Page 385 - Revista da Armada
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dos pelos vencedores para a t estarem o êxito das suas já se sabe que é possível atingir os 10 nós e , curiosa-
vitórias. mente, após meia dúzia de remadas. No entanto, o
Assim, foi essencial um estreito diálogo entre his- sincronismo só poderá ser conseguido com um atura-
toriadores e técnicos para que, usando toda a docu- do treino dos remadores o que não é fácil , dado o
mentação e iconografia disponíveis e aproveitando a grande número que é preciso reunir. Quem escreve
moderna tecnologia, se pudesse atingir tão magnífico estas linhas teve a oportunidade e o privilégio de em-
resultado. E este sucesso é ainda valorizado porque barcar no trirreme e navegar durante algumas mi-
não é a primeira vez que se tenta reproduzir um trirre- lhas, aproveitando uma mudança de ancoradouro.
me em tamanho natural. No tempo de Napoleão III foi Todavia, a tripulação era constituída por alunos da
também feita uma réplica, mas o insucesso foi tal que, Escola Naval que pela primeira vez pegaram nos
em vez de ser exposta, como estava previsto, na Ex- remos e, assim, não foi possível ficar com uma ideia
posição de Paris de 1864, acabou ingloriamente como clara das reais dificuldades.
alvo dos artilheiros da Marinha francesa. Como se disse atrás, tem sido grande o sucesso
O trirreme agora construído com 36,81 m de com- deste acontecimento para além das fronteiras da Gré-
primento, 5,45m de boca, 1,30m de calado e 45 tone- cia. A Espanha, a Austrália, a República Federal da
ladas de deslocamento, já fez alguns ensaios tendo Alemanha, os Estados Unidos da América e o Japão
em vista encontrar resposta a várias perguntas que estão altamente interessados em que o trirreme os vi-
preocupam os estudiosos de arqueologia naval. site. Por outro lado, a Marinha grega, que é responsá-
vel pela execução do projecto, oferece todas as facili-
dades para que as tripulações provenientes de clubes
Como é possível sincronizar o movimento '
ou universidades possam manobrar o trirreme.
de 170 remos, de modo a que o conjunto se
A Grécia quer fazer deste navio um símbolo da li-
comporte como existisse num só remador?
berdade e da democracia, porque foram os trirremes
Qual será o comportamento do navio no
que em Salamina, 480a.C., defenderam estes princi-
mar?
pias. Tanto mais que, como afirmou Melina Mercouri,
Qual a velocidade do trirreme e durante
ministro da Cultura, os trirremes não eram tripulados
quanto tempo poderá ser mantida?
por escravos, mas sim por atenienses livres. Por tudo
Qual a eficiência do leme, aliás duplo, ma- isto, foi escolhido para este navio o nome ((Olym-
nobrado apenas por um homem?
pias)). Um nome que também relembra a mais famosa
Quais as condições de habitalidade n'lma
manifestação desportiva e artística, como era na anti·
longa viagem?
ga Grécia, da história da Humanidade.
Quais as manobras que é necessário eiec-
tuarpara uma acção em combate?
Só ao longo do tempo se poderá obter respostas A. Estácio dos Reis,
a todas estas questões, No que respeita à velocidade, cap.·m.-g
Filatelia
AS NOVAS EMISSÕES DE SELOS PORTUGUESES
JANELAS E VARANDAS cia no tipo de casas que se foi dese-
DOS AÇORES nhando no arquipélago.
Elementos como janelas, portas
Com o povoamento do arquipéla- e varandas, reforçaram, principal-
.lO apareceram as primeiras casas mente nas áreas urbanas, o cunho
que, com o evoluir do tempo, passa- das casas naquelas terras do Atlânti-
ra a dispor de características que co- co. As janelas, emolduradas Quase
meçaram a definir um tipo de cons- sempre a cantaria, lavrada ou não
trução muito próprio daquele territó- conforme o local, sobressaem nas
rio. fachadas dos edifícios, mostrando
A abundância da rocha basáltica os caixilhos mais ou menos colori·
e a necessidades de tornar as cons- dos. Não são raras as varandas de
truções resistentes aos sismos, ele- aço, ferro forjado ou mesmo de ci-
mentos que sempre foram uma mento armado, emprestando uma
ameaça naquela região, são dois as- certa beleza ao meio onde se inse-
pectos que tiveram muita importân- rem.
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