Page 213 - Revista da Armada
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ta, mas não faças aquilo que eu fiz. porque pode ser Súbito, fuzila o primeiro raio e quase simultanea-
mal interpretado. II mente estala o trovão, repetido por mil ecas, naquela
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•• paisagem de montes e colinas. Aragens que sopra-
vam brandamente transformaram-se em vento, o
Foi durante a estadia naquela cidade que presen-
vento mudou-se em furacão; tudo isto em segundos.
ciei um dos espectáculos mais prodigiosos da minha
A chuva converte-se em dilúvio e o céu, agora, é ne-
vida, um tornado, mas que se revestiu de caracteristi-
gro, pano de fundo onde se desenham formidáveis
cas invulgares, mesmo na opinião dos restantes in-
descargas eléctricas que cegam e assombram. Os na-
gleses com quem falei.
vios garram, arrastando os ferros pelo leito do rio.
Eu estava em terra, tomando o chá das cinco no
Nas margens, as árvores torcem-se, voamos telhados
Clube Militar, bela residência situada num alto que
das casas. A trovoada junta o seu ribombar ao rugido
dominava extensa paisagem. Ao entardecer o calor
da tempestade.
tomara a atmosfera quase irrespirável, não correndo
Não sei quanto tempo durou aquela natureza em
o menor sopro de ar; sentia-se uma sensaçãoindefini-
fúria; minutos, meia hora?
da de qualquer coisa que estava para acontecer. Os
Muito não foi, mas jamais se desvaneceu da mi-
próprios animais moviam-se inquietos. Para as ban-
nha memória, aquele céu esbraseado, como se fosse
das do Oriente surgira uma pequena nuvem cor de
chumbo, iluminada por relâmpagos invisiveis. Cami- cobre aquecido ao rubro I
nhava depressa e quando o Sol mergulhou no hori- José Mexia Salems,
v/alm.
zonte já ela invadira todo o firmamento. Mas não ha-
via noite, porque as faiscas entrecruzando-se de to- N . do A. - Na realidade, na Ordenança do Serviço Naval, nlo
das as direcções iluminavam continuadamente, sem constava qualquer toque com aquela degjgnaçAo. Havia, sim, ode
impedido., mascomo nonnalmente s6 se utilizava para aqueJe 0b-
qualquer interrupção, aquela massa opaca; mas não
jectivo, era conhecido por toqUe de impedidos à água. E, pejo mit-
se ouviam trovões. A abóbada era um céu de fogo O!», II ideia que me /icou depois de pBl'J$ltdo tanto tempo.
acobreado, espantoso, irreal. Parecia um incêndio Talvez quea/guám dessa época poIISlt dizerqua/quercoisa so-
sem chamas I breoassunto.
Numismática
e Medalhística
150 anos da Biblioteca Central da Marinha
Para assinalar os 150 anos da campo da medalhlstica, do seu au- além das legendas D. Mana II e Fun-
sua fundação, a Biblioteca Central tor, o capitão-de-mar-e-guerra Sou- dadora, ocupou todo o espaço com o
da Marinha mandou cunhar, no ano sa Machado. Foram cunhados 500 busto daquela soberana que, como
passado, a medalha que reproduzi- exemplares, numerados, em bronze, se depreende daquelas inscrições,
mos. nomódulode80mm. foi a sua criadora,
É mais um valioso trabalho, no No anverso da medalha, o autor, No reverso, ao centro, o brasão
daquele organismo cultural da Arma-
da, com a legenda Biblioteca Central
da Marinha, na orla superior, e as da
efeméride: 7 de Janeiro de 1835 e 7
de Janeiro de 1985, separadas por
um pequeno tridente, sob aquele
slmbolo heráldico.
M. Horta,
sarp.-a/ L
N, R. -A .. RA .. agradece09X9mplarof9-
reckJo; 8 totalidade da cunhagem nAo foi posta
._ .
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