Page 35 - Revista da Armada
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Navios Hidrográficos
16. O Navio Hidrográfico Comandante Almeida Carvalho I
O N.H. Comandante Almeida Carvalho I foi construído em Açores, mais convenientes do que a ligação existente entre aquelas
Vancouver, no Canadá, nos estaleiros North Van Ship Repairs, ilhas e Cabo Verde, foi possível, nesta altura, por o Instituto poder
em 1941, com o nome Fort York. À semelhança do N.H. Almi- dispor de um navio com condições para esse serviço, o que anterior-
rante Lacerda, também pertencia à classe “Bangor”, tendo sido mente não sucedia. A proposta do Instituto, que mereceu a concor-
utilizado pela Marinha Canadiana como lança-minas e, mais dância de Sua Exª o Ministro da Marinha, visava ainda o propósito
tarde, pela Marinha do Reino Unido. de acelerar os levantamentos no arquipélago de Cabo Verde, onde,
das suas 10 ilhas, só quatro têm as suas cartas de costa concluídas,
Em 1950, o Governo Português procedeu à sua compra ten- sem atrasar os trabalhos nos Açores, antes pelo contrário, já numa
do sido adaptado no Arsenal do Alfeite a navio hidrográfico fase em que era possível prever-se que, com mais 2 a 3 campanhas,
e aumentado ao Efetivo dos Navios da Armada em 26 de se- todas as ilhas ficariam a ter as suas cartas de costa.
tembro de 1950. Tomou então o nome de Comandante Almei-
da Carvalho em homenagem ao Capitão-de-fragata Ernesto Em regra, à semelhança do que se verificava com os navios
Tavares de Almeida Carvalho a quem se deve, entre outros atribuídos às demais missões hidrográficas nos territórios
trabalhos, o le-
vantamento hi- ultramarinos
drográfico do mais distantes,
litoral de Sines uma vez que não
e a publicação vinham à Me-
de diversos es- trópole fora do
tudos sobre a período de cam-
densidade da panha, também
água do mar e o N.H. Coman-
profundidade dante Almeida
dos oceanos. Carvalho I rece-
bia do Institu-
O navio apre- to Hidrográfico
sentava as se- as instruções de
guintes carac- carácter técnico
terísticas: as quais eram fornecidas através do Estado-Maior da Arma-
da e de quem eram recebidas instruções especiais para o na-
Deslocamento máximo.................................... 900 toneladas vio com carácter permanente. Antes do final de cada campa-
Comprimento (fora a fora) ............................. 54,9 metros nha era fixado o número de oficiais que permanecia no navio,
Boca.................................................................... 8,7 “ sendo que no período de folga das campanhas, alguns oficiais
Calado ............................................................... 2,9 “ regressavam à Metrópole para realizar os trabalhos de gabi-
Velocidade ........................................................ 16 nós nete, o que criava um ambiente de trabalho sazonal no Insti-
Propulsionado por duas máquinas alternativas de tríplice tuto Hidrográfico.
expansão com uma potência de 2.400 cavalos, estava armado Refletindo a intensidade dos trabalhos realizados, o Pla-
com uma peça de 76 mm e duas de 20 mm e a sua guarnição no de Actividades para 1962 atribuiu à Missão Hidrográfica
era constituída por 89 homens. do Arquipélago de Cabo Verde a realização de importantes
Inicialmente deu apoio aos trabalhos hidrográficos realiza- trabalhos como o levantamento hidrográfico do Porto da
dos nos Açores pela Missão Hidrográfica das Ilhas Adjacentes Furna, na Ilha Brava, para o Plano nº. 275 à escala 1:5000; as
(MHIA) substituindo nessas funções o N.H. D. João de Castro. sondagens com vista à conclusão da carta nº. 203, das Ilhas
Entretanto, em 22 de Setembro de 1960, foi criado o Ins- do Sal e da Boavista à escala 1:200.000 e a sondagem nas
tituto Hidrográfico que passou a coordenar a atividade das Ilhas de Santiago e do Maio, para a carta nº. 210, à escala
Missões Hidrográficas. No ano seguinte, procedeu-se a um de 1:100.000, abrangendo a determinação da linha de costa,
reajustamento no tocante à distribuição geográfica de algu- correntes, valores da declinação magnética e fundeadouros.
mas missões, tendo a MHIA sido extinta. Passou a antiga Contudo, o N.H. Comandante Almeida Carvalho I não reali-
Brigada Hidrográfica Independente do Continente, entretan- zou esta campanha por se encontrar em fabricos desde 16
to elevada à categoria de Missão com a designação Missão de Abril de 1962.
Hidrográfica do Continente e Ilhas Adjacentes (MHCIA), a Com o eclodir da guerra de África, houve a necessidade de
abranger a área respeitante aos arquipélagos dos Açores e dotar a Marinha de navios de pequena dimensão que fossem
Madeira. Para a realização dos seus trabalhos, contava esta capazes de operar em águas costeiras e interiores, sobretudo
Missão com o apoio do N.H. João de Lisboa. na Guiné. Por essa razão o N.H. Comandante Almeid a Carva-
Em simultâneo, foi criada a Missão Hidrográfica do Ar- lho I, que desde 1950 tinha efetuado trabalhos hidrográficos,
quipélago de Cabo Verde (MHACB), para onde transitou o inicialmente nos Açores e, a partir de 1960, em Cabo Verde,
pessoal que prestava serviço na extinta MHIA, juntamente foi classificado, em 1 de junho de 1963, como corveta, pas-
com o N.H. Comandante Almeida Carvalho I. sando a denominar-se Cacheu e terminando nessa data as
A este respeito, refere o então Diretor-geral do Instituto Hi- suas missões ao serviço da hidrografia.
drográfico, Capitão de mar e guerra José Parreira, nas suas Colaboração do INSTITUTO HIDROGRÁFICO
“Notas sobre o Instituto Hidrográfico. 1961-1962”, o seguinte:
Este novo arranjo, ligando o Continente às Ilhas da Madeira e dos