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O Arpão no SNMG2
CONCLUSÃO
No último artigo – PARTE 2 – havíamos fi- pida (NRF) da NATO para 2013, permitindo a
cado com o Arpão em trânsito para Car- integração e o treino da interoperabilidade dos mostra de profissionalismo, pela determinação
tagena, após ter terminado a 2ª patrulha diferentes meios participantes. e pelo espírito do NRP Arpão. A sua atitude
integrada na OAE, a qual a NATO designa por sempre vigilante contribuiu bastante para com-
SURGE, dada a sua natureza anti-terrorista. Na A participação do submarino Arpão nesta mis- pilação do panorama marítimo e para esta im-
manhã de 29 de Outubro chegámos a Cartage- são teve a duração de 71 dias, dos quais 31 foram portante operação da NATO.
na, após um trânsito sem problemas tendo sido em patrulha nas áreas de operações da OAE, com
recebidos por toda a estrutura de Coman- uma taxa de navegação total cerca de 83%. Além disso, o seu desempenho no exercício
do da nossa Esquadrilha “irmã”. Noble Mariner 2012 foi digno de nota e con-
Das tarefas efetuadas pelo submarino portu-
Cartagena é uma cidade desconhecida guês destacam-se as seguintes actividades: tribuiu significativamente para o sucesso
para a maior parte do pessoal da nossa deste complexo exercício. Apreciei es-
Marinha, no entanto para a comunidade Recolha de dados pecialmente as contribuições inteligen-
submarinista é uma cidade não só conhe- Contribuição para a compilação do panorama tes e francas durante e após o exercício.
cida como muito importante. Durante 3 marítimo em áreas sensíveis Essas contribuições terão um impacto na
décadas Cartagena representou um local Controlo do tráfego marítimo no Mediterrâneo melhoria futura dos exercícios da NATO.
de encontro entre as duas Esquadrilhas Ibé- Apoiar as operações do SNMG2
ricas, tantos eram os aspectos em comum O resultado desta missão foi bastante positivo, Os meus sinceros agradecimentos pelo
da vida de ambas as comunidades de sub- tendo a participação do Arpão sido bastante elo- profissionalismo, dedicação e devoção à
marinistas, centrada numa plataforma co- giada pelas entidades da NATO, tanto referentes missão durante a integração do NRP Ar-
mum, os submarinos da classe “Daphné”. à sua participação no exercício NOMR 12, quer pão. A sua contribuição para a NATO e
Os 3 dias passados em porto ofereceram pelas capacidades demonstradas na OAE. para a guerra global contra o terrorismo
muitas oportunidades de interacção entre Reflexo disso foi a carta elogiosa enviada pelo foi louvável.”
as guarnições do Arpão e do “host ship”, Comandante da Força de Submarinos NATO
o “Tramontana”. Foi possível ficar com para o Mediterrâneo, CALM Roegge, da US De igual forma o CALM Kheeler, da GE
uma primeira impressão da forma como Navy, o qual havia detido o OPCON do submari- Navy, Comandante do SNMG2 enviou as
se encontra o desenvolvimento dos futuros no durante o período da integração: melhores referências do Arpão, salientan-
submarinos espanhóis, designados “S80”. “Quero aproveitar esta oportunidade para do as suas capacidades enquanto platafor-
A Marinha de Espanha aponta para um elogiar o sucesso da participação do NRP “Ar- ma e igualmente a relevante capacidade
submarino com um desenho nacional, ba- pão” e pelo seu apoio à NATO e na guerra de adaptação dos submarinistas a novas
seado na classe Scorpene, mas com carac- contra o terrorismo. Fiquei impressionado pela realidades indicando que a missão havia
terísticas semelhantes ao nosso “209PN”, sido cumprida com elevado mérito.
estando atualmente projetadas 4 unidades.
Assim, foi de uma forma emotiva que lar- Finalmente chegou o dia de chegada
gámos no final da tarde dia 1 de novem- a Lisboa a 6 de novembro. De facto não
bro deste relevante porto, o qual constitui nos sentíamos a chegar de uma missão de
um excelente ponto de apoio naval para 2 meses e meio, mas sim recordávamos
os nossos submarinos quando em missão que havíamos saído de Lisboa no dia 7 de
nesta área do Mediterrâneo e para a ma- março para realizar o PTO da Álvares Ca-
nutenção de uma longa relação bilateral bral, provas de calibração ao sonar IDRS,
efetiva com nossos “irmãos” espanhóis. “Instrex 12”, trânsito para Kiel, docagem
O trânsito entre Cartagena e Lisboa fez-se de garantia no estaleiro construtor – a qual
sem sobressaltos, tendo o Arpão realizado durou 4 meses e meio, o trânsito para Lis-
a sua primeira passagem em imersão, no boa e apenas após uma semana de prepa-
sentido Leste-Oeste do Estreito de Gibraltar. ração na BNL, a integração no SNMG2
o que totaliza praticamente 8 meses de
O regresso a Lisboa deu-se na tarde do dia 6 missão contínua com 14 dias de paragem
de novembro, após ter largado da Base Naval de em Lisboa. Foi com base neste registo e
Lisboa em 28 de agosto e ter integrado, pela pri- com o consequente estado de espírito que
meira vez na história dos submarinos portugueses, recebemos a bordo o Ministro da Defesa Nacio-
a Força Naval Permanente da NATO (SNMG2). nal, Dr. José Pedro Aguiar-Branco, acompanhado
Em termos de resumo da missão realizada pode- pelo Chefe do Estado-Maior General das Forças
mos afirmar que a integração concretizou-se no Armadas, General Luís Evangelista Esteves de
período de 4 de setembro e 27 de outubro, onde Araújo e pelo Chefe do Estado-Maior da Armada,
efectuou duas patrulhas no âmbito da Operação Almirante José Saldanha Lopes.
“Active Endeavour” (OAE) e participou no exercí- O embarque das altas entidades realizou-se
cio “Noble Mariner 12” (NOMR12). como previsto na Baía de Cascais tendo sido
oferecido um almoço no Posto a vante durante
A OAE é a única operação militar no âmbito o trânsito à superfície para a BNL, tendo con-
do artigo 5º do Tratado da Aliança Atlântica, ten- tado com a participação de representantes da
do como objectivo principal combater todas as guarnição e onde se trocaram impressões so-
atividades que podem sob qualquer forma con- bre os mais diversos aspectos que revestiram o
tribuir para o aparecimento, desenvolvimento e cumprimento da missão do Arpão.
concretização de actividades de natureza terro- Foi desta forma que às 1600 horas o Arpão atra-
rista em ambiente marítimo no Mediterrâneo. cou no cais 6 sul da Base Naval de Lisboa com o
sentimento do dever cumprido, após termos na-
O exercício NOMR 12 teve como objectivo vegado aproximadamente 1500 horas, 1480 das
principal a certificação da Força de Reacção Rá- quais em imersão e percorrido 6670 milhas.
Colaboração do COMANDO DO NRP ARPÃO
REVISTA DA ARMADA • JANEIRO 2013 7