Page 112 - Revista da Armada
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Fotografias Antigas, Inéditas ou Curiosas
A Quinta das Torres, espaço ribeirinho situado em Vila Franca de Xira, foi adquirida pelo Ministério da Marinha
em 1924, na gerência do Comandante Pereira da Silva, sendo no ano seguinte instalada no local, já que o rio Tejo ofe-
recia boas condições de abrigo para os navios, a Base da Flotilha Ligeira que seria extinta em 1934.
A concretização do Programa Naval de 1930 levou a que os cursos da Brigada de Mecânicos, então ministrados nas
instalações de Vale de Zebro, tivessem um maior desenvolvimento devido às exigentes e complexas instalações pro-
pulsoras e sistemas de artilharia dos novos navios, pelo que, em 1934, as Brigadas foram substituídas pelas Escolas
de Aplicação, uma das quais, a Escola de Mecânicos, passou a estar situada na Quinta das Torres. Em 1938 foi para
lá transferida a Escola de Alunos Marinheiros, ficando as duas Escolas sob a autoridade do mesmo Comandante.
De acordo com a reorganização do ensino da Armada em 1961, é extinta a Escola de Mecânicos e criado na Quinta
das Torres o Grupo nº 1 de Escolas da Armada englobando, além das Escolas de Alunos Marinheiros e de Sargentos,
as seguintes Escolas Técnicas: Máquinas, Electrotecnia, Armas Submarinas, Comunicações, Escriturários e Informa-
ções de Combate.
A partir de 1963 foi sendo transferida parte das Escolas Técnicas para o Grupo nº 2, no Alfeite, e em 1994 é extinta
a Escola de Alunos, passando toda a recruta da Marinha a ser efectuada na Escola de Fuzileiros.
Em 2004, em substituição dos Grupos de Escolas, é instituída a Escola de Tecnologias Navais (ETNA) que vai ocu-
par as instalações do Grupo nº 2, ficando na Quinta das Torres, considerada então um pólo de formação da ETNA, os
Departamentos de Propulsão e Energia (ex. Escola de Máquinas) e de Administração e Logística (ex. Escola de Abas-
tecimento), até sua posterior colocação, prevista para 2009, no Alfeite.
Durante as já oito décadas da presença da Marinha na Quinta das Torres, sucessivas gerações de marinheiros, assen-
taram praça na Armada, ingressando na Escola de Alunos, e grande parte deles também frequentou ali cursos necessá-
rios para o bom desempenho das tarefas que lhe foram cometidas durante a sua carreira. Todos pertenceram à Marinha
da Lezíria que plenamente se integrou na acolhedora terra ribatejana e harmoniosamente se tem relacionado com a boa
gente vilafranquense.
Na foto acima figura o Batalhão da Escola de Alunos Marinheiros com a Fanfarra, durante um exercício de ordem
unida, nos finais dos anos 40 do século passado. De notar o boné de capa azul, sobre a farda de cotim e do sobretudo,
o equipamento Mills e a Mauser, em bandoleira, como arma. O fardamento, o equipamento e o armamento são vetus-
tos, há muito deixaram de ser utilizados, mas a impecável apresentação e garbo dos marinheiros de então não dimi-
nuiu, o mesmo comportamento constata-se plenamente nos tempos de hoje.