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COMEMORAÇÕES DO 10 DE JUNHO
OPresidente da República presidiu disfarçável emoção. Foram muitos os antigos com- camaradagem e no patriotismo; no relaciona-
a 10 de Junho, em Castelo Bran- batentes e seus familiares que me fizeram chegar essa mento com as populações e na própria interac-
co, à Cerimónia Militar comemo- sua emoção e a alegria pela homenagem prestada. ção com o inimigo.
rativa do Dia de Portugal, de Camões e Este ano, recordamos os sacrifícios feitos, Não é um acaso a facilidade e o respeito mútuo
das Comunidades Portuguesas, na qual há meio século, pelos soldados portugueses com que a cooperação militar se faz com os países
africanos de língua oficial portuguesa.
participaram representações dos três
Ramos das Forças Armadas, com cer- Militares,
ca de 1500 militares. Na parada mili-
tar, formaram cerca de 900 militares, Associamos, uma vez mais, as For-
a 9 batalhões (2 deles de forças espe- ças Armadas às comemorações do Dia
ciais), comandados pelo MGEN José de Portugal. Na actual conjuntura, não
Manuel Serôdio Fernandes, actual podíamos deixar de dar um sinal de so-
Comandante da Academia da Força briedade e contenção. Contudo, a impor-
Aérea. tância da Instituição e as minhas respon-
Em actividades complementares e sabilidades como Comandante Supremo
no apoio geral à cerimónia estiveram impõem que se mantenham, com digni-
mais 600 militares. dade, as cerimónias militares relevantes
para o aprofundamento dos laços entre as
Na cerimónia, o Presidente Aníbal Forças Armadas e os Portugueses.
Cavaco Silva proferiu o seguinte dis- No campo externo, a acção das Forças
curso: Armadas no Afeganistão tem vindo a ser
Comemoramos este ano o Dia de enquadrada pela mudança da estratégia
Portugal, de Camões e das Comunida- O Presidente da República discursando na cerimónia da NATO, tendo em vista promover uma
des Portuguesas numa cidade que, desde militar. transição gradual das responsabilidades
o século XIII, assumiu um papel estra- de segurança e de governo para as forças
tégico relevante na defesa do território e autoridades daquele país.
nacional.
Daqui decorre a alteração, já veri-
O Castelo e as muralhas que nos contem- que perderam a vida ou foram feitos prisionei- ficada, da participação portuguesa, e a
plam, tal como o bem preservado patrimó- ros na Índia e aqueles que na guerra em África substituição das nossas unidades de combate
por equipas de assessoria e treino das forças
nio histórico, em que se integram as antigas deram exemplo de heroísmo e bravura.
As divergências na análise dos fundamen- afegãs.
instalações do Exército aqui existentes, são No Líbano e no Kosovo, a situação tem-se
mantido estável.
testemunho desse papel e monumentos de tos de qualquer conflito, que sempre existem,
reconhecimento e homenagem aos militares, não podem contundir com a admiração que Já este ano, a força da NATO no Kosovo
seus naturais, que tão relevantes serviços têm nos merece quem tudo arrisca em prol da sua
promoveu uma redução de efectivos
prestado ao País.
em 50 por cento. Portugal manteve
Uma cidade cuja longa história
a sua missão, embora tenha reduzi-
passa pela guerra da Restauração
do significativamente o seu Bata-
e, mais tarde, pela primeira invasão
lhão, que integra agora uma compa-
francesa. Nesta primeira invasão, e
nhia do Exército húngaro.
porque descurámos na paz a prepa- No Líbano, os nossos militares
ração para a guerra, pereceram mais
de 200 mil portugueses. Quase a dé- garantem condições de protecção
cima parte da população do País. às forças das Nações Unidas e
Na ausência de uma direcção trabalham em prol do desenvolvi-
política, foi do Povo que emergiu a mento das populações martirizadas
resistência, colocando a sua espada pela guerra.
ao serviço da Nação e dos seus al- Na Somália, apoiamos a for-
tos valores. Essa vontade patriótica Bloco dos Estandartes Nacionais. mação e treino das forças locais
permitiu gerar e organizar uma e projectámos forças aero-navais
força militar capaz de unir esforços para emprego numa extensa área
com os ingleses para libertar Portu- de operações, tendo em vista a se-
gal do exército napoleónico. gurança da navegação e o combate
Castelo Branco foi, então, terra de homens que comunidade. Devemos o nosso mais profundo às acções de pirataria sobre os transportes e
souberam resistir e fizeram sentir o brado de alma respeito a todos os veteranos que combateram as linhas de abastecimento marítimo.
As Forças Armadas Portuguesas continuam,
contra a ocupação e a violência. com honra em nome de Portugal.
Portugal não pode esquecer aqueles que de resto, a ter um desempenho exemplar no
Portugueses, estrangeiro. A coragem, o profissionalismo e
morreram em seu nome.
As comemorações do ano passado integraram Reconhece-se no nosso combatente em a disciplina dos nossos militares, materializados
uma devida homenagem aos veteranos de guerra. África a força e o carácter do soldado portu- nos excelentes resultados obtidos nos Teatros de
Foi um serviço prestado à reconciliação nacional, guês. Foi forte e guerreiro, humano e solidário. Operações, têm sido amplamente reconhecidos.
que já tardava. Um preito de justiça e reconhecimen- Teve dúvidas e medos, como todos os solda- Internamente, para além do seu compro-
to para com os antigos combatentes, que desfilaram dos. Alguns terão passado limites, como acon- misso de defesa de Portugal e dos Portugue-
pela primeira vez na Cerimónia do Dia de Portugal. tece, tragicamente, em todas as guerras. Mas ses, as Forças Armadas desempenham um
Foi um momento de grande dignidade e de in- foi um soldado de excepção na disciplina, na papel essencial na salvaguarda do território e
5REVISTA DA ARMADA • JULHO 2011