Page 223 - Revista da Armada
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que eram o mais altissonante S.O.S. uma vaga alterosa, silenciou o débil ronco de despedida
Subitamente, fora vencido, caíra, baqueado por um tremen- e levou ainda um cãozito, que amiude passeava pelo convés,
do golpe. em noites de luar, nas longas jornadas pelos mares do
Uma onda torcera-o, outra, qual ciclópica martelada, mundo.
abriu-lhe o bojo, por onde a água entrou furiosa, con- Quando o dia ropeu, o mar, mais calmo, parecia arrepen-
quistando-o. dido da façanha nocturna.
Houve um estampido, não um grito de morte, mas ainda Adornado, derrubado, com a expressão fria de todos os
uma reacção ... cadáveres, o agónico navio enfrentava as ondas com a
Por segundos, todo o barco espelhou na noite a altivez da inconsciente serenidade das coisas mortas.
sua geometria, rendendo-se após, engolfado pela escuri- Pelo areal, salpicado de destroços, vultos esfíngicos, apavo-
dão que também o quéria mortO. rados, os marinheiros do «Saban» olhavam o seu barco.
Exangue, em toada plangente, agónica, desesperada, todas Eram marinheiros, chamavam-lhe náufragos ...
as débeis forças se concentraram num sopro de sereia, J. Espinheira
súplica ou adeus, até aborrecer ou comover o mar. Por fim , 1.°-gr. F7
o êxito da empresa de Vasco da Gama - a descoberta do
EFEMÉRIDES NAVAIS caminho marítimo para a Índia.
RELATIVAS Em 19 de Julho de 1716, uma armada comandada pelo
AO MÊS DE JULHO conde de Rio Grande encontra os turcos ao largo de Ma-
tapão e, colaborando com 2 naus da Ordem de Malta e
Em 21 de Julho de 1337, uma esquadra portuguesa de I fragata veneziana, alcança uma grande .vitória sobre
30 galés, sob o comando do almirante Manuel Peçanha, eles.
trava combate com a esquadra castelhana, de 40 galés, do
comando do almirante Tenório. Em I de Julho de 1929, morre 'em Tokoshima, no Japão,
onde os seus restos mortais são incinerados segundo o
Em 10 de Julho de 1499, chega ao Tejo o navegador ritual budista, Wenceslau de Moraes, brilhante oficial da
Nicolau Coelho, podendo anunciar, em primeiro lugar. Armada e ilustre escritor prosador orientalista.
Perguntas ... , 3 - Diz-se que o navio adormece quando permanece
afocinhado ou adornado por acção do vento ou do
mar e em risco de perder a estabilidade.
Com Cocha 4 - O navio está adornado quando se encontra inclinado
transitóriamente para qualquer dos bordos, também
por acção do vento ou do mar ou por existência de
J - Acusar a voz é imputar-lhe qualquer falta?
maior peso' num dos bordos.
2 - E acusar um cabo é considerar que ele prevaricou?
5 - Aduchar-se significa acomodar-se, acostar-se, enco-
3 - Quando o navio adormece é porque tem sono?
lher-se num sítio, termo usado por comparação com
4 -:- E quando está adornado que enfeites usa? a acção de colher um cabo em voltas circulares,
5 - Aduchar-se é tomar banho de chuveiro?
sobrepostas sucess ivamen te.
6 - Afeiçoar o pano é fazer com que ele seja dedicado? 6 - Afeiçoar o pano consiste em ajeitá-lo à verga de
7 - Se se afoga o remo ele morre asfixiado?
maneira a que melhor receba o vento e assim pro-
8 - E se o navio se afoga, quem é que lhe acode?
duza bom rendimento.
9 - Quando o navio se afronta teme o seu adversário? 7 - Afogar o remo é mergulhar este demasiadamente
J O - Navio à garra vai agarrado? durante a remada; em gíria naval também é usada
esta . expressão para exprimir o cometimento de
Respostas ... , 8 - O navio afoga-se quando mete a proa muito na vaga.
uma falta disciplinar.
Descochadas 9 - Por sua vez, afrontar-se é suportar maios mares,
deixar-se afogar e enxovalhar pelos mares.
I - Acusar a voz é repetir a voz de comando que foi 10- A embarcação ou navio vai à garra quando, pelo
dada. facto de não ter unhado ou se ter desunhado a
2 - Acusar um cabo é alá-lo à medida que o mesmo fôr âncora ou partido a amarra, fica à mercê da corrente
folgando. ou do vento.
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