Page 321 - Revista da Armada
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                             A






            ((SAGRES))


















                     I                             V                             IX
             Linda barca  Sagres           Que  no  Mundo  relembres      Da  luta  titânica
             Meu cisne gigante             Os «Heróis do  Mar»            Há  marcas,  há danos
             Do Tejo,  te abres ...        Tão bem  os  entendes          Na  grande  floresta
             Leques deslumbrantes          No teu  marear                 De mastros e  panos.
             De tecido branco              Quando nuvens escuras          A borrasca amaina
             Caem-te das  vergas           Sujando as estrelas ..         Sob o Sol  ardente
             Como por encanto              Trazem  fainas  duras!        Continua a faina

                     fi                            VI
             Da  rua  roezena              A  ranger  no plleame                 X
             P'Ja brisa enfunada           Forçadas  lamúrias,            Sagres,na bonança,
             No meio,  acena               A uivar no  massame,          Como leve pluma
             A cruz encarnada              Dos ventos  as  fúrias!        Suave balança
             Que O Mundo conhece ...       O abismo rugindo ...           'scorregando em, Spuma!
             E,  porque é  sagrada,        Vagas  com  bocarras           Marujos sorrindo ...
             Jamais  a  esquece!           Fechando e  abrindo! ...       Nas  mãos  a guitarra
                                                                          Na  boca,  o cachimbo.
                     m
             À volta da Terra                      vn                            XI
             Em longos cruzeiros           Aí se agigantam                Dorme a  natureza
             Preparas  p'rá guerra         Sagres,  teus  rapazes! ..     Nem  brisas,  nem  vento
             Bravos marinheiros            Os  medos se espantam          Nasce a  incerteza.
             De têmpera e arte             D'homens tão audazes          Tédio.  desalento  ...
             Aludida ao centro             Ao  leme agarrados!           Um peixe a  voar
             Do nosso  estandane           P'los clarões dos raios        Por vezes a1tera
                                           Fantasmagoriados! ...         O espelho do mar!

                     IV                           vm                             xn
             Garboso veleiro!              E.  de  dentes cerrados,       Noite de Natal
             Escola d'almirantes!          Nas enxárcias  voando,        Brilha o  firmamento
             Fecundo .. viveiro»           Às  vergas  colados,          Sobre um  mar de prata
             De bons  mareantes.           As  velas  ferrando.          A Sagres  no  centro
             Tens  vento ou brisas?        Da cruz.  o encarnado,        Guitarras  na  proa!
             Bússola ou  estrelas?         Com gotas de sangue           Há  fado!  Há  saudades
             Nada mais  precisas  ...      Se  vê  aumentado! ...        Da linda  Lisboa!
                                                                                             Manuel  Vieira,
                                                                                                 J."_sarg.  E


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