Page 257 - Revista da Armada
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& Nota de Abertura
Marinheiro uma vez,
marinheiro sempre
mbora não tenhamos muitas razões Basta ler nas entrelinhas das cartas que
de queixa, pois houve sempre a cola- recebemos de todos os cantos do MWldo o que
Eboração necessária, reconhecemos no Ela fez dos homens que a serviram e como
entanto que ela podia e devia ser mais entrou nos seus corações para nunca mais sair!
abundante. Parafraseando os nossos bravos Fuzileiros,
Várias vezes temos tentado aliciar colabo- mais uma vez afirmo sem hesitar: marinheiro
radores entre oficiais. sargentos e praças bem uma vez. marinheiro sempre.
como entre militarizados e civis da Marinha.
A resposta, quando negativa é sempre a mes-
ma: falta de jeito para a escrita ... Claro que
nunca acreditámos nisso mas, faltava prová-lo.
Concebemos então o maquiavélico plano
de fazer a história de alguns navios, pedindo
a elementos que fizeram parte das suas guar-
nições para escreverem curtos relatos de epi-
sódios que neles viveram, pedido que, de uma
maneira geral, foi bem aceite.
O resultado foi verdadeiramente sensacio.-
nal e veio provar. como nós pretendiamos. que
na Marinha há quem escreva bem e tenha
muito que contar. Basta ler os artigos sobre o
«Pedro Nunes)) no nosso n. o 232 e sobre o «João
de Lisboa>l, neste mesqlo, para ficarem con-
vencidos.
A Marinha, sobretudo a que anda nos
navios, sempre foi uma boa escola: no que diz
respeito a relações humanas, ao conhecimento
e contacto com todos os Povos e todas as
Raças, ao domínio do medo e da solidão, ao
desenvolvimento do espírito da solidariedade
humana, do respeito mútuo e da disciplina con·
sentida ... enfim, estou mesmo tentado a afiro
mar, por experiência própria, que é, talvez, a
melhor escola para a formação de homens que
existe no nosso Pais.