Page 33 - Revista da Armada
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ConsullOu o  ,<Janc's Fighling Ships .. e  descobriu que
          o aviso português _Pedro Nunes» tinha uma silhueta que
          se aproximava da do .Erilreallo.  Por QUlro lado. a bandei-
          ra  portuguesa  nas  proximidades  de  Timo r  seria  aceite
         com  toda a  naturalidade. não Icvunlando q uaisquer sus-
          peitas.  Para  q ue  a semelhança  fosse ainda maior houve
         que dar a forma de tripé ao mastro de vante e prolongar
          para a popa o pavimento da coberta . bem como as amura·
         das.  Assim . os balaustrcs da parle da  ré foram forrados
         com  tela  dando a  impressão duma  popa  mais  alta  e  de
         amuradas contínuas. A semelhança não era perfeita, mas
          resultava suficiente para enganar, à distáncia. olhos indis-
         cretos. apesar da dife rença de dime nsões entreos dois na-
         vios, sendo m:lior o .Erilrca».                      O · Eri/ftu _. pi.uudodt' b.Q//co. IJ1Iltsdu Klltrru.
            Na manhá do dia  I I de Março este navio navegava no
                                                              transmissões  rádio.  o rdenadu  pelo  comandante  da  pri·
         mar de Timor. Às 16.30 horas avistou. pela popa e a cerca
                                                              meira divisão de contratorpedeiros. que o avião, interpn •.
         de seis mil metros de distància , um hidroavião quadrimo-
                                                              10 U à letra. Além disto. o governado r po rtuguês de Macau
         lor que se conservou afastado. O «Eritrea» içou a bandei-
                                                              tinha  informado o a lmirante  holandês. algum te mpo an-
         ra  portuguesa  o btendo o  efe ito  pretendido.  ou  seja.  o
                                                              tes, q ue o aviso «João de  Lisboa •. irmão gémeo do «Pe-
         avião aproximou-se. deu duas vollas ao navio. tiro u folo-
         grarias de diversos ,Ingulos e afastou-se.  O hidroavião ti·   d ro  Nunes •. se deslocaria a Timor por aqueles dias.  Por
                                                              isso. quando. a  14.  lhe foi comunicado o avistame nlO do
         nha as cores holandesus.
                                                              navio porluguêsocaso mio lhe pareceu estranho.
            O  navio csperou a  noite para escolher nova rota que
                                                                Os holandeses da secção de reconhecimento não esta·
         levassco aéreo a nãoo localizarnovamenle.
                                                              vam  muito convencidos de que o  navio  fosse  de facto o
            Na noite do dia  12 utravcssou o  Pitt  Passage (mar de
                                                             «JOiio de Lisboa,. e, por isso. te legrafaram ao cônsul  ho·
         Ccram) e II  13 seguiu pela passagem de Jailolo (a oeste da
                                                              landês em  Dili pcdindo--Ihe que info rmasse se aquele  na-
         ilha Waigeu). atingindo o oceano Pacífico sem mais difi-
         culdades.                                           vio  tinha  ali  chegado.  A  resposta.  negativa. só chegou
                                                             dois dias depois. demasiado tarde para desenvolver ou-
            Mas o que se passou do outro lado com O avistamento
                                                             Iras buscas.  O cônsul tinha feito  um  prolo ngado  fim-de-
         feito pelo hidrollviào holandês?
                                                              -scmana ra ra de Dili. ..
            Dois anos mais tarde o «Eritrea,. conseguiu novamen-
         te  fu rar o  bloque io. desta  vez saindo de Singapura  par.l
         se juntar IIOS uli'ldos. dada a mud,lnça de posição da Itália
         na guerra.
            O comandante lannucci iludiu os japoneses c aportou
         !1 Colombo encontrando ali o almirante holundês Helfrich
         que. em  1941. comandav'l as forças navais holandesas na
         Indo nésiil.  Foi e ntão possível recolher a versão do episó-
         dio. visto do IlIdo hol:lndês. pelo que consta nas memórias
         do almirante:
            Um CI/rioso episó(lio de surpresas. erros t! ocasiôes [a-
         II/Odas foi o  de alg/llls  I/all;os  ql/e chegaram  iI/esperada-  OOI'IJO dI' 2 , " d u$St'. Pt/trQ Nunuo.
         mellte e lJ""'.  para  meu deSUpOIIWtllefllo. cOl/segl/iram es-
         capar  atral'is do  arquipélago  i"d;allo  -  a  cal/honeira
         .,Eritrea_ e o cTIlzadormu:lIiar .. Ramb 11_.                              *
            A  /4 de Março foi referido a Batállia que 11m aéreo ti-  Este foi  um dos muitos episódios da comissão do co-
         "ha allistado a II de Março. (10 meio-dia de Timor, 11m pe'   mandanle  lannucci em que a sorte  o  favoreceu,  porque
  •      queno 1I0l'io de guerra com bandeira portuguesa e que o   preparou todas as acções com extrema  meticulosidade e
                                                             cuidado. aproveitando ao máximo o efeito da surpresa e
         mesmo na II/O I/nha sido ,isto 1/0 dia seguime no porlO de
         Dili.                                               antecipando-se nas decisões.
                                                                ..L·Avventura deli  Eritrea. é um óptimo relato de uma
            No  torde  do  dio  /2  olllro  I/allio  sem  bandeiro  - o
                                                             acção de comando exercida com inteligência. diplomilcia,
         .. Ramb ll .. - foi avistallo 110  mar de  Timor.  Admirei-me
                                                             tenacidade e astúcia. de maneira a aperceber-se. a tempo.
         da chegadtl tardia do comunicado deste al'istamemo. mas
                                                             de q ualquer variação das circunstâncias para  não se dei·
         () meu qUlIrtel-gel/em /trmumiriu-o imedililamellte ao co-
                                                             xar apanh:lr pormnigos desconfiados ou inimigos podero-
         mmldol/te  tia  I,rimeira  (Jj"islio  (Ie  cOlllralorpedeiros  de
                                                             sos.
         Bima.  III[e/izmeflle este encontram-se a bONlo de um dos
         1/(llIios 01)t!TUlldo 110 estreilO de Alas.                                         Martins Guerreiro.
                                                                                                  cap.·m.'S' ECN
            O aln~irun te He lfrich o rdeno u ao cruzador «De  Ruys-
         ler ..  para se dirigir ii tOda a velocidade para as águas das
         Molucase fazer buscas para localizar os navios.        N  R  - CQrMft'riJlltus pr",clpui.Jdo . ~mrtu. : /It'slocamtmo, Ct'>rQ
                                                             dI' J(J{J{)I •• ,tlocidQflt dI' cru:t'lfO (molor D,t'St'l). /5 n6s. ArmQml'nlO dI'
            Mas  foi  tudo em  vão.  O  atraso  na  comunicação do
                                                             11O 4j t'm  df/lU 10"1'$ bi"udas. 1 mtlrolhadorlU 41)1)9 I' muis 1 bltlQdas
                                                               '
         avistamento  pe lo  hidro foi devido a  uma suspensão das   dI' 11.1
                                                                                                            31
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