Page 309 - Revista da Armada
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que levaram à redução de missões de patrulha e de fiscali-
zação das nonos águas territoriais. que levaram a cancelar
muitas Olllras tarefas necessárias, para só falar nos aspec-
tos vis{veis das decisões tomadas. Não posso deixar de refe-
rir que algumas das providências IOmadas já afectaram o
bem-estar do nosso penoal, e das suas familias, o que me
traz preocupações acrescidas.
No entanto, as medidas já em vigor serão inmficiemes
face aos C/lStOS requeridos para mamer, reparar e operar
os navios, i"fra-estrulllras e outros meios imprescindíveis
à execução das míssões que são da resp01lsabilidade da
Marinha, se simultaneameflie e nos próximos meses não
concorrerem duas acções:
- A primeira é o reforço de algumas verbas do ampll-
todo orçamelllo da Marinha, o necessário para cúmprir as
tarefas essenciais e "ão deixar degradar navios e infra-es-
truturas para n{veis em que a sua recuperação se torne im-
poulvelou demasiado onerO.m.
- A segunda compete-nos a nós exclusivamente. Con-
siste rIO rigor das mediclas de austeridade já em execução.
e 110 reforço de algumas delas, harmonizando-as de modo
a que os sacriflcios exigidos a todos afectem, sem que se
tornem tão pesadas que I{'vem ao desânimo.
A austeridade não é para nós, na Marinha, uma situa-
çâo nova. De certo modo.çempre a temos vivido com cora-
gem, poupando no supérfluo para garantir o essencial. Só
que não era tão pesada. Só que ainda não tinha, como ago-
ra acontece, afectado o cumprimetrlo das missões.
Compreendemos que tem que haver austeridade face à
crise económica que o país atravessa. e de que só se pode
sair com muito trabalho e sacrifldos. Temos que esperar,
e desejar, que a crise l'eja rapidamente vencida com a parti-
cipação de todos os porlllgueses, dell/ro e fora da Marinha.
Também temos que esperar. e desejar, que o esforço seja
realmellte de todos, e que os sacrifícios a todos perlençam
por igual.
Nem ludo são nuvens negras no horizonte. Algl/mas
realizações importaflles tiveram lugar no 0110 que decor-
reu, das quais citarei: 110 flmbito da reestrulllraçâo. a entra-
da em vigor do II0VO sistema da Autoridade Marítil11(1 q/le.
com olltros diplomas em curso, esclarece e define clara-
mente a missão da Marinha neste impOr/ame sector da sua
actividade; e no ómbilo das illfra-estrulllras. o início das
obras de reconstrução da Base Naval de Lisboa. q/le a cl/r-
to prazo dará apoio aos navios existellles, e aos que a Mari-
a participaçlio dos .çeus cadetes demonstra uma solidarie- nha, em termos estritamellle nacionais. confiada11lellle es-
dade e amiwde que muito nos sensibiliza e motiva. pera que lhe sejam atribuídos, apoio que a SilO complexidfl-
Em /985 a Marinha portuguesa comemora o seu Dia de exige.
num quadro de grande austeridade que está afectando to- No limiar de lima flava era tecnológica, a Maril/ha I'ai
das as suas actividades. ter que se reajustar às mudanças inevitáveis que dela decor-
A Ilsteridade que deve ser compreendida e praticada rem.
por todos os que nela servem - mililares, militarizados e Mudanças que lerão que ser aprolltadas e resolvidas
civis - mesmo nos actos mais simples. O rigor e a econo- com determinação e ellllls~asmo. E-me grato verificar que
mia inteligente que se IlSar em muitas silllações, embora importallles passos têm vindo a ser dados neue selllido.
por vezes com pOllpanças diminwas nalgumas delas, per- Seja lia preparação de peuolllllltamellle especializado.
mitirão 110 torai alcançar resultados importantes minimi- seja na reorganização das eslrulllras. seia até em determi-
zando os efeilos da Jitllação de carência que já se vive. nadas áreas específica.ç como é a informática. a Marillha
Como tenho vindo a referir noutras ocasiões e é de co- tem vindo a responder (10 desafio, recusando-se a ficar an·
nhecimemo de muitos a quem me dirijo, devido aos cortes qui/asada lia passado. Mais haverá quc fazer. persistellfc-
inesperados que reduziram o orçamento da Marinha, ante- mellle, todos os dias, aceitando as cOlltrariedades como en'
riormente fixado já abaixo do n(vel da mera sobrevivência, sinamento e o.~ progre.uos como /lO vo estímulo.
houve que /Omar medidas drásticas de contenção de despe- Mesmo com (I/I.fterid(ule milita coisa se pode e deve fa-
sas, que afectaram o adestramento dos navios e fuzileiros, zero
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