Page 391 - Revista da Armada
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MÉDICOS DA ARMADA NO SUL DE ANGOLA (2)




           o dr. Lapa e Faro







                  hamava-se João Cabral Pereira Lapa e Faro e   lados da fronteira Sul de Angola, um quartel militar
                  entrou como médico para a Armada Real em 1   com boas acomodações, bem como uma granja cheia
           C de Fevereiro de  1847. Foi nomeado cirurgião      de vegetais, frutas, hortaliças, e  o mais importante,
           extraordinário e colocado na úagata «Rainhall, onde   boas relações com a gente da região, os curocas.
           deve ter estado até 1850.                              Porém, -para aquele jovem médico, algo iria come-
              Em Fevereiro de 1851 foi nomeado cirurgião de se·   çar de novo. Ficou preso à imponência do deserto, à
           gunda classe do Quadro da Real Marinha de Guerra    paisagem  dum  mundo  diferente  que  assusta  mas
           Portuguesa. Embarcou para o Ultramar em 1852, no    atraí e  convida à  aventura, a  desvendar o desconhe-
           brigue "Serra do PilanJ, a fim de prestar serviço.na Es-  cido.
           tação Naval de Angola(').                              Por  outro  lado,  colonos  foragidos  ao  nativismo
              Quase dois anos depois de ter chegado a Luanda,   brasileiro em 1849 e 1850, tinham vindo da outra ban-
           fez parte, com o segundo-tenente Carlos Frederico de   da do Atlântico fundar a colÓnia de Moçâmedes. Este
           Almeida Afonso. do grupo do major Marcelino Ant6-   novo agregado populacional do Sul teve logo de inicio
           nío Norberto Rudzki, encarregado de fundar um esta·   à  sua frente  homens  de vulto,  quer como colonos,
           belecimento militar no Finda. que ficava na margem   quer como governantes, e até Q1esmo como deporta-
           I esquerda do rio Curoca, junto à  foz.  Este estabeleci-  dos pOlíticos que naquela altura por ali passaram.
           mento  antecedeu  a  fundação  de  Porto  Alexandre,   Além do natural feitiço negro, aquelas devem ter
           que somente vai ter lugar em 1860(~).               sido algumas das razões que teriam atraído este mé-
              O  grupo de Rudzki chegou à  baía do Finda no já   dico para aquela terra, que tomou sua para sempre.
           mencionado brigue de guerra IlSerra do Pilau, acom-    Uma vez regressado do Pinda a  Luanda, Lapa e
           panhado do brigue-escuna IITrindade», em 6 de De-   Faro não descansou enquanto não foi prestar serviço
           zembrode 1854(3).                                   no quadro de saúde daquela ex-provincia portugue-
              Os trabalhos para a escolha do local e construção   sa, tendo, depois, sido colocado na recém-criada vila
           das novas instalações militares duraram oito meses,   de MoçAmedes, para onde foi em principias de 1857.
           tendo  sido  dadas  como  concluídas  em  Agosto  de   Em 1858, Lapa e Faro fez  publicar um trabalho a
           1855, data em que os mesmos três oficiais regressa-  que chamou uBreve Noticia Sobre Moçâmedesll. Nes-
           ram a Luanda.                                       te trabalho o autor dá-nos uma visão clara da forma
              Rudzki e  a  sua equipa deixavam assim, para os   como e onde estavam a funcionar os Serviços de Sau-

                     Quartel militar no porto Pinda. I
                                                          QUAATEL  MILITAr.  1'0  PORTO  I'IftOA
                                                                        (YiJl. ao m.r )
























              (')  Elementos colhidos no Arquivo da
           Marinha.
              C') Moreira  (Cecilia),  .. Entra Dunas til o
           Man, ediçôesSPAL,p. 15, Luanda.
              (') Delgado (Ralph),  .-Ao Sul do Quan-
           uu.pp.364a366.

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