Page 35 - Revista da Armada

Navios Hidrográficos

23. O DRAGA-MINAS S.JORGE

O S. Jorge era um draga-minas oceânico, construído em Washington, em que as atenções passaram a centrar-se na reinstalação do Instituto e
tendo servido a Marinha dos E.U.A. com a designação USS MSO 478, em garantir a continuidade de alguns serviços considerados essenciais,
até ser cedido a Portugal ao abrigo do Acordo de Defesa e Assistência como a publicação de cartas náuticas e a edição dos grupos de avisos aos
Mútuas entre os dois países. navegantes. Em consequência do ocorrido, apenas em 1970 foi possível o
S. Jorge dar apoio à campanha oceanográfica “Internacional 70”.
Em 1 de junho de 1955 foi aumentado ao Efetivo dos Navios da Ar-
mada, ostentando na amurada a inscrição “M415”. Largou de Seattle a Em 1970, participou nas campanhas oceanográficas para apoio às pes-
5 de setembro daquele ano, atravessou o canal da Panamá e demandou cas do Continente (CAPEC), as quais prosseguiram até 1974, numa se-
o porto de Lisboa em 30 de novembro.
gunda fase a bordo do N.R.P. Almeida
Dispunha de uma peça “Bofors” de 40 Carvalho. A missão destinou-se a reco-
mm e, enquanto draga-minas, partici- lher informação física, química e bio-
pou em diversos exercícios navais e vi- lógica junto à costa do Continente, de
sitado vários portos de países europeus forma sistemática e em regime sazonal,
como Harwich, Brest e Toulon. incluindo dados relativos à salinidade
e temperatura, colheita de amostras de
A atribuição da denominação S. Jorge plâncton e outros elementos biológicos.
ao referido draga-minas foi feita em alu- Em dezembro desse ano seguiu para os
são à ilha açoriana com o mesmo nome, Açores, com escala no Funchal, tendo
o qual evoca o célebre soldado romano, regressado alguns dias depois à Base Naval de Lisboa. Durante o curto
ao tempo do Imperador Diocleciano, que foi feito mártir e cujo culto período de permanência no Arquipélago da Madeira, foram efetuados
foi introduzido em Portugal pelos cruzados ingleses, tendo mais tarde estudos às cagarras nas Ilhas Desertas, uma espécie protegida de aves
vindo a substituir Sant’Iago no campo de batalha entre as hostes por- marinhas que possuem ali o seu habitat.
tuguesas. No ano seguinte, deu apoio aos estudos sismológicos na zona do ca-
nhão da Nazaré, operação considerada arriscada atendendo ao facto de
O navio apresentava as seguintes características: que os mesmos incluíam o rebentamento de cargas explosivas, controla-
Deslocamento máximo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 780 toneladas do de bordo, cujos impactes faziam-se sentir fortemente no navio. O pros-
Comprimento (fora a fora) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52,72 metros seguimento destes estudos estava previsto para outubro de 1971 mas,
Boca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . 10,62 “ devido às deficientes condições do navio, os mesmos foram suspensos,
Calado máximo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3,81 “ tendo prosseguido no ano seguinte com o N.R.P Almeida Carvalho.
Velocidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 nós Em 10 de novembro de 1971, regressou à Base Naval de Lisboa, tendo
Propulsionada por dois motores Diesel com a potência de 800 cavalos terminado a sua dependência do Instituto Hidrográfico. Em setembro do
cada, a sua guarnição era composta de 69 homens (5 oficiais, 6 sargentos ano seguinte foi atribuído ao Agrupamento nº. 1 de Draga-Minas, do qual
e 58 praças). também faziam parte os draga-minas Pico, Graciosa e Corvo, todos da clas-
A partir de abril de 1967 ficou na dependência técnica do Instituto Hi- se S. Jorge. Em 30 de junho de 1973 passou ao estado de desarmamento
drográfico, tendo sido adaptado para o desempenho da sua nova missão e em 20 de abril de 1974 foi o draga-minas S. Jorge, que de abril de 1967
com a instalação de dois laboratórios e a adaptação das condições de alo- a novembro de 1971 na dependência do Instituto Hidrográfico efetuou
jamento a fim de poderem embarcar pessoal de investigação. Iniciou em trabalhos de oceanografia, abatido ao Efetivo dos Navios da Armada.
junho uma série de comissões nos Açores em trabalhos de oceanografia,
que se repetiram nos anos seguintes. Colaboração do INSTITUTO HIDROGRÁFICO
Entretanto, em 18 de fevereiro de 1969, um violento incêndio destruiu
por completo as instalações do Instituto Hidrográfico, na rua do Arsenal.
Este acidente perturbou de alguma forma atividade de navio na medida

24. A LANCHA HIDROGRÁFICA MIRA

A Mira era uma antiga lancha torpedeira, adquirida por Portu- Propulsionada por dois motores Diesel, a sua guarnição era de 6
gal em 1961 e rebatizada com o nome Arrábida. Prestou serviço na homens (1 oficial e 5 praças).
Missão Hidrográfica do Continente
e Ilhas Adjacentes juntamente com o Entre os trabalhos em que partici-
N.H. João de Lisboa. Adaptada a lancha pou na costa continental portuguesa,
hidrográfica, veio a ser aumentada ao destaca-se o apoio às atividades de
Efetivo dos Navios da Armada em 1 hidrografia e oceanografia no estuá-
de novembro de 1968, ostentando na rio do rio Tejo e na área entre a Fi-
amurada a inscrição “A 5200”. gueira da Foz e Sines, que incluíram
a obtenção de valores de correntes,
A atribuição da denominação Mira colheitas de amostras de água, segui-
à referida lancha foi feita em alusão mento de drogues e o apoio aos es-
ao rio Mira que nasce na Serra do tudos preliminares para a edificação
Caldeirão e vai desaguar ao Oceano de uma estação nuclear em Peniche.
Atlântico, junto à Vila Nova de Mil-
fontes. Em 20 de maio de 1981, a Mira pas-
sou ao estado de desarmamento, tendo sido abatida ao Efetivo os
A lancha apresentava as seguintes características: Navios da Armada em 16 de dezembro de 1983.
Deslocamento máximo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 toneladas
Comprimento (fora afora) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19,2 metros Colaboração do INSTITUTO HIDROGRÁFICO
Boca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4,6 “
Calado máximo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1,2 “
Velocidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 nós