Page 114 - Revista da Armada
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Voz da Abita








          CARTAS AO  DIRECTOR

             Dos nossos leitores e amigos re-
          cebemos  a  seguinte  correspon-
          dência:
             Do .PezinhoSlo, cabo M, Lisboa,
          recebemos a carta que transcreve-
          mos  na  integra:
             Locutores elou entrevistadores ...
             Não tenho nada de especial con-
          tra os locutores da nossa televisão
          e o que vou dizer não se aplica a to-
          dos, mas apenas a alguns.
             Sei perfeitamente que ninguém,
          a não ser esses tais locutores, pode
          ser omnisciente  ... lsso só Deus Nos-
          so Senhor!
             Mas, a verdade é que a nossa te-
          levisão põe alguns dos seus locuto-
          res  a  tratar  de  todos  os  assuntos
          passiveis e imaginários -  astrono-
          mia, poluição. meio ambiente. incên-
          dios,  eucaliptos ... eu  sei  lá, não  há
          nada que eles não saibam, ou me-
          Ihor, que julguem  não saberl
             Professores catedráticos,  juizes
          conselheiros,  altas  patentes  milita-
          res, polfticos, autarcas ... todos llcam
          ofuscados  e  perplexos  pelo  muito
          que sabem certos locutores que os
          entrevistam.
             Não percebo, sinceramente, que
          se convide um senhor para ir à tele·
          visão esclarecer qualquer assunto,
          em que é especialista, e em vez de
          o ouvirmos a ele, que sabe o que diz,   sárlas.  Talvez fosse por instinto de   ra o entrevistado com olhos de ver,
          ouçamos,  sobretudo,  o  entrevista-  defesa,  por não conhecer o assun-  consideraria  que  se  tratava de  um
          dor, que não sabe, e que, ainda por   to,  mas a verdade é que,  para nós   convidado e, portanto, devia ser re-
          cima o  não deixa falar..,  para falar   que estávamos  Interessados  em fi-  cebido e tratado com u  devida cor-
          ele!                              car esclarecidos,  melhor  seria que   tesia.  E  mais,  que  estava  ali  a
             Vem este mal alinhavado intróI-  ela ficasse caladinha  ... Assim, deu a   representar a Marinha que julgo tam-
          to a propósito de um bate-papo tele-  impressão  que  se  tralou  de  um   bém digna de respeito e considera-
          visivo entre uma entrevistadora, das  julgamento em que o réu - a Mari-  ção.  Não era a televisão que estava
          tais  que sabem tudo, e um distinto   nha - estava antecipadamente con-  a fazer  o favor de ouvir a Marinha,
          oficial da Armada, versando o desas-  denada/                        mas sim esta a fazer o favor à televi-
          tre  ecológico que ocorreu no  arqui-  A agravar a situação via-se um   são de esclarecer um assunto de in-
          pélago da Madeira, provocado pelo   entrevistado calmo e corretissimo e   teresse  nacional.
          derramamento de crude por um pe-  uma entrevistadora agressiva e mal    Se na televi~ão - reafirmo que
          troleiro,  nas suas águas.        educadal  Não sei  como o primeiro   não são  todos -  há locutores que
             Pois como ia dizendo, a entrevis-  resistiu. Ai se fosse eu, que sou ca-  não  respeitam  as  pessoas,  então
          tadora fazia a pergunta, o oficial c0-  bo, por definição de letras gordas e   que respeitem ao menos o que elas
          meçava a responder, e bem, e logo   pouco polido e,  ainda por cima, for-  representam. Aquele senhor, Impe.
          ela o interrompia com  observações   mado em  Alfama e na Mouraria!   cavei na sua farda azul de botões de
          descabidas ou perguntas desneces-     Se a senhora tivesse olhado pa-  âncora, representava uma CorpoTa-

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