Page 199 - Revista da Armada
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Dia da Marinha em Portimão
Dia da Marinha em Portimão
PORTIMÃO,
CIDADE VIRADA PARA O MAR
omemorar o dia da Marinha em
Portimão é dar continuidade a
Cuma tradição de levar a festa da
Marinha até junto das populações, que
recebem e acarinham os marinheiros de
uma forma que não pode deixar de nos
envaidecer. Este ano, coube a vez a
Portimão, cidade algarvia na foz do rio
Arade, velha guardiã da principal via de
acesso a Silves, a pérola do reino do
Algarve no período muçulmano que
antecedeu a própria nacionalidade por-
tuguesa. Em 1191, pela mesma barra que
hoje vemos, entraram algumas dezenas
de navios de cruzados que se propu-
nham auxiliar o rei D. Sancho I na con-
quista da cidade de Silves, cercada ao
mesmo tempo, por mar e por terra. Foi
uma campanha audaz e é fácil entender gerações de portimonenses que, desde os
a sua importância, quer pelo papel que a tempos mais remotos, a serviram com
fortaleza desempenhava, no contexto do dedicação. E um deles foi, sem dúvida, a
reino do Algarve, quer pela forma como figura do Comandante Nuno Mergulhão,
a sua conquista envolvia, pelo lado do seu ex-presidente da Câmara, recente-
mar, o poder muçulmano que dominava mente falecido em circunstâncias dra-
as terras do sul. Renderam-se as gentes a máticas, e a quem coube uma significa-
3 de Setembro desse ano, depois de seis tiva parte do apadrinhamento da ideia
semanas de cerco. de ali levar esta comemoração.
Mas a vila de Portimão surgiria uns
séculos depois desta primeira conquista. ascendeu à categoria de vila, no reina- AS COMEMORAÇÕES
E surgiria precisamente virada para o do de Afonso V e, desde então notabili-
mar, no reforço da actividade marítima zou-se como sentinela do Arade e cen- No dia 19, cerca das dezassete horas, o
portuguesa do século XV, que ganhara tro de actividade marítima que incluía Almirante Chefe do Estado Maior da
uma nova dimensão depois da conquista o comércio, a pesca, a exploração de Armada inaugurou uma exposição sobre
de Ceuta. Os grandes portos algarvios sal, construção naval, indústrias con- as actividades da Marinha, que teve
viriam a ser o principal sustentáculo do serveiras e múltiplas outras activi- lugar nas instalações do Instituto
domínio do espaço atlântico que tem dades próprias de uma terra ribeirinha. Portuário do Sul e contou com a colabo-
como fulcro o estreito de Gibraltar e que A Marinha Portuguesa devia a estas ração da Câmara Municipal de
se estende para ocidente até ao gentes a homenagem de ali celebrar o seu Portimão. Acompanharam-no diversas
arquipélago da Madeira. Portimão dia, levando-lhes o agradecimento pelas entidades civis e militares que visitaram
o certame e tiveram ocasião de apreciar
uma pequena parte da imensa activi-
dade desenvolvida pela Marinha actual.
A visita começa pelo sector reservado ao
Comando Naval, cujos expositores
ficaram colocados no edifício da Gare de
Passageiros. Aí era possível observar
toda a parte operacional da Marinha,
que inclui as Unidades Navais, as
Unidades de Fuzileiros e de Mer-
gulhadores. Prosseguindo depois pela
parte do cais de turismo e comércio,
dentro de uma tenda montada para o
efeito, estavam os sectores da Admi-
nistração de Pessoal, Direcção de Serviço
de Formação, Escola Naval e Escola
Superior de Tecnologias Navais e
Análise de Métodos de Apoio à Gestão.
Seguia-se um núcleo da Comissão
Cultural de Marinha, com expositores do ✎
REVISTA DA ARMADA • JUNHO 2000 17