Page 274 - Revista da Armada
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Alocução do Director da Revista
“Criada há 35 anos,
a Revista da Armada fi-
cou instalada no local
onde hoje se encontra o
“Pronto-a-vestir” do far-
damento. Área repartida
por r/c e sobre/loja, com
dimensão reduzida, com
muito pouca luz natural
e sobretudo sem qual-
quer privacidade. Foi o
que se arranjou naque-
les anos iniciais da déca-
da de 70.
E ali se manteve até
1995, ano em que se
mudou cinquenta metros
mais para a direita, indo ocupar o espaço das antigas instalações da histórica Capitania do Porto de
Lisboa. A área aumentou um pouco e a luz natural também, mas a falta de isolamento da placa do
chão, os cheiros devidos a canalizações antigas e a permissividade a alagamentos em dias de tem-
poral, faziam que se temesse sempre o pior.
Por sua vez, ao fim destes anos, o espaço passou a ser curto, designadamente para o arquivo das
Revistas propriamente ditas.
Em face desta situação, e numa altura em que estava a ser equacionado o espaço colateral, ocu-
pado de forma um tanto ou quanto anarquica por paióis de diversos organismos, lançou-se uma pro-
posta no sentido de aumentar o espaço da Revista da Armada em 75 M2, o que iria permitir dotá-la
de uma área suficiente para instalar o arquivo com capacidade para largos anos.
Obtida a autorização e a respectiva verba para esta infra-estrutura e respectivo mobiliário, de
arquivo e biblioteca, e com a obra já em execução, acabou por se pôr outro problema, que era o
MEDALHA NAVAL DE VASCO DA GAMA desequilíbrio entre uma parte que ficava nova e as antigas instalações que se encontravam comple-
tamente degradadas.
Valeu-nos aqui a compreensão da Administração da Marinha, que aceitou que fosse recuperada
toda a parte antiga de acordo com as mesmas normas de segurança e num projecto integrado, de
qualidade, que poderíamos dizer que obedeceu essencialmente a três conceitos – utilidade, sim-
plicidade e dignidade.
Aproveitando as obras em curso foram instalados de raíz os sistemas de ventilação e ar condicio-
nado, comunicações, telefónicas e informáticas e novos quadros eléctricos.
Com a obra pronta, seja-me permitido deixar aqui alguns agradecimentos nomeadamente á Su-
perintendência dos Serviços do Material e às suas Direcções de Infra-estruturas e DITIC, pela procura
das melhores soluções e ainda ao Arsenal do Alfeite pela oferta da magnifica placa, que doravante
identificará a entrada da Revista da Armada.
Uma palavra ainda de agradecimento para a firma Eng & Built que connosco conviveu naquele
apertado espaço, quase um ano, e que em clima de compreensão mútua foi possível acabar as obras
no prazo previsto e não interromper a feitura da Revista, que continuou a sair regularmente.
Na realidade não se pode dizer que trinta e cinco anos seja muito tempo na vida de uma pu-
blicação .
Criada pelo saudoso Vice-Almirante Manuel Pereira Crespo, notável Ministro da Marinha, a quem
hoje prestamos a nossa singela homenagem dando o seu nome ao novo espaço do “Arquivo, Bibliote-
ca e Sala de Leitura”, criada, dizia, com o objectivo de contribuir para o fortalecimento do Espírito de
Foto SAR FZ Silva
Corpo que sempre caracterizou a nossa Marinha e à qual estão ligadas as virtudes e tradições navais
Portaria de 19/6/2006 e ao mesmo tempo para poder ser lida com agrado pelos nossos oficiais sargentos e praças.
Efectivamente assim tem acontecido. A Revista, ao longo dos tempos, tem sido o repositório de imen-
“Por feliz iniciativa e esclarecida decisão do notável Ministro da Mari- sos artigos que têm aparecido sob a forma de crónicas, ensaios, reportagens, entrevistas, notícias, contos,
nha, Almirante Manuel Pereira Crespo, foi criada, há trinta e cinco anos, a efemérides e passatempos, tendo sempre como elo de ligação – o Mar, a Marinha e toda uma Cultura
Revista da Armada, com o objectivo de “contribuir para o fortalecimento Naval que nos envolve, e constituem hoje um importante acervo da história da nossa Marinha.
do Espírito de Corpo que sempre caracterizou a nossa Marinha e ao qual Como era de esperar, a Revista tem acompanhado a evolução dos tempos, e do formato a preto
estão ligadas as virtudes e as tradições navais” e que, simultaneamente, e branco em papel de jornal já com a capa a cores, passou a ter côr em todas as páginas e em papel
“possa ser lida com agrado pelos nossos oficiais, sargentos e praças”. couché, modernizando ao mesmo tempo o estilo gráfico, tornando-se assim mais apelativa.
Em vias de ser editado o seu número quatrocentos, a Revista sofreu, Mas para além de tudo isto a Revista foi alterando, a pouco e pouco, a natureza dos seus conteúdos,
ao longo daquele significativo período de tempo, as modificações que a sem nunca fugir ao objectivo da sua criação. É que hoje, mais do que nunca, a informação passou a
evolução dos tempos e da tecnologia foram ditando, de modo a torná-la ser essencial. E mesmo para aqueles que servem na Marinha, oficiais, sargentos e praças, militariza-
mais apelativa, mas também mais conforme, em termos de conteúdos, dos e civis, a prestarem serviço nos navios e nas unidades em terra, muitas vezes não se apercebem
ao crescente grau de exigência dos seus principais destinatários – os que do que se vai passando na Corporação. A Revista tem cumprido, assim, em parte, essa tarefa.
servem Portugal na Marinha. Mas hoje, aproveitando a Comemoração do 35º Aniversário, a próxima publicação do núme-
Imutável ficou o seu apego e a atenção dada a tudo o que realmente ro 400 e a renovação das suas instalações, propusémo-nos levar a cabo uma exposição onde fosse
se vai passando na Marinha, o seu vinculo às coisas do Mar e à nossa possível revelar, um pouco, a vida da Revista.
ímpar Gesta Marítima. E assim trazemos à nobre Casa da Balança, de tantas tradições a exposição “Revista da Armada
Para além de se ter afirmado como imprescindível elemento agregador 35 anos – 400 números”, uma pequena mostra, onde poderão ser revisitados autores consagrados,
e indispensável fonte de informação para os que servem na Marinha, a que deixaram e deixam títulos que são nosso orgulho. Destes não poderei deixar de mencionar o Co-
mandante Raul de Sousa Machado, grande artista, que acompanhou a Revista desde a sua fundação
Revista da Armada constitui-se num muito importante elo de ligação dos e onde escreveu cerca de 200 artigos e ilustrou mais de 700 páginas. Ao gabinete onde trabalhou até
que nela serviram e a continuam a amar. É, também, hoje, uma incon- à véspera do seu falecimento, foi dado o seu nome e descerrado o seu retrato, como homenagem de
tornável referência para quem se interesse pelos assuntos da Marinha ou todos os amigos da Revista da Armada. Mas com ele queremos homenagear também, hoje, todos
pretenda estudar a sua historiografia no último terço de século. aqueles que trabalharam e que colaboraram com a Revista desde a sua fundação, evocando aqui os
Assim, considero da mais elementar justiça dar público testemunho do nomes dos antigos Directores Almirantes, Júlio Malheiro do Vale, António Rocha Calhorda, Joaquim
reconhecimento da Marinha à Revista da Armada, sua publicação oficial, Carvalho Afonso, Joaquim Félix António, José Manuel Pereira Germano, João Nobre de Carvalho, e
de que muitos se orgulham, pelo saliente contributo que tem dado ao lon- também os que comigo vêm trabalhando.
go da sua existência para a coesão, eficiência e prestigio da Marinha, pelo Mas ao percorrermos as vitrines desta exposição, espero que reconheçam naquelas páginas, os
que, nos termos do disposto no artigo 3º do Decreto n.º 49052, de 1 de valores, a identidade e a memória da Marinha, que sempre foram cultivados na nossa Revista e que
Junho de 1969, lhe concedo a Medalha Naval de Vasco da Gama.” constituem um justo orgulho da Marinha.”
20 AGOSTO 2006 U REVISTA DA ARMADA