Page 321 - Revista da Armada
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((SAGRES))
I V IX
Linda barca Sagres Que no Mundo relembres Da luta titânica
Meu cisne gigante Os «Heróis do Mar» Há marcas, há danos
Do Tejo, te abres ... Tão bem os entendes Na grande floresta
Leques deslumbrantes No teu marear De mastros e panos.
De tecido branco Quando nuvens escuras A borrasca amaina
Caem-te das vergas Sujando as estrelas .. Sob o Sol ardente
Como por encanto Trazem fainas duras! Continua a faina
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Da rua roezena A ranger no plleame X
P'Ja brisa enfunada Forçadas lamúrias, Sagres,na bonança,
No meio, acena A uivar no massame, Como leve pluma
A cruz encarnada Dos ventos as fúrias! Suave balança
Que O Mundo conhece ... O abismo rugindo ... 'scorregando em, Spuma!
E, porque é sagrada, Vagas com bocarras Marujos sorrindo ...
Jamais a esquece! Fechando e abrindo! ... Nas mãos a guitarra
Na boca, o cachimbo.
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À volta da Terra vn XI
Em longos cruzeiros Aí se agigantam Dorme a natureza
Preparas p'rá guerra Sagres, teus rapazes! .. Nem brisas, nem vento
Bravos marinheiros Os medos se espantam Nasce a incerteza.
De têmpera e arte D'homens tão audazes Tédio. desalento ...
Aludida ao centro Ao leme agarrados! Um peixe a voar
Do nosso estandane P'los clarões dos raios Por vezes a1tera
Fantasmagoriados! ... O espelho do mar!
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Garboso veleiro! E. de dentes cerrados, Noite de Natal
Escola d'almirantes! Nas enxárcias voando, Brilha o firmamento
Fecundo .. viveiro» Às vergas colados, Sobre um mar de prata
De bons mareantes. As velas ferrando. A Sagres no centro
Tens vento ou brisas? Da cruz. o encarnado, Guitarras na proa!
Bússola ou estrelas? Com gotas de sangue Há fado! Há saudades
Nada mais precisas ... Se vê aumentado! ... Da linda Lisboa!
Manuel Vieira,
J."_sarg. E
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