Page 305 - Revista da Armada
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maradas não o queriam ocioso. E foi dade, só desc.ansando ao ouvir o si- tiga praça da «Mandovi», pedi-lhe
daí que lhe arranjaram encargo. En- nai convencionado. notrcias do 10001. Soube. então,
cargo simples, pouco trabalhoso. A De longe. a guarnição, ainda du- que tivera um fim trágico. Numa saí-
instrução é que foi demorada. Não vidosa, espreitava na expectativa da para o mar, em cruzeiro, o navio
que fosse estúpido - os olhinhos vi- de o 10001 se desenrascar. O que fora castigado por tempo duro. En-
vos traiam esperteza. O que é que, a ele fez, afinal, com sucesso. O co- trado em Leixões, a guarnição, alar-
princípio, não percebera: Coloca- mandante achou imensa graça. E, mada, dera por falta do 10001 . Pro-
vam-no no convés, à salda do patim desde aí, à sua entrada e salda de curado por todo o lado, não se en-
do portaló. E, ao som estrídulo do bordo, sempre o grumetezinho esta- controu. Presumiu-se - pois nin-
apito de rufo, mandando «sentido», ria presente. guém vira - que, a um balanço mais
tinha que, rápido, endireitar o corpo, Não o disse ainda, mas talvez já forte, tombasse do rufo. rolasse no
num aprumo impecável. Só ao sinal tivessem adivinhado, que o 10001 convés e caísse no mar, onde ficou
de «à-vontade» podia vollar à posi- era um coelhinho branco. Comprado sepultado. Morreu como um mari-
çãonormal. pelo despenseiro para o rancho dos nheiro. E sobre a sua campa, como
A paCiência firme dos camaradas senhores oficiais, soltaram-no no no dizer do poeta, jamais as rosas te-
resultara. Cumpria, agora, sem fa- convés, antes de chegar a hora do rão florescido alguma vez ..
lhas, a instrução recebida. Mas tudo sacrifício. Mas por um desses movi-
não passara, ainda, de exercícios mentos colectivos de simpatia, que
preparatórios. A grande prova avizi- por vezes contagiam as guarnições,
nhava-se. E a ocasião chegou, final- pediram ao imediato que lhe poupas-
mente. Um dia em que o comandan- se a vida. Ficou a ser a mascote de
te do navio entrava a bordo, deparou, bordo, pois não havia, na «Mando-
surpreso, com o 10001 feito moço de vi», nem cão, nem gato.
cabos, junto do portaló. Na compa- Quando destaquei do navio, vol-
nhia do imediato, mestre do navio, vidos meses, o 10001 , numa distin-
contramestre de serviço e outra pra- ção amável - o privilégio era exclu-
ça, o jovem grumete integrava-se. sivo do comandante-, compareceu,
com naturalidade, na regulamentar à despedida, no portaló.
recepção a bombordo. Quando o Dele guardei sempre uma saudo-
mestre apitou a «sentido», o 10001 sa lembrança. E, mais tarde, quando Silva Braga.
perfilou-se na vertical, cheio de digni- encontrei, ocasionalmente, uma an- v/alm.
Terminologia Naval
• PERGUNTAR SECÇÃO E RANCHO- Termo de ca- • PER IODO DUMA ONDA - Tempo decorrido entre a
lão naval aplicado quando se inquire de uma praça o res- passagem de duas cristas de ondas sucessivas por um
pectivo número para procedimento 1uturo. pont01ixo.
• PERIECOS - Lugares de iguais latitudes e de longi- • PERfoDO DUM FAROL- Espaço de tempo que me-
tudes opostas, encontrando-se, portanto, no mesmo pa- deia entre dois relâmpagos sucessivos de um farol.
ralelo mas em pontos opostos do mesmo meridiano.
• PERloDO SIDERAL - Tempo gasto por um planeta
• PERIÉLIO - Ponto da órbita de um planeta em que a efectuar a revolução completa na sua órbita.
este se encontra mais próximo do Sol.
• PERIPLO- Navegação efectuada à volta de um con-
• PERIGEU - Ponto da órbita de um planeta em que tinente.
este se encontra mais próximo da Terra.
• PERfoDO DE BALANÇO- Espaço de tempo conta-
do em segundos, para o navio atingir os ângulos extre-
mos em cada um dos bordos no balanço de bombordo
a estibordo.
S. Elpfdio,
• PERfoDO DE ENCONTRO - Tempo que demoram cap. -mo -g. AN
duas ondas consecutivas a passar pelo mesmo ponto do
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navio.
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