Page 380 - Revista da Armada
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mados corara os infiéis, ° que é con-
firmado, por abalizados historiado-
res: Assim, logo dewle o regresso Im-
ria o infame a armada 110 mar, permll-
nell/emenle, para /(lI fim, e (se não
houvesse confusão na memória de
Diogo Gomes) a ela perlenciam (se
mio já a armada que regressa da COI/-
quisia), aquelas alg/lmas caravelas
que, por IOrmellfa, em /4/5 ainda,
sob o comando de D. João âe CtlSlro
lerialll it/o !)(Irar às Cal/árias, eIlCOI/-
IraI/do lia volla a.~ gral/des correllles
de filar, el/lre ilhas, que muilO haviam
cuswdoa vencer.
Contado ao infante este facto,
eSle mandou. 1/0 aI/o seguil1le (/416)
um cavaleiro nobre GOl/çalo Velho,
para além (Ias Cal/árias ao longo da
beira-mar, desejando saber a causa
de tão grande corrente.
Em nossa opinião, h{1 aqui alguns
pontos em que dev~mos renectir:
- Por que razão D. João de Cas-
tro vai dar conta do sucedido apenas
<I D. Henrique e não a qualquer dos
irmãos ou outro dignitário na corte,
relaciomldo com a expedição;
- Por que é ele. D. Henrique,
quem mam/a, no ano seguinte, o na-
vegador Gonçalo Velho com uma ex-
pedição encarregado de estudar as
causas da mencionada corrente, in
loco.
E note-se que não é por acaso que
a expedição só parte no ano seguinte. Os barcO$ da lnfall/e agmpam-se paraa/acarCellla (gmvura doslculo XVI).
O facto demonstra que o infante esti-
vem a cstud<lr, por certo rodeado de mandar descobrir terras e mares pela África, empresa que partiria da costa
geógrafos. astrónomos, etc., o fenó- costa ocidental de África. Importa , do Algarve por ser a mais próxima.
menoe, por não ter encontrado expli- porém , não confundir estas e outras Os barcos que a fariam tinham de ser
caç.io para ele resolve enviar a expe- teorizações mais ou menos roman- de pouco calado, pois ignoravam-se
dição. ceadas dos cronistas coetâneos ou os fundos que iriam encontrar; ti-
Parece lógico concluir que O in- posteriores com o que terá sido, na nham de ser pequenos (50 a 100 to-
fante pretendia tirar daí os ensina- realidade, o delermil/ismo psicológi- néis , ou seja mais ou menos as dimen-
mentos científicos de que necessitava co e objeclivo da grande empresa dos sôes de casco das antigas fragatas do
para concretizar o seu sonho dos Des- Descobrimentos, na qual D. Henri- Tejo) e embarcar uma ou duas deze-
cobrimentos. que figura, no dizer acertado de Ca- nas de homens para que as provisões
A mesma fonte comenta o caso da damosto, como o Primeiro Invenlor. e mantimentos dessem para ir e vol-
expedição de 14 16 da seguinte manei- Para tal , deve ter-se rodeado de um tar. Por esta mesma última razão ha-
ra: é !,ois, a primeira grande expedi- escol de homens de ciências -histo- via que ir e voltar depressa.
ção cielltífica des/e género (Ie que há riadores, matemáticos, cartógrafos, Assim teremos que aceitar que a
memória. astrónomos, construtores navais, ca- criação da caravela portuguesa é es-
Se esta é a primeira grande expe· pitães, marinheiros, etc.-que possi- sencialmente a inteligente adaptação
dição, somos levados a deduzir que bilitaram a criação do que hoje cha- de um barco árabe de velame latino.
outras de menor envergadura tinham maríamos o Cenlro Coordenador dos reforçando-lhe ° casco para a navega-
já sido tentadas, feitas, ou estavam Descobrimen/os Porlllgllel'es, cujo ção atlântica. sem perda dassuasqua-
em curso. Admitimos ter sido, de fac- cérebro foi ele próprio. lidades de finura de querena origi-
to, nessa altura que os Descobrimen- nais, como sempre tem acontecido
tos comcç<lfam. nas coisas do mar. onde a súbita ill-
Lendo Zurara, Duarte Pacheco. DO SONHO À REALIDADE venção dum barco, em tudo inédito
João de Barros e Damião de Góis. seria incompreensível. No entanto.
encontramos as causas ou razões que O primeiro objectivo do infante tem o valor duma autêntica criação,
moveram o infante D. Henrique a era a exploração da costa atlântica de facto universalmente reconhecido. e
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