e desenhos do
embarcou em diferentes oceanos e do qual nosso navio-escola.
foi o seu mais fiel retratista. A Marinha Pa ra além da s ua paixão
pelo ma r, os seus conheci-
Poctuguesa soube estimular aquela paixão mentos náuticos fora m enri-
com grande carinho e deferência, tendo-o quecidos com os frequentes
contactos que manteve com a
agraciado com a Medalha Naval de Vasco
Marinha, os navios e a vida a
da Gama e, mais tarde, foi o Presidente bordo, o que lhe permitiu
da República que o condecorou com a acrescen tar ao seu nat ural
talento artístico, uma rigoro-
Comenda da Ordem do Infante O. Henrique. sa capacidade de observação,
que se traduziu em magnífi-
grandes e longas paixões: o nos co mboios d o m<lr do cos quadros.
ma r e o navio-escola "Sa- Norte e do Atlântico, tendo A obra de Roger Chapelet
gres". participado em operações de está presente no Museu de
De fa clo, foi a par tir de gue rra no Medi terrãneo. Marinha de Lisboa através de
1926 que se ligou ao mar e Depois esteve na Guerra d<l 5 quadros, um dos quais
aos navios, quando esteve na Indochina, ilustrando com datado de 1935, qua ndo o
Terra Nova e na Gronelândia um forle realismo os cenári- artista ainda não conhecia
pela p rimeira vez, tendo os que foi conhecendo e Portugal, mas tambem no
depois voltado a esses maTes vivendo. N. E. "Sagres" a traves de -I
por mais duas vezes. Em 1936 No ano de 1959, durante quadros oferecidos por ocasião
foi nomeado pintor oficial da uma visita a Portugal, o acaso de alguns dos embarques que
Marinha Francesa, depois de levou-o a conhecer e a pintar efectuou nesse navio e, ainda,
idadão francês e pintor já ler feito muitas navegações o a ntigo navio-escola "Sa- em cada uma das -I fragatas
da Marinha Francesa, e muitas pinturas, quase sem- gres". A parti r de cntão, da classe "Comandante João
Cfaleceu recentemente pre alusivas a motivos náuti- Roger Chapelet manteve um Belo".
Roger Chapelet, um homem cos. contacto estreito com a Ma- Muitas das suas telas en-
que viveu pelo menos duas Durante a Guerra navegou rinha Portuguesa e com os contra m·se nos Ministérios
A ManIlha Portuguesa fez-se represel/tar lias solem's exé-
quias de Roger Chapelet atrnvés do Adido Nnvnl em Pnris,
CFR Mário Alvnrellga RI/n, em reCOllliecimellfo pelos serviços
prestados pelo artista, reSllltalltes de 11m ellorme talellto, de 11111
graude IIIII/I",,;sl/lo e de I/l/la sil/glllar sellsibilidade l/I(1riulleira,
qlle I/Il/ito cOlltribuíram para o prestígio illterflaciOllfl1 da
IIOSS(l Maril1/Hl e para a divulgação do seu mais emblemático
I/av;o:o N.E. "Sagres".
1 O NOVl'M~O 95 • REVISTA DA ARMADA