Page 16 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 495

  8. Identificação de vulnerabilidades;                              Concluindo, o ciberespaço é já hoje (e com capacidade ex-
  9. Criação de uma arquitetura global de defesa;                  ponencial para aumentar a sua importância) o sistema ner-
  10. Edificação da capacidade ofensiva;                           voso central dos Estados ocidentais, pelo que a cibersegu-
  11. Identificação de objetivos e capacidades a atingir (em ter-  rança é um requisito indispensável e fundamental para a
mos de defesa e ataque);                                           defesa do país. Da mesma forma que até agora temos vindo
  12. Criação/constituição de um comando para as operações cyber;  a defender todo o nosso território nacional, não permitindo
  13. Elaboração e desenvolvimento de planos de operações          ataques ou violações por terra, mar ou ar, teremos que a par-
(defesa e ataque).                                                 tir de agora, da mesma forma, defender o nosso “território
  Por tudo aquilo que é necessário criar, construir e de-          virtual” ou a nossa independência e sobrevivência como Es-
senvolver, as Forças Armadas serão sem dúvida a institui-          tado estará em risco.
ção que melhor preparada e organizada estará para assumir
esta tarefa.                                                         De acordo com a esmagadora maioria das leis fundamen-
  Outra questão também a incluir nesta nova realidade é o Di-      tais dos países ocidentais (no caso de Portugal, a Consti-
reito. Também à semelhança do que se passa na guerra dita          tuição da República) incumbe às Forças Armadas a defesa
convencional terão que existir leis, regras de conduta e regras    militar dos Estados, pelo que estas têm que estar prepara-
de empenhamento perfeitamente definidas e com a corres-            das para operar nos diferentes ambientes que possam ser
pondente cobertura legal. Haverá regras para aplicar em tem-       usados para a condução de um ataque. Dito de outra for-
po de paz e regras a seguir em tempo de guerra. Em 1982,           ma, as FFAA têm que estar preparadas para operar, para
em Montego Bay, na Jamaica, definiram-se as leis para o Mar,       defender e para atacar em qualquer dos 5 ambientes de
tendo sido assinada a Convenção das Nações Unidas sobre o          combate possíveis. A tendência natural será, pois, as FFAA
Direito do Mar. Não tardará a chegar o dia em que haverá ne-       começarem por ter capacidade de ciberdefesa das redes e
cessidade de definir e positivar o Direito do Ciberespaço. Uma     infraestruturas informáticas militares, depois que esten-
questão importante de abordar, analisar e discutir desde já        dam essa capacidade ao espaço virtual nacional e, por úl-
nesta área, é a legalidade e a legitimidade para atacar. Fala-se   timo, que construam a capacidade de ciberataque, passan-
sempre em ciberdefesa mas nunca em ciberataque. Poderá ha-         do a dispor desta valência para a condução de operações
ver legitimidade legal para executar um ataque deste tipo. Da      ofensivas. Quanto mais cedo iniciarmos o nosso processo
mesma forma que pode ser legítimo e legal o emprego de ar-         de adaptação a esta nova realidade e avançarmos decidida-
mas convencionais contra alvos predefinidos, também poderá         mente para a criação e implementação das disciplinas de ci-
acontecer um ataque informático perfeitamente definido, pla-       berdefesa e ciberataque, mais depressa atingiremos o end
neado e com total revelação da fonte de origem, legítimo e         state pretendido.
com a necessária cobertura legal. Este facto só vem acrescen-
tar a importância da Cyberwarfare e sublinhar a necessidade                                                                             Nicholson Lavrador
dos Estados se preparem para o futuro.                                                                                                                      CFR

                                                                                                                                                                 DR

16 ABRIL 2015
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