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SUMÁRIO
02 700 Anos da Marinha – Cerimónia de Encerramento OS VALORES E MÉRITOS Stratεgia 44
DOS FUZILEIROS 04
07 NRP Viana do Castelo. Frontex – Missão Lampedusa
09 Lusitano 17
18 Cerimónia Militar
22 Direito do Mar e Direito Marítimo (13) CENTENÁRIO DA GRANDE GUERRA
24 Academia de Marinha GUERRA SEM MAHAN
25 Notícias
28 Novas Histórias da Botica (66) 11 BALANÇO DAS Nota prévia: Como é do conhecimento geral, comemorou-se no mês passado o centenário do fim da Grande Guerra. Para assinalar
esse marco histórico, dedicam-se dois artigos à análise do impacto que os livros e as ideias do mais conhecido estrategista marítimo,
29 Estórias (37) ATIVIDADES 2017 – MARINHA Alfred Thayer Mahan, tiveram na deflagração e na condução da Grande Guerra.
30 Vigia da História (97) Cde Mahan funcionaram como agente
omo vimos no artigo anterior, as ideias
31 Desporto catalisador, ajudando a justificar políticas
que estavam em curso ou, pelo menos,
32 Saúde para Todos (51) na calha, designadamente algumas políti-
cas armamentistas que contribuíram para
33 Quarto de Folga espoletar a Grande Guerra. No entanto,
a partir do momento em que a guerra se
34 Notícias Pessoais / Convívios iniciou, o que se verificou é que nenhuma
das potências beligerantes seguiu a carti-
CC Símbolos Heráldicos lha mahanista da postura ofensiva no mar.
ATIVIDADES 2017 – AMN 20
Com efeito, tanto britânicos, como ale-
BALANÇO DAS
mães, optaram por assumir uma estratégia
naval de expetativa. Os alemães, em parti-
cular, levaram essa postura ao limite, man-
tendo a sua esquadra de superfície nas
bases navais, como uma verdadeira fleet
in being (esquadra em potência) – força
naval que evita o confronto mas, devido Batalha da Jutlândia
à sua presença e localização, consegue
influenciar os acontecimentos sem sair do americano, com os alemães a virarem-se foi partilhada por Tirpitz durante muito
porto, representando, portanto, o poder para a guerra submarina sem restrições, tempo. Porém, o afundamento dos três
naval implícito ou potencial. Cabe aqui cujo potencial ninguém, entre os aliados, cruzadores britânicos em 22 de setembro
referir que Mahan desvalorizava bastante havia antecipado. Cabe aqui referir que os de 1914 e outros sucessos pontuais viriam
a utilidade da esquadra em potência, o que Unterseeboots alemães, conhecidos como a alterar a opinião do Secretário de Estado
evidencia quão pouco a estratégia naval U-Boats, já tinham tido alguns sucessos alemão. Assim, em janeiro de 1915, Tir-
alemã durante a guerra se inspirou nele. antes da Jutlândia, nomeadamente em pitz percebeu finalmente (embora tarde
Neste quadro, o único momento verda- 22 de setembro de 1914, quando o obso- de mais…) as vantagens que os alemães
Capa deiramente mahanista na Grande Guerra leto U-9 afundou três velhos cruzadores teriam em encetar uma guerra de corso
Pelotão de Fuzileiros desfilando com o uniforme
da Brigada Real da Marinha. foi a batalha da Jutlândia (31 de maio e britânicos (The Hogue, Aboukir e Cressy), usando navios de superfície e, sobretudo,
Foto SMOR L Almeida de Carvalho 1 de junho de 1916), entre as esqua- matando cerca de 1460 marinheiros. Na submarinos, a fim de tentarem estrangu-
dras britânica e alemã. Ambos os lados altura, Mahan ainda estava vivo e desva- lar o esforço de guerra britânico. Todavia,
reclamaram a vitória, mas a maioria dos lorizou o acontecimento como se fosse os seus planos genéticos nunca tinham
Revista da
ARMADA analistas concede que, na globalidade, o uma exceção. “Não me impressionou apontado nesse sentido e os alemães
muito do ponto de vista militar” – escre-
resultado foi inconclusivo, significando
viam-se sem U-Boats em número sufi-
que o confronto ficou muito aquém de veu Mahan – “sempre defendi que a pro- ciente para a prossecução de uma eficaz
Publicação Oficial da Marinha Diretor Desenho Gráfico E-mail da Revista da Armada
Periodicidade mensal CALM EMQ João Leonardo Valente dos Santos ASS TEC DES Aida Cristina M.P. Faria revista.armada@marinha.pt ser a batalha decisiva, tão cara a Mahan. teção contra torpedos é uma questão guerra de corso contra a Grã-Bretanha.
Nº 525 / Ano XLVII Chefe de Redação ra.sec@marinha.pt E se até aí as marinhas britânica e alemã de patrulhamento e de vigilância – mas Isso acabou por levar o kaiser a demitir
Janeiro 2017 Administração, Redação e Publicidade tinham adotado uma postura nada maha- podem ocorrer lapsos. O tempo mostrará Tirpitz em março de 1916.
CMG Joaquim Manuel de S. Vaz Ferreira Revista da Armada – Edifício das Instalações Paginação eletrónica e produção
Redatora Centrais da Marinha – Rua do Arsenal Página Ímpar, Lda. nista, a partir da Jutlândia a estratégia se eu estou enganado”. Estava e bastante Em fevereiro de 1917 (i.e., após essa
1149-001 Lisboa – Portugal
Revista anotada na ERC 1TEN TSN -COM Ana Alexandra G. de Brito Telef: 21 159 32 54 Estrada de Benfica, 317 - 1 Fte naval de ambos os contendores, embora – não só quanto ao valor dos submarinos, demissão e, sobretudo, após a batalha da
1500-074 Lisboa
Depósito Legal nº 55737/92 Secretário de Redação se tenha alterado, continuou comple- como também quanto à guerra de corso. Jutlândia), o estado-maior alemão anun-
ISSN 0870-9343 SMOR L Mário Jorge Almeida de Carvalho Tiragem média mensal: 4000 exemplares
tamente fora dos cânones do almirante A aversão de Mahan pela guerra de corso ciou a guerra submarina sem restrições,
JANEIRO 2018 4 3 DEZEMBRO 2018