Page 347 - Revista da Armada
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Dado tratar-se de um problema de ·infra-estrutu-
ras para o qual não vemos solução viavel e, ainda, por
se tratar de um sistema hoje completamente ultra-
passado, sugerimos a sua transferência para outro lo-
cal onde pudesse, condignamente, testemunhar os
relevantes serviços prestados ao país e, ao mesmo
tempo, prestar homenagem aos seus notáveis obrei-
ros, que realizaram uma obra de extraordinário valor
técnico e científico para a sua época e para o seu país.
Devido às suas excepcionais qualidades técnicas,
, o relógio, apesar dos seus anos de existência e as
suas adversas condições ambientais a que tem esta-
do submetido, pode muito bem ser utilizado como re-
lógio-mãe e comandar diversos relógios secundarios,
• assim como diversas funções complementares, tais
como simular os sinais luminosos p_rimitivos, numa
maqueta representando o porto de Lisboa dessa
época.
Como local mais adequado sugeriamos o Museu
de Marinha, pelo seu passado e função, tendo como
ambiente adequado a sala dedicada à · Marinha
Moderna Mercante e de Guerra.
Acerca do relógio e directamente ligado à história
do estabelecimento da hora legal no nosso país exis-
tia, ainda em 1962, diversa documentação anexa ao
processo do citado relógio, que permitiu recolher al-
guns dos importantes elementos que figuram neste
artigo. Infelizmente, e posteriormente, tivemos
conhecimento de que toda essa documentação se ex-
traviou.
Quadro eléctrico de comando entre o Observatório da Tapada da Para terminar desejamos afirmar que não preten-
Ajude e o relógio do Cais do Sodré. com ligação li antiga Escola
demos fazer a história exaustiva deste relógio, mas
Naval (foto de AmândiodeJesllsGonçalvesdo VaU.
sim contribuir, embora modestamente, para um futu-
p~ra a conservação e coordenação do Serviço de Hora ro e mais completo estudo histórico-científico sobre
Legal, sendo a última composta pelos vice-almirante acontecimentos e factos relacionados com a implan-
Ramos da Costa e capitão-de-fragata Artur Josê da tação da hora legal e que constituíram marcos impor-
Conceição Santos. Finalmente, com a morte do almi- tantes na evolução da ciência e da técnica portugue-
rante Ramos da Costa, em 1939, e posterior faleci- sas desse período.
mento do comandante Conceição Santos, em 1948, o
relógio ficou a cargo da Administração-Geral do Porto
de Lisboa (9).
o MUSEU DE MARINHA
NOVO DESTINO DO RELÓGIO?
Pode dizer-se que o sistema funcionou normal-
mente durante vários anos, indicando com precisão a
hora à navegação e à cidade de Lisboa, tendo sido o
• mesmo reconhecido como Instituição de Utilidade
Publica até à data em que se registaram as primeiras
reclamações de entidades relacionadas com a hora
legaL
A origem dessas anomalias, verificadas progres-
sivamente e que ainda hoje se mantêm, são prove-
nientes de problemas de vibração local originados
pelo intenso tráfego rodoviario actual, bem diferente
do da época em que o relógio foi instalado. Essas vi-
brações não permitem o normal funcionamento do re- Amónio Maria Pacheco Barbosa.
da Associação Portuguesa
lógio, individualmente, como ainda impossibilitam a
de Arqueologia Industrial
acção correctora do Observatório.
(8) Arquivo Geralda Marinha, «Livros Mestres.. • •••••••••••••••••••••••••••••
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