Page 35 - Revista da Armada
P. 35
Navios Hidrográficos
30. NAVIO HIDROGRÁFICO D. CARLOS I
Construído nos Estados Unidos, em Seattle, pela Tacoma de missão e de diversos equipamentos de carga orgânicos,
Boat Company, o USNS Audacious foi lançado à água em 30 como os guinchos, pórticos e gruas.
de janeiro de 1989. Como navio de vigilância anti-subma- Prevê-se a instalação de um Sistema de Posicionamento
Dinâmico (SPD), que se destina a manter o navio numa po-
rina, a sua missão, enquanto esteve ao serviço da USNavy, sição fixa quaisquer que sejam as condições meteorológicas
a que esteja submetido e que permitirá, nomeadamente,
consistiu na recolha e transmissão de informação acústica, operar com o ROV (Remotely Operated Vehicle) a grandes
profundidades.
utilizando um sistema com sensores passivos rebocados
designado Surveillance Towed Array System. Está também prevista, a muito breve prazo, a instalação
de uma grua de grande porte, que permitirá ao navio mani-
Desativado em 1995 e transferido para a Marinha Portu- pular equipamentos e embarcações até cerca de 6 toneladas,
guesa em dezembro de 1996, passou ao estado de arma- aumentando assim a
mento com o nome D. Carlos I, em 28 de fevereiro de 1997. sua capacidade hidro-
gráfica.
A sua denominação constitui uma homenagem ao Rei
Todas as disponibili-
D. Carlos I, monarca dades instaladas fazem
do N.H. D. Carlos I uma
de Portugal de 1889 a plataforma aberta para
a investigação cientí-
1908, proeminente in- fica, permitindo a uti-
lização, de forma inte-
vestigador e homem grada, dos equipamen-
tos state of the art e das
de ciência ligado ao tecnologias ao serviço
da Marinha e da comu-
Mar. Sob o seu impul- nidade científica nacio-
nal e internacional.
so e orientação foram Neste domínio, salientam-se a execução de campanhas
oceanográficas para o estudo da caracterização da dinâmi-
lançadas as bases da ca dos canhões submarinos, do qual se destaca o canhão
da Nazaré, a realização de levantamentos geofísicos para
moderna oceanografia caracterização do fundo e subsolo marinho, a execução de
recolha de amostras para o Instituto Português do Mar e da
portuguesa, sendo a Atmosfera e a execução de apoio ambiental no âmbito do
apoio às operações navais.
sua ação reconhecida A realização de levantamentos hidrográficos, com recur-
so ao SMF, em apoio à Estrutura de Missão para a Exten-
mundialmente pelos são da Plataforma Continental, merece especial relevância
dado tratar-se de um projeto de elevado interesse nacional
estudos oceanográficos e que tem como objetivo principal a extensão da platafor-
ma continental para além das 200 milhas, no quadro da
e da fauna marítima Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.
Assim, o N.H. D. Carlos I assegura, no âmbito das mis-
que realizou. sões específicas da Marinha, atividades relacionadas com
as ciências e tecnologias do mar tendo em vista a sua apli-
Após a sua chegada a cação na área militar, contribuindo também para o de-
senvolvimento do País nas áreas científica e de defesa do
Portugal, foi adaptado no Arsenal do Alfeite às funções de ambiente marinho nos domínios da hidrografia, da carto-
grafia náutica, da segurança da navegação, da oceanogra-
navio hidrográfico e oceanográfico. fia física, da geologia marinha e da oceanografia química.
O navio constitui-se ainda como um instrumento de enor-
O navio ostenta na amurada a inscrição A 522 e tem as se- me potencial para a cooperação internacional, seja a nível
europeu, seja com os Países Africanos de Língua Oficial
guintes características gerais: Portuguesa.
Deslocamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.262 toneladas Colaboração do INSTITUTO HIDROGRÁFICO
Comprimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68,3 metros
Boca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13,1 “
Calado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5,6 “
Velocidade máxima . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 nós
Autonomia . . . . . . . . . . . . 5.700 milhas a 10 “
É propulsionado por 2 motores General Electric de 1.600
cavalos, sendo a energia fornecida através de 4 geradores
Caterpillar D 398B. A sua guarnição é de 34 elementos (6
oficiais, 7 sargentos e 21 praças). Dispõe de capacidade de
alojamento para mais 14 pessoas.
Em 2001 e 2011 foi sujeito a duas modernizações, trans-
formando-o num moderno navio hidrográfico, dotado de
equipamentos e sistemas destinados a corresponder, em
atividades de investigação e desenvolvimento (I&D), nos
domínios da hidrologia dinâmica costeira e oceânica, dos
ecossistemas, da acústica submarina e dos processos de
transporte e sedimentação na margem continental.
Desses sistemas e equipamentos destacam-se o Sistema
Sondador Multifeixe (SMF), que permite a realização de le-
vantamentos hidrográficos, de elevada definição, até pro-
fundidades de 12.000 metros, e os perfiladores acústicos de
correntes.Tem possibilidade de operar equipamentos aces-
sórios e autónomos, como sejam os colhedores de amostras
de sedimentos, o sonar lateral, as sondas multiparâmetro e
as amarrações de correntómetros, entre outros. Dispõe ain-
da de duas áreas laboratoriais adaptáveis consoante o tipo