Page 28 - Revista da Armada
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SUMÁRIO
ESTÓRIAS 46
02 700 Anos da Marinha – Cerimónia de Encerramento OS VALORES E MÉRITOS A REDESCOBERTA DA LINGUAGEM DO
DOS FUZILEIROS 04
07 NRP Viana do Castelo. Frontex – Missão Lampedusa
09 Lusitano 17 MARUJO
18 Cerimónia Militar
odas as profissões têm uma linguagem própria, ou, no mínimo,
Embora rodeados de água não era fácil garantir água potável
22 Direito do Mar e Direito Marítimo (13) Talguns termos característicos, que as distingue das demais. em quantidades necessárias e suficientes para a sua tripulação
A linguagem do marinheiro é, eu diria, hermética. É, pratica-
24 Academia de Marinha mente, um dialecto que não só o distingue, como o identifica. (guarnição).
A higiene a bordo não era das coisas mais importantes, tendo
Porquê assim tão diferente? Não sei bem, mas julgo que se
25 Notícias trata de uma forma de selecção natural. em conta a sobrevivência. Sobrevivência em termos de mar –
tempestades, orientação –, em termos de luta contra piratas
A vida a bordo dos navios, sobretudo os de vela, não era fácil de
28 Novas Histórias da Botica (66) 11 BALANÇO DAS todo. Tanto assim, que começou por ser imposta. e inimigos, em termos de doenças provocadas pelos alimentos
ou a sua escassez, pela contaminação da água, por parasitas e
29 Estórias (37) ATIVIDADES 2017 – MARINHAOs navios não tinham grandes condições de habitabilidade. pestes.
As longas permanências no mar, nessas condições, originavam
30 Vigia da História (97) doenças do foro psicológico, que terminavam muitas vezes em
lutas e mortes a bordo.
Com mau tempo havia que chamar as coisas pelos nomes, para
31 Desporto que não houvesse enganos funestos.
A aprendizagem era longa e severa. A linguagem acompanha-
32 Saúde para Todos (51) va-a, indicando claramente o nível em que o aprendiz se encon-
33 Quarto de Folga trava.
Os sinais de apito acompanhavam muitas vezes as ordens ver-
34 Notícias Pessoais / Convívios bais por se fazerem ouvir melhor, sobretudo em navios grandes
ou em situações de tormenta.
CC Símbolos Heráldicos o oiro que para nada serviria, se o navio não chegasse a bom
Os cabos (cordas) a bordo, a navegar, tinham mais valor do que
ATIVIDADES 2017 – AMN 20 porto.
BALANÇO DAS
Cada um recebia designações diferenciadas de acordo com o
uso que lhe era dado. Só aí, a linguagem do marujo enriqueceu o
dicionário linguístico com um sem número de nomes.
Só para que conste e enfatizando esta última afirmação, apre-
sentam-se a seguir algumas designações de gacheta, que é um
entrançado de cabo, com várias aplicações a bordo:
— “coberta, de cus-de-porco, de duas faces ou fluvial, de
espinha, de impunidouro ou cadeia de impunidouro, de meia
cana, de meias voltas, de nós direitos, de nós tortos, de nove,
de nozinhos, de pato ou cadeia dobrada (francesa dobrada), de
quatro faces, de rabo de raposa, de rabo de cavalo, de quatro
faces dum cordão ou quadrada, de tear, de três faces, de volta da
ribeira, espalmada ou simples de quatro, francesa, plana inglesa,
plana ordinária ou portuguesa, prismática, redonda, rectangular,
Sagres, e simples de três”.(In Linguagem do marinheiro do C.te
Capa Marques Esparteiro)
Pelotão de Fuzileiros desfilando com o uniforme Não sei qual a necessidade duma tão grande variedade de
da Brigada Real da Marinha. nomes, de que hoje só a memória resta para muitos deles.
Foto SMOR L Almeida de Carvalho
Mas é isso, resta a memória, coisa que vai faltando para a maio-
ria do que hoje se fabrica, se faz e, sobretudo, se promete.
Revista da
ARMADA O vento já não faz andar navios, antes lhes retarda a marcha.
Mas nada abranda os ventos da História.
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