Page 247 - Revista da Armada
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2. _gr.  reco 165888. Valadas). e a leitura dos
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         deveres militares e do compromisso do jura-
         mentO perante o Estandarte Nacional.  Findo
         o juramento. a Banda da  Armada  executou
         a .MarchadeGuerra~ e o Hino Nacional que
         foi  cantado por todos os novos marinheiros.
         A cerimónia terminou com o Batalhão Esco--
         lar. comandado pelo capitão-tcnente Paes de
         ViIlas-Bôas. desfilando perante os presentes.
            Foram  muitos  os  convidados  civis  e
         militares - em especial  familiares dos aju-
         ramentados - que assistiram com interesse
         ao desenrolar do programa. quedeoorreu com
         o brilho  habitual.
            Desta incorporação. 541 daqueles recru-
         tas foram seleccionados para frequentarem os
         próximos cursos de Instrução Militar Técni-                                                       +        pa
         ca.  assim distribufdos:  artilheiros. 12: con-
         dutores de  máquinas. 96: comunicações. 64;
         radarislaS, 25: electricistas, 48: manobra, 49;
         torpedeiros-detectores.  20:  mergulhadores,
         1 4:  abastecjmento,  72;  condutores de aUlo-  restantes. ficam sem classe 192 devido à sua   Alp«to do jllramcuo de bandeiro dQs f«ndQS d6
         móveis. 31: taifa - despenseiros, 30, cozi-  inferior  classificação  na  Instrução  Militar   J. a  incorporafiJo tU /98lJ {fofo .RA. _  Rui Salto}.
         nheiros.  16  e padeiros  2:  músicos, 2.  Dos   Básica.


         Um autor (quase) desconhecido





               rte  de  navegar  ou  ciência   diferença de poucos anos, surgem   autor a comunicou à Acad6J11ia Real
               náutica?  Não  parece  que   dois instrumentos da maior impor-  de Londres, o  que permite inferir
         A haja necessidade de colocar     tância:  o  oitante,  Que  permitia   que na data em que escreve, Xavier
         esta questão, dado que se trata de   calcular  a  altura  dos  astros  com   do Rego  não está muito familiari·
         duas fases distintas da apaixonante   elevada precisão,  e  o  cronómetro,   zado com este instrumento e,  por
         história da navegação.            com o qual seria possível determi-  isso,  recorre  a  uma  transcrição,
            Podemos definir arte como um    nar a  longitude com  facilidade  e,   Fontoura da Costa admite que
         conjunto  de  regras  ou  procedi-  também,  com  O  desejado  rigor.   este manual foi usado até 1779 (2),
         mentos  para fazer  qualquer coisa   Nasce a  ciência náutica.       data que coincide com a criação da
         ou para desempenhar uma detenni-      Apesar da  evidente  superiori-  Real  Academia  de  Marinha.  Três
         nada  actividade  profissional.   dade  destes  novos  instrumentos   anos  mais  tarde  nasce  a  Acade-
         Porém,  a  prática  de  uma  arte   em relação aos da primeira geração,   mia Real dos  Guardas-Marinhas e
         sugere imaginação, poder de criar,   os pilotos portugueses demoraram   compreende-se  que  estas  novas
         intuição.  Assim  sucedeu  com  os   a utilizá·los, talvez por se manterem   instituições exigissem mais moder-
         pilotos que,  ao longo dos séculos,   muito agarrados aos antigos méto-  nos livros de ensino.
         souberam levar os çavios ao porto   dos de navegação, talvez porque os   Para o efeito recorreu-se a dois
         de  destino,  mesmo  quando  os   cronómetros, devido à sua elevada   manuais franceses.  Um deles foi o
         portugueses desenvolveram novos    tecnologia,  tinham uma produção   ~ouveau Traité de Navigation», de
         métodos  de  navegação  que  Üles   limitada e eram demasiado dispen-  Pierre Bouguer, que sabemos que
         permitiam  percorrer  com  segu·   diosos.                           foi  traduzido para o  português (l)
         rança  os  mares  desconhecidos.      Neste  contexto  tem  o  maior   apesar de não conhecermos qual·
         Mesmo neste penodo, para saber a   interesse passar uma vista de olhos   quer exemplar.  O  outro,  que teve
         posição do  navio e  apesar de ser   pelos  manuais de navegação que   uma grande aceitação, era da auto-
         passivei  determinar  a  latitude,   foram  publicadOS em Portugal até   ria  de  Etienne  Bézout  e  que,  na
         tinha de se estimar a  longitude, o   ao  fim  do  século  xvm  para  se   nossa  Ungua,  se  intitulou  aConti·
         que exigia, sem qualquer dúvida, a   poder avaliar a importância que foi   nuaçAo do Curso de Mathematicas
         intuição do piloto. A isto chamamos   dada  pelos  vários  autores a  estes   para o uso dos Guardas-Bandeiras e
         arte de navegar.                  novos instrumentos. Assim, o  pri-  Guardas-Marinhas  que  contem  o
            Mostrámos,  em  artigo  ante-  meiro manual a  que faremos  refe·   Tratado de Navegação".  Deste se
         rior (1),  que os  anos  30  do  século   rência  é  o  ccTratado  Completo  de
                                                                                 (~ <IA  Evoluç,§o da Pilotagem em Portu·
         XVIII foram decisivos para a histó·   Navegaçãol', editado em 1765 e no
                                                                              gal., ln Anaia do Clube Militar Naval, Tomo
         ria  da  náutica.  De  facto,  com  a   qual  se verifica  que  o  seu  autor,   LXI, n." J  e  2,  pAgo 95.
                                           Francisco Xavier do Rego, se detém   ri Referido  nos ..Regulamentos Para  a
                                           durante 17 páginas a  falar-nos da   Insuuç4o, Disciplina, Serviço, e  Po1fcla dos
            (I) .tA Conquista da Latitude.. ln ReviWa                         Guardas·Marinhas a  Bordo  dos  Navios.  e
         da Armada. n . .. 145/Out. J983. (O leitor deve   balestilha e do modo de a construir.   Fragatas da Rainha Minha Senhora., da 29
         alterar a  data  da primeira  linhlI da coluna   Quanto ao oitante faz uma descri-  de Junho de '184, parágrafo 6. Erlstem edi·
         central da pAg. 22 de J973 para  J131).   ção  da  mesma  forma  que  o  seu   ç6es franceaas de 1160, 1769. 1181 e  1792.

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