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O facto de contarmos com a partici-  apoio avançado a forças de superfície, foi o  sucesso concorrido diversos factores, dos
         pação de submarinos de diferentes países,  embarque de um oficial com a experiência  quais destacamos os seguintes:
         sendo um deles pertencente a um país  de Comando de submarino em cada navio-  A realização de reuniões sectoriais na
         não-NATO – o brasileiro ”Timbira”, asso-  chefe das TG’s de superfície, funcionando  Esquadrilha de Submarinos, durante as
         ciado ao objectivo de testar novos ce-  como elemento de coordenação e de ligação  quais foram transmitidos aos submarinos
         nários configurados para a utilização das  entre as forças no mar e o SUBOPAUTH.  participantes os objectivos de treino a
         grandes potencialidades dos submarinos  Também merece destaque a grande  alcançar, assim como esclarecidas todas as
         quando empregues em apoio avançado a  disponibilidade sempre demonstrada por  dúvidas e questões colocadas pelos mes-
         forças de superfície, em cooperação com  oficiais do CITAN e do staff dos navios  mos. Estas reuniões foram complemen-
         navios e aéreos, assim como em cenários  participantes, permitindo desenhar o exer-  tadas por outras durante a estadia dos
         de Operações de Interdição Marítima,  cício adaptado à nova realidade opera-  submarinos em Portimão, permitindo o
         implicou um esforço adicional quer na  cional, em que submarinos e os navios de  esclarecimento de dúvidas e a transmissão
         fase de planeamento quer na de execução,  superfície participam em operações con-  das orientações tácticas e operacionais re-
         por forma a garantir o controlo opera-  juntas, em contraponto e em evolução aos  lativas à segunda fase do exercício, duran-
         cional efectivo e em segurança de todos  conceitos e à “cultura” vigente até há bem  te a qual o treino foi concebido e se apro-
         os submarinos envolvidos, por parte do  poucos anos.                  ximou de cenários realistas e actuais.
         SUBOPAUTH (1) exercido                                                             O embarque de um oficial
         pelo CTG 443.10 – Coman-                                                         e de uma praça de comu-
         dante da esquadrilha de                                                          nicações, cuja tarefa princi-
         Submarinos.                                                                      pal foi a de custódia e uti-
                                                                                          lização das publicações e do
           Em termos de Comando,                                                          material criptográfico em-
         Controlo e Comunicações                                                          barcado, mas cuja presença
         (C3) alguns aspectos mere-                                                       a bordo se revelou muito
         cem especial realce:                                                             importante por terem con-
           A activação de uma célula                                                      tribuído para o esclareci-
         permanente na Esquadrilha                                                        mento de todas as questões
         de Submarinos em apoio ao                                                        ocorridas no mar, nomeada-
         SUBOPAUTH, permitindo                                                            mente em termos de proce-
         o controlo efectivo e em                                                         dimentos, especialmente
         tempo real dos submarinos                                                        aquando da realização de
         no mar. Esta célula funcio-                                                      operações de apoio avança-
         nou em permanência a três                                                        do e de cooperação com
         divisões durante todo o  Submarino da classe “Albacora” no exercício SWORDFISH 99.  forças de superfície e com
         exercício, sendo cada divi-                                                      aeronaves, as quais consti-
         são composta por um oficial, dois sargen-  Na primeira fase do exercício, em que se  tuíram novidade para o “Timbira”.
         tos e três praças da classe de radarista e de  cumpriu um programa seriado, o treino
         comunicações. Além destes elementos par-  incidiu essencialmente sobre exercícios de  Em jeito de conclusão, pode afirmar-se
         ticiparam ainda na supervisão do exercí-  submarino contra submarino, concebidos  que a participação dos submarinos no
         cio, fora do regime de divisões, o Chefe do  para treinar a detecção e seguimento de  SWORDFISH 99 e a respectiva utilização
         Estado-Maior do CTG 443.10 e dois oficiais  um submarino em trânsito por um  sob os novos conceitos de operações con-
         de ligação, um espanhol e um brasileiro.  submarino em patrulha numa determina-  juntas, se saldou por um apreciável suces-
           A referida célula revelou-se fundamen-  da área. As séries desenhadas com eleva-  so, já que foram atingidos os objectivos de
         tal na gestão da enorme quantidade de  da duração temporal para lhes conferir  treino propostos, especialmente os refe-
         informação transmitida/recebida pelos  maior realismo, foram evoluindo em ter-  rentes aos exercícios de cooperação e de
         submarinos. Relembremos que sendo as  mos de complexidade, contando já na sua  interdição, não se tendo verificado situa-
         comunicações um factor fundamental para  fase final com aéreos e/ou navios de  ções de quebra de segurança.
         o sucesso de qualquer operação naval, elas  superfície em colaboração com o submari-  O Comando e Controlo dos Submarinos
         assumem especial importância no caso dos  no patrulhador.             funcionou sem dificuldades e com efi-
         submarinos, uma vez que a sua postura  Em todas as séries revelou-se funda-  cácia, de que é prova cabal a integração
         discreta implica acrescidas limitações em  mental o exercício da função de gestão das  bem sucedida do submarino brasileiro, o
         termos de tempo de transmissão/recepção  águas atribuídas, em virtude de operarem  qual, habituado que estava a procedimen-
         de mensagens. Este papel de gestão da  normalmente mais do que um submarino  tos e modos de operação diferentes dos
         informação circulante, merece um especial  na mesma área, não se tendo verificado  propostos no SWORDFISH 99, cumpriu
         destaque, pelo facto de terem sido mani-  quebras de segurança.       todas as tarefas que lhe foram atribuídas,
         puladas em simultâneo duas radiodi-                                   adaptando-se com rigor ao grau crescente
         fusões, uma para os submarinos NATO e  Quanto à segunda fase, merece des-  de dificuldade dos exercícios em que par-
         outra dedicada especificamente ao sub-  taque o exercício de Interdição Marítima,  ticipou.
         marino brasileiro.                 durante a qual os submarinos portugueses
           A existência de novo Hardware/Soft-  actuaram como violadores do embargo,        (Colaboração do Comando Naval)
         ware dedicado às comunicações, instalado  enquanto que o “Tramontana” e o “Tim-
         na Esquadrilha de Submarinos, permitiu  bira” colaboraram com as forças de super-
         colmatar o facto de o pessoal disponível  fície que executaram esse embargo. Foram  Notas:
         para integrar a referida célula ser em nú-  treinadas técnicas deceptivas por parte  1) Acrónimo para Submarine Operating
         mero bastante reduzido.            dos violadores do embargo, que se reve-  Authoriy - Autoridade que detém o controlo operacional
           Finalmente, um aspecto que contribuiu  laram eficazes.              dum determinado número de submarinos, com especial
         bastante para a “facilidade” com que se  A integração e a participação do sub-  destaque para o exercício de funções relacionadas
                                                                               com o evitar interferências mutuas, efectuar gestão
         realizou o Comando e Controlo dos sub-  marino brasileiro “Timbira” veio a reve-  de águas atribuidas a cada submarino e conduzir/controlar
         marinos, especialmente nos exercícios de  lar-se bastante profícua, tendo para esse  as radiodifusões especiais para submarinos.
         12 JUNHO 99 • REVISTA DA ARMADA
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