Page 35 - Revista da Armada
P. 35
Navios Hidrográficos
12. O Navio Hidrográfico Ibo
Era uma antiga canhoneira da classe “Beira” construída no com a canhoneira “Beira,” atacou um submarino alemão que sur-
Arsenal da Marinha em Lisboa, lançada à água em 1910 e em gira à entrada do porto.
15 de Fevereiro de 1913 aumentada ao Efetivo dos Navios da
Armada. Em abril de 1918 a canhoneira “Ibo” foi transferida para os Aço-
res onde, em 20 de outubro, junto à Ponta do Arnel, na Ilha de São
Possuía as seguintes características: Miguel, recolheu 12 náufragos do caça-minas “Augusto Castilho”
Deslocamento máximo............................................... 492 toneladas que seis dias antes tinha entrado em combate contra um submarino
Comprimento (fora a fora)........................................ 44,80 metros alemão. Regressou em janeiro de 1919 a águas do Continente e a 30
Boca............................................................................... 8,30 “ desse mês efetuou tiros de intimidação frente a Vila Praia de Âncora,
Calado........................................................................... 2,10 “ por ocasião da vigência da “Monarquia do Norte”. De outubro de
Velocidade.................................................................... 13 nós 1924 a junho do ano seguinte, integrada na Divisão Naval Colonial,
Dispunha de duas máquinas de
tríplice expansão com a potência de realizou o périplo de África. De regis-
700 cavalos e duas caldeiras cilíndri- tar igualmente, em março de 1931, a
cas Yarrow, utilizando o carvão como sua participação na chamada “Revol-
combustível. Estava armada com ta da Madeira”, em apoio a ações de
duas peças Armstrong de 75 mm, desembarque.
duas de 47 mm e duas metralhado-
ras Nordenfelt. Foi classificada como navio hidro-
A sua lotação inicial era de 59 ho- gráfico em 1943 e, até 1949, passou a
mens (4 oficiais, 6 sargentos e 49 estar ao serviço da Brigada Hidrográ-
praças). fica Independente, tendo participado
Enquanto canhoneira, de salientar que o navio, a partir de no- em trabalhos hidrográficos por toda a
vembro de 1914, esteve em missão de soberania na costa ocidental costa ocidental portuguesa, sendo de
africana, especialmente em Cabo Verde, na defesa do Porto Grande destacar, em 1949, os realizados em Alhandra e a jusante da ponte
de São Vicente, tendo-se encontrado em várias situações de confli- de Vila Franca de Xira, ainda em construção.
to como foi o caso quando, em 4 de dezembro de 1916, juntamente Em 20 de fevereiro de 1953 foi abatido o navio hidrográfico “Ibo”,
que deu uma importante contribuição para a hidrografia das águas
do continente português.
13. O Navio Hidrográfico D. João de Castro
Foi o primeiro navio construído no Arsenal do Alfeite, tendo a as ilhas de S. Miguel e Terceira, à qual veio a ser dado o nome de
cerimónia de colocação simbólica do primeiro rebite sido efetua- Banco D. João de Castro. Tratava-se de uma lendária ilha com cer-
da no dia da inauguração do novo estaleiro, a 3 de maio de 1939. ca de cinco quilómetros de diâmetro, de configuração circular, que
resultou de um sismo ocorrido nos finais de 1720 e que, devido à
Propositadamente construído para ser utilizado na hidrografia,
foi equipado com sondado- erosão, foi dada entretanto
res acústicos e outro material como desaparecida.
necessário à realização de le-
vantamentos hidrográficos, A partir de julho de 1945,
dispondo inclusive de con- ocasião em que foi criada a
dições para transportar um Missão Hidrográfica de Cabo
hidroavião, o que nunca se Verde, o navio deu apoio ao
chegou a verificar. levantamento hidrográfico
realizado na área das ilhas de
Aumentado ao Efetivo dos Santo Antão, S. Vicente, San-
Navios da Armada em feve- ta Luzia, Boavista e Santiago.
reiro de 1941, possuía as se-
guintes características: Em 2 de outubro de 1947,
encalhou nas costas da ilha de
Deslocamento máximo.............................................1.309 toneladas Santo Antão. No dia seguinte, o “Diário Popular” relatava a pro-
Comprimento (fora a fora)............................................ 66,5 metros pósito do acidente: O desastre verificou-se quando o navio procedia a
Boca................................................................................... 9,88 metros trabalhos da sua especialidade, que na generalidade são muito arriscados.
Calado máximo............................................................... 2,80 metros (...) Tudo leva a crer que o “D. João de Castro”, dada a má situação em que
Velocidade.............................................................................. 13,5 nós ficou, só com muita felicidade se salvaria. Novas informações recebidas no
Era propulsionado por duas máquinas com a potência de 1.400 Ministério da Marinha levam à conclusão de que, infelizmente, o navio-
cavalos e a sua primeira guarnição constituída por 66 homens. -motor “D. João de Castro” se encontra perdido, estando a proceder-se ao
Inicialmente ao serviço da Missão Hidrográfica das Ilhas Ad- maior número possível de salvados a bordo. Às 14.15 largou do Tejo, com
jacentes, efetuou os levantamentos hidrográficos das baías de destino às águas de Cabo Verde, o contratorpedeiro “Vouga”, que segue
Angra do Heroísmo e do Faial, que deram origem ao Plano Hi- para o local a fim de prestar a necessária assistência. Confirma-se que não
drográfico à escala 1/7.500, a sondagem na área da ilha Gracio- há desastres pessoais (...) .
sa e a sinalização da costa da ilha Terceira e do Faial, incluindo Efetivamente, após várias tentativas de desencalhe que se reve-
o porto da Horta. laram infrutíferas, o NH João de Castro foi dado como irrecuperável,
Foi precisamente com o apoio do NH D. João de Castro que se tor- pelo que, em 18 de outubro de 1947, foi abatido.
nou possível a localização de uma plataforma rochosa, com uma Colaboração do INSTITUTO HIDROGRÁFICO
profundidade mínima de 14 m, em 38º 13,5’ N e 26º 38,6’ W, entre