Page 226 - Revista da Armada
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De «CORSÁRIOS DAS ILHAS»
PRESSENTI"'''ENTOS tlãmico. Nem os pai.fe.r são mil, IIem os pe- vez eu IltjO dell/ro de mim a cos/Q da ilha
sares tum(l/Iho.r, - e portamo IIem ((III/as Terceira, apesar llos nimbos dos alias e da
llonJodoSANTA MARIA.
as ",llOras felizes,. dl' mOllinIUl ... Mas O cerraçtio que os I/!vou.
19ue Agosto 1954 pior lle lIulo é li honesltl ~'ergonllU de V(II/IOS /!lIIreta//lo ellfrando lIagarosa-
quem, lendo começllllo por bordejar em meme "a buia, como Marlim Afonso há
Sou ilhéu; t', /II/UO 011 milis tio qlle II ba/eiras de qU(J{ro /Oletes e por villjar a qmlfro siculos e 11111 q{/arto, - mas, pelo
iI/UI. fi ilhéu ,I/'fillt",fe por 1/1/1 rocleio de bordo do Funchal. com as pOr/as dos ca- sim, pelo mio, com o radarzito escOlUlido
IIIftr por ImJo.f OJ /Ud05. Vil'emo.f l/e "eixe, marotes sobre as gradil/has dO$ tulheres lia lias corlillas da cá",,,ra eswra. à esqllerda
(/tI 110m da //Iaré e tll'er 1/(#I'i05 ... Na illflill' salalle jantar deserta tle elljoados, vem pa- da roda do leme .. e 1'''' freme da sonda
da (' /lU mlolescellcia em o meu mais belo rar a 11m pálau flllwollfe da linha da Aml- eléctrica .. , Historiatlor lil'resco e caSl/al
(·speclácllfo. Quase ,mlas as casas abasta- rico do Sul, l/e rllmo à ellseada de Mar/im das missões refigiostls peregri/las da costa
dus. IID.i Arores. estal'um IIII/llidas de um Afonso de SOllsa lomada 110 porto do brasileira e às lIezes lIáufragas dos Abro-
I'r/ll() fiel/lo de alcal/ce. e alguII/as cle hilU5- café. Como mamer-se llig,1O do legado dos lhos. aprow!ilo eSla chance transatlântica,
CII/OS. com que se scguiulII as cllaminés ecos do Triste vida do marujo que ell ali- Ctlrtograficamellle Ião prOVil/a, parI/ reco-
dO.f puqlle/es e as IÍrllore.f dos veleiros 1110' via cantar lia millha infância? "hecer a bombordo a ponle ocidua de I/ai-
!I/tIdas //(/ lilllm do horizO/lle. Nu /lossa ca- /9 de Agosto de /954, - '1,/ão 10llge fi- p", li estibordo a i/lia das Palmas, q/le pa-
sinha d" CfllllpO. lia Villha tio Mão Roxa, cas, por exemplo, de 11m dia /4 de Agosto rece 11m cabedelo da ilha de SQl/lO Amaro
sobre vil/I1et/os e lavas falllbitlus 110 IOllge tie 1914 ou 1915, //l/ costa sul tia illla Ter- t/"e o !l.' Mlllluel da N6brega costeou de-
Pc/li rt'.uaClI, meu pai, - mli.rico e 11111 pOI/' ceira, diante das gorauiras mergulhadas bruçtulo a amurada da /lall, cOllversamlo
co poeta, - sacava do gfllllde búzio. ao das campanhas do Porto Jlldeu e dos pa- com Tomi de SOllsa, como ell agora CO,I-
pár do sol, t, metendo e I;ml/do li mão di- qlletes da White Star Line lIogal/do de lu- "erso com o Comalldallfe Mário Maia ..
reilll "li rosca corada (lo calcário, tirava- Z!!S apagadas sob o temor l/OS submarinos! Simplesmeme, em vez da illdiada e dos
-II/I' doi.f 1/IIlülo.f alteftlo.f e mellll/cólico.f, As 06.30, muito tral/quilameme, nasce o mamelucos 11lIS ao /o/lgo do areal, f'lI/re a
intencionalmente repetidos, sinal de vida Sol /fopical junto à falda do Pico de S, Se- POllta dlu Calhetas e a Pomo de Santo
isolada l/ado à vizinhança ao longe. bastião, - que, malllos está de /favis, já Amaro, nós vemos o al/amjá. com os
Todos os O/IOS vi"haum navio de sal 1I0S fica à allleta (Ie estiboflio como enor- seus tue,r ile praia clliqlle.
a I'mia. Um lagosleiro frallcb, com trip"- me bolha de sallgll~ picad" por lima agll- A .m/iêllcia da ilha de Salllo Amaro
Itlçlio ellgajada pelo capi/lio Émile desde Ihin/1lI de 101111111. (E Sl'mlm' bom I"If I'l'mlo l"lf(( S, i II pOIll" da ForwlelQ. com a illlll
IJu(lfcos a Pelliche, fazia es/açlio 1/(/ 'lO.fsa o fUlldo a q/le sil/gram os navios, IIl11a vez tia Moela" SE. Tlldo se desenllfl ((gora
ball/, olUle hoje molllam, a diário, podero- qllr o das (j/mll.r /IImca se dei.H! medir). Já maradlllO.flImellle, já e//lrada a bai,,: a O.
sos pc/roleiros e cmzadores lle ba/(llha, E está.. /9 bfl/ças. Ao /rllvb de eSlibordo a b{lrra (Ie S. Vice/lle com a cidade IIpllltlll-
tiS bOllls alltlS dos pescmlores_ as S/W.f Ctl- fica-nos o MOll/tio do Trigo, l/ue é 11m d(1 e o morro do frlllle na ansa. a ilh" ,II'
//liso/as riscadas, os buracos lla.f boillas ilhéu como ell ... O COI/Vis está fresco dll Porel,at a E. e o l1úcleo (Ie Salllo Amaro
por ollde lhes espreilava o cabelo, a agulha baldeação mtllinul e (Ia afl'gem viva da a E. lle StJ/IIO.f, /"tra lá do canal da 8ertio-
de pau de compor redes elllalada I/OS ,Iell- proa; Q/lve-se o ruído doce e sedoso das ga l1l11ilO ramificado ao N.
les e as do/elites cançôes da bonla de água, ágl/as no lalllU-mur. Uma cor illexprimi· Emrámos às 8 h. Fica·nos à allle/Q (Ie
foram o primeiro alimento da millha ima- l,eI, feila de cillZU e chumbo, de lilás e de bombordo um paquete rt"nalldo a NE. A
gillaçáo faminta. Sem cOlllar o IIaufrágio rosa, empalideceu 110 ciu o.r restos da Lua baia e,ftá COlllltada de "avios. Sobe (10$
do lugre Não Sei Quê. que já um dia COI/- minglwl/le. 1/I0rrO.f ao redor o relellto fresco de terra:
lei, com os morlos arrojados à praia e leva- Não! Decididalllente, i.flO mio está à al- li lU" {mio é o dilUO dos cascos dos I,aqul'-
dos em maca a Miseric6rdia mml saimellfo lura de /1m embriâo (II' mamjo 'I,/e foi pra- les alrllctulo.f e das bisarmas de cimenlO
de painel, Minha bi.mv6 ceguillha e as fi- li("(l/I/e, em .\'('('0, (1r"I' 1II/1/1/ms //(II'ais do (los molhe,ç; (la Ollfro a lIerdllra rociada
IIms eram ,Iollas da casa avaralldada que Joallele e do Mlmlll'/ do LI/is, pescadores pelo mar f1tlfece (III/! 11'11011 11m banho de
corril, l/ lodo o comprido d" freme do Se- de lain"a à POntll Negfll, 110 Porto Mar- I'eflliz. Stl/lgrml/ IIOS bananais as flores I'a-
I/hor Samo Çristo; e, como os lagos/eiros lil/l. e mestre de cOmpll/l/UI integrada pelos riegmJ((s do 8rasil: os hibiscos lle estame
110 capiláo Emile flégra! lhes IiI/Iram ar- JellS três .. ricos-fi/ho.r" e pelo Joaquim do lIçl/carado, o ,mllgue-de-adâo purpúreo
rem/ado o gral/el para lá estemlerem tIS re- 8icho cego ... Es/OUlI vê-lo lia barca de S. mfeilUlUlo os fuslres dos palmares. Solto
lln, ell semia cá em cima, I/(IS noites do Pe(lro. bexigoso e ItmZIIlJo. com o dedo o rolo lia málJuilla de escrever, vagamellfe
~quano grande .. , o cheiro a alcatráo e a polegar fml/ulo e branco lia pele dos a/ba- I·exado (leste 10l/go-curso fácil, com telefo-
salsllgem que me metia o mar lia alma. fares, contando-me IIistórills sem fim das lIe à me.m l/e cabeceira do beliche, - ell
Depois, eram tIS canções romámicas, lIoiles de pesca ,lo AI/(}, lima mecha de que dormia em Sallto António, lia ilha
que tIS vozes feminillas, (Ia geração de mi, breu a arder a popa do bllufuinho, por Terc,.;ra, duranle os meses de Verão,
Ilha mãe, ell/om'am /lO IlIar lias /loites cima llll bom (Ie jaja, e o vento carpinteiro 11/11IU1 casinha de madeira que fora a câma-
ilhoas, cOllfrapollfar!o pelos grilos nas pI'. (50) le~'antaf1(lo-llIe ""ga.f mais l,ftas que ra (II' 11/1/ hlgre "aufragado, arremafl/tlll
tiniS dll /"l'lI vlllcánica: a/arre de SllIIflI Margllritltl, única referin- por /111'1/ /io Mõo-Roxa, irmão lle mi/lha
Nessas viagens, citl de porto da S/ll/ ("(jr/a a olho.. Ê ((io bislll'6 cegllinha, lia S/l(l lIollll à ilh(l pelo
Sulcando O.f m"res, perfeita a iII/são, que, ellcostllllo li saneftl Il'mpo d(l febre amarela e d" bolaelw de
FUlldos pesares di! pOli/e do Santa Maria.l'lIq/llllllo o co- barric",'
Sei ll"e sofri; mandante José A/,'es bel/el'olameme me
Mas, compensando-os, afllra os COIISltmle,f qlles;los mil/licos, VIDA DE BORDO
Que horas felizes como qlle sinto os paS.fOS lia 41Q1l11el do
Em mil países LI/is na escada, lhe I·ejo o bOllé lia mão ti 7dc Agosto de 1946
EUI/âo frui .. distância tio CÓlligo de /fI/I respeito mariri-
mo rel'ogado, - e '-'ún é qlle illlerpela o Ariro-ml' dI' I/Imlle coração a este ro-
o verbo .. fruir .. , tios Sinos de Corne- Comalldallte Maitl ofl'recemlo-Ihe o ceslO teiro tanto te!"po SOllhado e só lIgora em-
vil1e. era juridico de lIIais para destlbafo t/a.r craquinlllls?!: pru/1{lido, E IImll "i"gem bailai, dez vl'-
IJoético .. Mas a verdade é que os marl'S, - VOSSll Siorill !'{'rdol/ró a minha COII- ze.r feita e (Iesfeital/os seus dois rlllllOS mo-
as lIiagel/s, a felici(lade e O.f parses dese- fiança .. nÓtono.f, precedida d"s mesmas expectati-
,,/lIlvam-se "aquele .. i,. agI/do lIIelhor (Iue fmllgi//açtio desgovernada.' Quem I'as t' .~egllitl" de igllais recordações. As re-
IHmlll "m(tril/ha .. ! sobe a escada d" pOlI/e ~ o pilolO da barra cortlações deJ{(I elapa escllpam-se por en-
Semelllames remil/iscêl/cias mio seráo de Samos, que cheg(1 de mlios I'azias. Pela Ill/a/1/Q (claro!). Mas as expectativas ...
llS melhores para se lhes en:rertar uma lIiva amura de estibordo o poalho não dei:ra AIt.' Essas aqui eSlão cheias, inteiras a
impressáo oceânica a bordo ,Ie 11m lraf/sa- ainda wr a iII/a ,la Moela - e por isso tal- entrada ,Ia realidade que as desfaz nel/traf-
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