Page 237 - Revista da Armada
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Quadro n  o 3
                    P.OVI          RK .• "llrio.   FIK. actuII   R..:o<dlltl

              Prova de obstáculos    3.07      2.40      Cadete FZ Costa (FFC)
                                                         0
              Natação salvamento      1.32     1.19.7   2. -ten.  Fernandes (E.FUZ)
               Destreza  marinheira   8.41     6.45    1.°-mar.  FZ  Lopes (E.FUZ)
                                                         0
                Natação utilitária    1.26     1.23.5   2. _ten.  Fernandes (E.FUZ)
                Corrida anffbia      12.46    11.09    Cadete E  Marques (CEFA)

              PontuaçAo  individual   33.42   45.05    Cadete E  Marques (CEFA)
               Pontuação colectiva   81.24    13.26.3          CEFA

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          o magnetismo terrestre






               e fosse possível encontrar uma solução pláslica gosta-  não aconteceu, como em breve vamos ver.  Primeiro, por má
               ríamos  de,  um  dia,  com  a  devida  pompa,  assistir  à   avaliação, depois, quando se encontrou uma solução correcta
          Sinauguração  de  um  grande  monumento  em  que  se   e adequada, já era tarde.
          prestasse homenagem ao magnetismo terrestre. Consideramos   Um dos grandes problemas do tempo das Descobertas foi
          que os  marinheiros  muito devem,  há  longos séculos,  a este   a  detenninação  da  longitude.  Uma  das  muitas  soluções
          fenómeno,  imperceptível para os nossos sentidos,  mas que é   preconizadas  foi  o  recurso à declinação magnética.  João de
          capaz de orientar uma agulha de marear e pennitir manter o   Lisboa admitiu que a declinação magnética variava,  propor-
          rumo de  um  navio  pelos  mares desconhecidos.     cionalmente. com a diferença de longitude,  à  razão de uma
             Se,  clima dissemos,  não  sabemos  concretizar este  fenó-  quarta (11.25 graus) por cada 250 léguas, nas latitudes de 30
          meno da natureza, não temos qualquer dúvida, no que respeita   a 45°, até atingir os meridianos a 90° (3). Como origem deste
          ao que deveria ficar  gr.avado  na pedra do monumento.  Nela   sistema de coordenadas, estabelece o meridiano vero onde as
          seria escrito que foi no longínquo OIiente onde, pela primeira   agulhas silo fixas  no pólo do Mundo,  o que quer dizer que
          vez e no perder dos tempos, um engenhoso chinês (possivel-  a declinação magnética era nula.  Quanto ao  meridianó vero,
          mente) meteu um pedaço de arame de ferro magnetizado num   considera que passa entre a ilha de Santa Maria e a ponta de
          fino  bambu e  verificou que este conjunto ganhava sempre a   S.  Miguel, nos Açores, entre as ilhas de Cabo Verde, por cima
          mesma orientação quando era posto a flutuar numa vasilha com   de S.  Vicente, e entre o cabo da Boa Esperança e o cabo Frio,
          água.                                               meridiano impossfvel, dadas as diferenças de longitude de cada
             Seria ainda referido que esta ideia foi  trazida para a Europa   um dos locais mencionados. mas de que João de Lisboa não
          e que Flávio Gioia, de Amalfi, nos primeiros anos do século   se  apercebia.
          XVI, ligou osferros a uma rosa-de-ventos. Em 1537 já o sis-  Que  o  método era tentador,  não  há  qualquer dúvida.  O
          tema dispunha de uma balança que o tomava  independente   piloto, a bordo, calculava a latitude com precisão (a precisão
          dos  movimentos do  navio  (I).                     da época, evidentemente), determinava a declinação da agulha
             Foi assim que a agulha de marear entrou em Portugal. Mas   e,  imediatamente,  sabia  a  posição do  navio.
          na pedra, seriam também mencionados os nomes dos primeiros   D. João de Castro, em viagem para a Índia, depois de efec-
          portugueses  que  estudaram o  comportamento  da  agulha  de   tuar um grande número de medições da declinação magnética,
          marear,  como  João  de  Lisboa,  Pedro  Nunes  e,  em  letras   concluiu  que não  eKistia  qualquer correlação entre  esta  e a
  •       gordas, D. João de Castro que, não só nos deixou uma profu-  longitude.  Di-lo no seu .. Roteiro de Lisboa a Goa,., de 1538,
          são de observações feitas  ao longo das  suas  viagens.  como   e,  assim,  parecia  que  o  método  estaria  definitivamente
          deu  conta,  pela  primeira vez,  do desvio da agulha.   condenado, o que não aconteceu, pois até no século XIX ainda
             Pensou-se  que  a  variação  da  agulha  (2)  que,  naqueles   havia quem  nele acreditasse  (4),
          recuados tempos,  não se sabia a que era devida, poderia ser   Fontoura da Costa (5), citando Andrade Corvo, refere que
          utilizada para determinar a posição do navio no mar. Mas tal   o jesuíta italiano Cristóvão Bruno (ou Borro), em Lisboa, no

            (I) Mais tarde.  ma balança, dtsignaçdo genuinamJ!nte ponug~stl, parsou
          o chamo,-se cardan.  Ver Fontoura dn  Costa,  «Ã Marinharia dos Dl'Scobri-
          men/Qs_,  4. a  ediçoo,  1988, pdg.  170.
            (2)A  variaçdo (magnbica) dn agulha I igual à soma diJ dec/i~o mag-  (3)  «Livro de Marinha_,  cerca de  1514.
          nbica mais o de~io do agulha.  Conw nos Ml"ios de madeira a mriaçOO dn   (4)  Verdo aU/or Um Méllxlo de navegação ... errado, in «AMis do Clube
          agulho era igual à decliMçdo magnltica, por ser nulo o desvio dn agulha,   Militar Nal-'/ll,..  1'01.  CXVI, JulISet.  1986,  pdgs.  457-464.
          passánws a usor, a partir de agora.  a desigl1DçlJo de dec/iMç/Jo magnifica   (5)  Fontoura da COSta . ..A.  Marinha dqs Descobrimentos .. , Ediçbes Cul.
          em vez de  I-'/lriaçdo  da agulha.                  turais da Marinha , Lisboo,  1983,  pág.  195.
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