Page 397 - Revista da Armada
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Instalações da Marinha
Instalações da Marinha
10. A ESCOLA DE TECNOLOGIAS NAVAIS
A Escola de Tecnologias Navais (ETNA) é uma unidade da Marinha, Departamento de Instrução Comum, com o fim de coordenar o ensi-
que tem por missão principal a formação profissional dos sargentos e no das disciplinas de cultura geral e de formação. Este departamento
praças, sem prejuízo das competências específicas de outras entida- viria a ser extinto em 1995, dando origem a dois departamentos de
des no mesmo âmbito. formação: Departamento de Formação de Sargentos e o Departamento
Actualmente, a ETNA compreende dois pólos: um que ocupa de Formação de Língua Inglesa. Ficaram então no G2EA englobadas
uma área de 65 hectares no Alfeite que corresponde às instalações as seguintes escolas: de Artilharia Naval; de Limitação de Avarias; de
do ex -Grupo n.º 2 de Escolas da Armada (G2EA) e outro, de 15 Comunicações; de Armas Submarinas; de Informações de Combate;
hectares, em Vila Franca de Xira, que corresponde às instalações do de Marinharia; de Escola de Tecnologias de Educação e Treino; e o
ex-Grupo n.º 1 de Escolas da Armada (G1EA). No âmbito do projec- Departamento de Formação de Língua Inglesa/Departamento de For-
to de Reordenamento do Parque Escolar prevê-se a localização de mação de Sargentos (ex-DIC).
todos os departamentos de formação na área do Alfeite, agregando O decreto regulamentar nº 34/94, de 1 de Setembro, estabeleceu
ao seu perímetro um espaço adjacente que corresponde ao edifício uma nova estrutura orgânica para os Grupos de Escolas, pois já previa
da GOAME-DIV E, em fase de reformulação para o efeito. a necessidade da criação de novas classes de sargentos e praças (reflec-
Em termos de património edificado, a ETNA herdou dois espaços tindo a organização departamental implementada a bordo das unidades
de considerável dimensão e interesse histórico: navais mais recentes) e de um reordenamento do parque escolar, de
1. No que se refere ao pólo de Vila Franca de Xira, a Marinha ad- modo a rentabilizar infra-estruturas e a racionalizar o pessoal. Por outro
quiriu a Quinta das Torres em 1924. Um ano mais tarde, aí se insta- lado, a aplicação do modelo departamental também à estrutura escolar
lava a Base da Flotilha Ligeira. Em 1934 era criada a Escola de Me- permitiria a flexibilização das estruturas físicas, com espaços de forma-
cânicos, onde passaram a ser ministrados os cursos de Electricidade, ção comuns. Assim, em1998, inicia-se um processo de transformação
Torpedos e Minas, Máquinas e Radiotelegrafia. Cinco anos mais tar- que devia ser simultaneamente conduzido em duas frentes:
de, a Quinta das Torres recebeu a Escola de Alunos Marinheiros, que - Reestruturação do Sistema de Formação da Marinha, visando o es-
ficou agregada à Escola de Mecânicos e sob a autoridade do mesmo tabelecimento de uma nova estrutura orgânica para a Formação;
Comandante, embora com um 2º Comandante próprio. Em 1954 era - Reordenamento do Parque Escolar, tendo em vista a concentração
criada, na Escola de Mecânicos, a Escola de Rádio-Detecção, embrião de toda a Formação da Marinha numa estrutura física comum.
da futura Escola de Informações de Combate. Com a reestruturação Com o primeiro processo, as escolas técnicas foram transformadas
do ensino na Armada, em 1961, foi extinta a Escola de Mecânicos e em departamentos de formação, de modo a reflectir a estrutura fun-
criado o G1EA, constituído pelas seguintes escolas: de Sargentos, de cional existente a bordo dos navios e as novas classes de sargentos
Máquinas, de Electrotecnia, de Comunicações, de Armas Submarinas, e praças daí resultantes: Operações, Electromecânicos e Técnicos de
de Escriturários, de Informações de Combate e de Alunos Marinhei- Armamento. Tal como nas unidades navais, foram criados os depar-
ros. Em 1963 a Escola de Comunicações foi transferida para o G2EA tamentos de Operações, Propulsão e Energia, Armas e Electrónica e
e a Escola de Escriturários deu lugar à Escola de Abastecimento. A Es- Logística.
cola de Armas Submarinas foi transferida para o G2EA em 1972. Em O segundo processo, fundamental para a concretização do primei-
1979, a Escola de Alunos Marinheiros foi considerada como Unida- ro, conduziu à gradual transferência das escolas do G1EA para as ins-
de da Armada, embora continuasse adstrita ao G1EA. Em 1993 a Es- talações do G2EA, de modo a concentrá-las no mesmo espaço físico
cola de Informações de Combate foi transferida para o G2EA. Com a e com uma estrutura de apoio comum.
reordenação de 1994, o G1EA passou a compreender as Escolas de Posteriormente, resultante de uma reorganização do sistema de for-
Máquinas, Electrotecnia e Abastecimento. Em 1996 a Escola de Alu- mação profissional da Marinha, em Outubro de 2004 dá-se a extinção
nos Marinheiros foi extinta e a sua missão passou para a Escola de do G1EA e do G2EA, sendo criada a ETNA, cuja vocação manifesta a
Fuzileiros em Vale de Zebro. necessidade de centralizar serviços e recursos. Nestes termos, a ETNA
2. Na área do pólo do Alfeite iniciaram-se, em 1914, obras para tem um comando único para ambos os pólos, do qual dependem duas
construção da Escola de Aplicação de Marinha. Esta escola, contudo, estruturas fundamentais: a de formação e a de apoio. A estrutura de
nunca se chegou a instalar, pois as obras foram suspensas em 1915, formação contempla no pólo do Alfeite os departamentos de Armas
depois de se ter dado início à construção do Corpo de Marinheiros. e Electrónica, de Comunicações e Sistemas de Informação, de Ope-
Cerca de 1924 foi extinto o Corpo de Marinheiros e substituído por rações, de Formação Geral, de Formação e Tecnologias de Educação,
Brigadas Autónomas, uma delas a Brigada de Marinheiros que passou de Limitação de Avarias e a Escola de Autoridade Marítima que ali está
a ocupar as instalações no Alfeite. Em 1934 o Corpo de Marinheiros localizada embora com uma dependência distinta. No pólo de Vila
ressurgiu, reintegrando as Brigadas e instalando-se, pela primeira vez, Franca de Xira permanecem, por enquanto, os departamentos de Pro-
no aquartelamento do Alfeite, onde antes estivera instalada a Briga- pulsão e Energia e Administração e Logística. Por sua vez, os departa-
da de Marinheiros. Aí permaneceria até à sua extinção definitiva, em mentos de Pessoal e Segurança, Material, Administração Financeira e
1961, altura em que seria substituído pelo G2EA. O começo do G2EA o Serviço de Comunicações e Sistemas de Informação apoiam toda
foi bastante modesto, pois limitou-se a agrupar as Escolas de Artilharia a actividade da ETNA, repartindo-se por ambos os pólos.
e de Limitação de Avarias, que, respectivamente desde 1937 e 1959 Actualmente decorrem obras de construção em algumas infraestru-
se situavam, já, na sua actual localização, e a juntar-lhes a Escola de turas logísticas e de formação no Alfeite, tendo em vista aumentar a
Fuzileiros, com ele criada em 3 de Junho de 1961 (esta, sendo a única capacidade e qualidade das infra-estruturas da Escola.
escola geograficamente afastada, por se situar em Vale do Zebro, viria A ETNA conta com uma lotação de 765 oficiais, sargentos, praças e
a tornar-se independente em 1969, sendo posteriormente integrada civis que têm por missão formar e apoiar com um elevado padrão de
na estrutura do Corpo de Fuzileiros). Conforme referido anteriormente qualidade uma média de 1000 alunos/dia (oficiais, sargentos e praças)
recebeu, entre 1971 e 1993, as escolas até então colocadas no G1EA. em ambos os pólos, em cursos de carreira e cursos complementares.
Entretanto, em 1985, fora criada a Escola de Tecnologia de Instrução
e Treino. Além das escolas, já referidas criou-se, em Abril de 1979, o (Colaboração da ETNA)