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REVISTA DA ARMADA | 495
BOLD ALLIGATOR
Decorreu entre os dias 29 de outubro e 10 de novembro de DE REGRESSO AOS NAVIOS
2014, na Costa Leste dos Estados Unidos, o Exercício Bold
Alligator. Responderam ao convite endereçado pelo Comandan- Os anos que se seguiram ao 11 de Setembro foram caracte-
te da US Fleet Forces 18 países. Portugal esteve presente atra- rizados por grandes contingentes de forças americanas no Afe-
vés dos 3 militares da StrikeForNATO no staff do Coalition For- ganistão e no Iraque, onde naturalmente se incluíram Marines.
ces Maritime Component Command, e do seu representante no Este esforço para a consolidação destas campanhas levou ao
Combined Joint Operations from the Sea Centre of Excellence, adormecimento do treino anfíbio dos Marines, afinal de contas
que foi o coordenador das equipas de observação para as for- a razão da sua existência. A presença da Second Marine Expe-
ças de coligação. ditionary Brigade a bordo é um regresso ao passado, mas com
a projeção no futuro.
Os exercícios da série “Bold Alligator” têm como principal obje-
tivo a revitalização do conhecimento sobre as operações anfíbias Os anos que os Marines estiveram envolvidos nestas opera-
através da validação da sua doutrina, demonstrando a capacida- ções somente “land oriented”, necessárias para manter e desen-
de e flexibilidade das forças navais, preparando os participantes volver as suas capacidades de combate, impediram que os co-
através do contacto com os requisitos dos Comandantes Opera- nhecimentos adquiridos e praticados ao longo de muitos anos de
cionais no espectro das operações militares. integração com a Marinha se consolidassem e desta forma vol-
taram a um ponto anterior de adaptação naval, com uma visível
O exercício decorreu nos planos real e virtual. O cenário pre- clivagem em relação aos seus parceiros NATO. A importância que
parado tinha uma natureza de resposta ao nível de coligação in- este regresso aos navios tem, pode ser avaliada pela visita feita
ternacional, desenhada para a melhoria das competências navais pelo General Comandante do US Marine Corps, Gen Joseph Dun-
e anfíbias. A Força Anfíbia Combinada projectou um “Fly-in Inte- ford, ao Navio Chefe, dirigindo-se à força de Marines embarcada
grated Command Element” (FICE) para rapidamente estabelecer e sublinhando este facto.
comando e controlo, a partir de uma posição avançada da força
tarefa e iniciar a colocação de unidades capazes do cumprimento INTEGRAÇÃO E INTEROPERABILIDADE
das missões atribuídas pelo Comandante Operacional, à medida
que estas se juntam na Área do Objetivo. A composição do FICE A presença de 19 nações fez deste o mais internacional dos Bold
era multifuncional com elementos das várias áreas de apoios de Alligator. As forças navais, que incluíram 3 navios não norte-ameri-
combate, e multinacional para a integração do conhecimento so- canos, e as forças terrestres, com presença de seis nações, criaram
bre a Força a concentrar. um desafio para os planeadores. A necessidade para treinar em
coligação é o requisito base para a legitimidade operacional inter-
O BA 14 foi planeado para atestar uma operação de respos- nacional. À medida que esta necessidade para operar como coliga-
ta a crise e a coordenação entre o Expeditionary Strike Group ção aumenta, a necessidade de interoperabilidade entre as forças
2 (ESG-2) e a Second Marine Expeditionary Brigade (2nd MEB), torna-se cada vez mais importante e alguns elementos passam a
bem como a integração dos staffs e de outras forças de coliga- ser facilitadores críticos no apoio às Operações Marítimas Combi-
ção, a fim de conduzir múltiplas operações num ambiente de nadas como a doutrina comum ou singularidade de CIS. Algumas
ameaça incerta.
12 ABRIL 2015