Page 337 - Revista da Armada
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da Marinha, em Paris e em
r Lisboa. Mas para além disso, I
numerosas colecções particu·
lares estão enriquecidas com
as suas obras, espalhadas por
França, Inglaterra, Alemanha,
Portugal, Estados Unidos e j I ; t
Canadá. .' • ...,J ,..I /'
A obra de Roger Chapelet - '- - c:-::=.:L
tem pa rticular relevância no
, excelente livro "Sagres -a Escola <"", ... , ....... _,
... --.--""",--
e os Navios", editado pela
Comissão Cultural da Marinha
" em 1984, em que são da sua em gravuras e postais, cujo
autoria, todas as belíssimas produto da venda revertesse
reproduções e desenhos que o para a sua recuperação.
ilustram. O que fez de Roger Chapelet
Sendo um incansâvel divul- um grande pintor do mar foi o
gador do nosso pais, o artista seu gosto de embarcar, o que
confirmou a sua paixâo pela lhe permitiu um contacto
nossa Marinha, pouco tempo directo com o mar e com os
PINTORES DE MARlNNA
;,
o verdadeiro nascimento dos pintores de Marinha teve _- t_ _-l--
lugar nos Países Baixos, onde os Van de Velde, pai e filho,
se distinguiram pela qualidade das suas telas e pelo realis·
mo que nelas imprimiam. O seu prestígio foi tal que, em
1672, foram convidados por Carlos 11 de Inglaterra para
serem pintores da corte.
Já no séc. XVIII, talvez inspirada naqueles dois artistas
holandeses, desenvolveu-se em Inglaterra a mais importaR·
te escola deste género de pintura, embora já sejam do século
seguinte as maravilhosas marinhas de Willian Tumes que
os ingleses consideram como o primeiro impressionista.
Em França, a grande figura da pintura de Marinha é
Claud-Joseph Vernet, a quem Luís XV mandou pintar os
portos do reino, uma série de magníficas leias que, para
além da sua beleza, constituem documentos de grande valor
para o estudo da época. No Anuário da Marinha Francesa,
em 1830, apareceram pela primeira vez referidos dois pinto-
res de Marinha e, em 1860, são já quatro, sendo um deles antes da sua morte. Ao tomar navios, especialmente os velei-
Morei-Fatia, autor de "A Batalha Naval do Cabo de São conhecimento do projecto de ros que ele tanto adorava. E é
Vicente", talvez a única obra deste pintor existente em recuperação da fragata "O. com saudade que muitos de
Portugal. Fernando II e Glória", deci- nós recordamos a sua sobrie-
Através de um decreto de 1901 foi fixado em 20 o número diu pintar aquele navio após dade humana, a sua simpatia
daqueles artistas, mas foi só em 1920 que a legislação esta- se ter documentado aprofun- pessoal, o seu companheiris-
beleceu o estatuto do pintor de Marinha. Este título é conce- dadamente e ofereceu o res- mo, o seu enorme talento e a
dido por cinco anos renováveis, aos artistas que se tenham pectivo quadro ao Museu de sua fabulosa obra, sem parale-
consagrado ao estudo do mar, da Marinha e das gentes do Marinha, com a condição lo na pintura portuguesa de
mar. Não obriga a qualquer retribuição por parte do pintor, expressa de ser reproduzido expressão naval. 51
mas concede-lhe facilidad es, como seja embarcar, o que
lhes permite um estreito contacto com o mar e com os temas
a retratar.
Poucos anos depois o número de pintores era de quase
meia ceRtena, para em 1941 ser novamente limitado a 20 por
um período renovável de 30 anos. Os pintores com mais de
60 aROS de idade passaram então à situação de pintores
honorários e Roger Chapelet foi um dos mais prestigiados
membros desse grupo.
Em Portugal, país de fortes tradições marítimas, não
houve qualquer escola ou, pelo menos, alguns pintores
que nos deixassem uma imagem pictórica do que foi a
epopeia dos Descobrim entos. Podemos referir Luis
Ascêncio Tomasini (182311902) que também foi capitão de
navios e João Pedroso (182511890), que nos deixaram
algumas telas de muito mérito. Na aguarela distingui-
ram-se o rei D. Carlos (183611908) e o comandante Pinto
Baslo (186211946), qualquer dos dois, artistas de elevada
sensibilidade e que muito amaram o mar.
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