Page 367 - Revista da Armada
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A •• ,.,..,. ti. Nata'






                calendário aproxima,  mais  uma  vez, o  Natal.  É   Tão-pouco o seu objectivo principal é celebrar a memória
                tempo  de alegria, de luz e de aproximação.  Na  de uma  Pessoa, ainda que sem paralelo entre todas as figu-
          O  ade,  numa  das praças  principais,  levanta-se,  ras notáveis da  história.
                cid
          luminosa e enfeitada a árvore de Natal.
                                                                Efectivamente, a celebração  do  Natal,  repetida  todos  os
            As  ruas são ornadas de colorido,  niio  faltando,  nas  mais  anos, só  adquire  plena  verdade se  for  para  nós  próprios
          mov imentadas,  os  arcos, alinhados  em                 um  Natal,  islo é,  uma  oportunidade de  nascermos
          série,  numa  profusão  de luz  e  cor,                   para a vida que este dia celebra.
          enchendo os olhos e grata  à sensibili-
          dade.                                ,;"\                    Por isso, o Natal vive-se verdadeiramente dentro
                                                                      de cadi!  alma. É aí,  ni!  raíz do espírito, onde mais
            Ao  lado, as montras, onde foi  colocado                   nos  de finimos  como  humanos,  na  liberdade
          um  cuidado especial, convidam  a  parar,                     apoiada  pela  inteligência  e  pela  vontade,  que
          a  ver,  tentam  quem  passa, objectivando-                     poderá acontecer esse nascimento.
          -lhe a  imaginação e  o  pensa mento  na
          casa,  na  ceia  o nd e  nada  falte,  no                          É na  prestação de serviço aos oulros, sem
          familiar ou amigo.                                               discriminação,  ajudando-os  a  resolver  os
                                                                            seus  problemas o u  a  tornar  ma is  leve o
            Tudo  isto  tem, obviamente  uma                                peso do seu destino, que se terá a  prova da
          intenção.  Mas  també m  é  sinal  de                             autenticidade da celebração desta Festa.
          uma  quadra  de  um  significado que
          aproxima e humaniza.                                                 Fazer  passa r  pelo  coração  as  nossas
                                                                             relações com os semelhantes, e outro não
           Os  transeuntes evide nciam  mais                                 é significado de concórdia,  não é tarefa
          civismo e  compreensão,  mais  sensi-                              fáci l. Um  tempo secularizado e  pragmáti-
          bilidade nas palavras e atitudes.                                  co é propício fi  discórdia, isto é,  ao egoís-
                                                                            mo  que fecha  os  corações ao entendimen-
            As  pessoas enviam  cumprimentos  de                             to,  li  cupidez que gera  injustiça, fi  violên-
          boas-festas,  sinceros  quase sempre, que                             cia que gera ódios.
          são  també m  um  vo to  que apraz  co-
          municar.  Há  festas  para  crianças  e                                    Um  mundo assim  é sensivel ii
          doentes.                                                                   beleza  e  à graça  do  Nata l,  ao
                                                                                     ambiente deste  tempo  festivo,
            As  crianças  sonha m ,  lembram  e                                        mas  não quererá ir  mais além:
          a guardam  os  brin q uedos,  há                                             saborea r  ii sua  interpelação
          meses prometidos.                                                              mais  profunda  que o  trans-
                                                                                          formaria.
            Não  há  pretex to  nem
          vontade de as cOntrariar                                                            Con tud o,  é  sa bido
          neste tempo favorável.                                                            que  nenhum  esforço,
                                                                                            nenhum acto de serviço,
           En tre  os  maiores,                                                            nenhuma  atitude corajo-
          alguma  crispação ou                                                             sa  ou  prova  de  fidelida-
          animosidade,  que                                                                de se perderá  para quem
          não  se  sabe bem  co-                                                           aceita  a  interpelação  do
          mo  começou  mas                                                                  Natal.
          que o tempo havia de
          avigorar,  dilui-se  na                                                              Tudo se projectará, e
          abertura  da  alma  e  no                                                           fica rá  regis tado,  no
          ambiente de paz que nos                                                             livro da vida. E é por
          envolve.                                                                             esse  motivo  que  o
                                                                                                Natal revigora sem-
           E até  lá  longe,  no campo                        pre a esperança dos homens, oferecendo-lhes os valores da
          viole.nto  das  hostilidades, os                    salvação, da justiça e da paz.
          ini migos  depõem  as  armas,
          proclamando  tréguas  nestes                          Acontece sempre  Natal quando um  homem se aproxima
         dias  festivos,  mas  isto,  embora  já  seja  muito,  não é  ludo.  do seu semelhante e o trata como irmão.
          Nem é o principal.
                                                                É justo e é salutar que tenha sido considerado, e seja  ver-
           A verdade do Natal é  mais existencial.  É que não é ape-  dadeiramente, a Festa da Humanidade.     II
         nas  uma  efeméride,  um  dia  festivo  assinalado  no  ca-
         lendário, uma ocasião de enviar  e  receber felicitações, de                            DfWid VII:: Monfeiro
         fazer compras, de trocar presentes.                                                            CMG ÜIpt'llio
                                                                                       REVISTA  DA ARMADA .  0fZEM8R0 97  5
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