Page 90 - Revista da Armada
P. 90
toria. D. Francisco optou por enviar a
CouJão uma grande armada portadora
duma mensagem conciliatória. Espera- COULÃO
va ele que uma demonstração de força,
acompanhada duma certa moderação, se- 1505
ria suficiente para, sem perda de prestí-
gio, criar as condições necessárias para
que as nossas naus pudessem continuar
a ir carregar àquela cidade.
Dizem os cronistas que a capitania-
-mor da armada destinada a Coulão, '. ".
constituída por onze naus e três carave- ,
las, foi dada a D. Lourenço de Almeida ,
que para o efeito embarcou na nau de
João da Nova. Cremos que se trata dum ".
equívoco. Indo João da Nova nomeado •• ••
pelo rei capitão-mor da armada da costa ,
da India, não vemos como teria sido '. ,
possível a D. Francisco de Almeida , ,
substituí-lo por seu filho sem haver qual-
'.
quer razão para isso. O que nos parece
mais provável é que a armada que foi a
Coulão tenha sido capitaneada por João '.
'.
da Nova. ,
Fundeada a dita armada a cerca de
milha e meia da cidade, foi enviada uma " '. '. '"
mensagem ao rei dizendo que D. Fran- \,
cisco de Almeida considerava que o que
acontecera à nossa feitoria fora, em
parte. da responsabilidade do próprio
feitor e que desejava o reatamento das
boas relações anteriormente existentes.
Mas esta mensagem não surtiu qualquer ,
efeito. • .. ~. ~
Os -mouros_ quando viram aproxi- '" .... >.'.
' ..
mar-se a nossa armada, tinham puxado . '<:-..
as suas naus o mais possível para junto , .
".
da praia e. como era seu hábito, tinham- " .
-nas amarrado umas às outras e tinham- . ' ".
-nas enchido de gente de armas. Na praia ,
estava o exércilO do rei de Coulão com ,"".
aJgumas bombardas.
Vendo todo este aparato bélico e que ••
não vinha resposta à sua mensagem, o "
capitão-mor portuguas considerou que recebidos por uma densa chuva de ne- lançando-se à agua. tUgiram para a prDla.
era inevitável o recurso à força, pelo que chas e de pelouros 11 qual responderam Todas as vinte e sete naus que estavam
começou por mandar lançar pregão junto com as espingardas e os canhões das ca- no porto, algumas delas já com carga,
das _naus de Meca_ para que se entre elas ravelas e dos batéis. Continuando estes arderam até ao lume de água.
estivesse alguma nau de Cochim ou de últimos a avançar resolutamente. foram Neste combale. tiveram os ... mouros_
Cananor, viesse para junto das nossas atracar às naus adversas para dentro das muitos mortos e feridos; dos portugue-
onde nada teria a temer. Entre as naus quais lançaram imediatamente grandes ses, não morreu nem ficou ferido
que formavam o bloco defensivo estavam quantidades de lanças de fogo e outros nenhum.
de facto algumas de Cochim e Cananor anifícios incendiários. Como o vento era Quando teve conhecimento mais por-
mas não se mexeram, provavelmente fresco e soprava do lado do mar, o menorizado das razôcs que haviam dado
com medo das outras. incandio ateou-se rapidamente e origem ao assalto à feitoria de Coulão.
Como não era possível às naus por- propagou-se dumas naus para outras. Ao D. Francisco de Almeida tirou o coman-
tuguesas aproximarem-se das contrárias mesmo tempo que os . mouros_ se esfor- do da caravela a João Homem.
até li distância de tiro. por causa do seu çavam por o apagar, os portugueses
cajado, os soldados portugueses embar- impediam-nos de o fazer disparando Satumino Monteiro
cap.-"'.·,.
caram nas caravelas e nos batéis que. continuadamente sobre eles. E nesta
mais ou menos formados em linha. contenda andaram uns e outros durante
Bibliografia: «DtsCQbrimenlo e Q "'qllism III/
foram atacar as -naus de Meca_. várias horas até que ao cair da noite os
India pelos PonugutUs_ de FerniJo UJpts dt
Quando chegaram perto destas foram .. mouros,. desistiram de apagar o fogo e. CarlOllhtda: «Dkadiu« dt lodo dt Borrol.
16