Page 266 - Revista da Armada
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                                            S!4.-
                                                                                          Pelo vlalm. Silva Braga
           III - O ((LambuçaSJJ






           Em  Pl eno  Ínclico.  3  de  Mar ço de   ore1bss e fazendo as demais diabru-  ç40 e despedida que nos haviam si-
           1952 (')                           ras  que imaginar se possam.      do dispensadas.  Tal não sucedeu,
                                                 Mas a paci~ncia tem limites e o   ponJm. É que A hora da partida fal-
              ( ... )  Como  por encanto,  come·   cão, levantando uma das patas que   tava  um companheiro  -  o  nosso
           çam 8  afluir à proa dezenas de ho-  deixa  cair perigosamente sobre o   NLambuças., o cãozito que tanto e
           mens  bem  dispostos  e  [olgazoos,   corpo  !rllgU  do  NChicolI,  começa   todos estimavam e que a estas ho-
           corpos tisnados que o ar dos mares   agora  a  mostrar-lhe  os  dentes  e,   ras andaril perdido pelas movimen-
           PJ  enrijeceu.                     inesperadamente,eis que persegue   tadas ruas de Cape Town, sabe-se
              Entretenho-me a observá-los. lá   numa corrida desabrida oamedron-  111 com que dor, após haver dado pe-
           do alto, e as suas conversas anima-  tado macaquiCo. Mas este facilmen-  la  falta  da  sua  casa  e  de  tantos
           das e  hilariantes distraem-me.    te se  v~ livre do seu perseguidor.   amigos que lhe prodigalizavam ca-
              Eis  que,  de repente,  todos os   De um pujo vai para o  vergueiro,   rinhos  Imensos.  Atéi  o  "ChiCOII,  o
           olhares convergem para um ponto    deste sobe para a ponte baixa pelo   macaquico,  coitado,  passa os dias
           que nilo está dentro do meu cam-   emaranhado de cabos de um teque   empoleirado no alto de uma verga,
           po visual.  Que serA,  que nilo será,   e daqui A ponte alta é mais um pu-  triste pela falta do seu companhei-
           8  desespero-me porque a minha cu-  lo. Refugia-se ent.§o no meu colo e   ro de brincadeiras, olhando tudo e
           riosidade nio 8 satisfeita imediata-  lá  do  alto  observa  altivamente  o   todos  indiferentemente  com  uns
           mente. Afinal de contas, nada mais   nLambuças/J que não se cansa de la-  olhitos onde parece não haver vida,
           que o II'LambuÇ8S.1I e o /(Chico», o tal   drar, ameaçando-o talvez, ou talvez   ou  então,  vai  carpir  as  suas  má-
           maca quico já nosso conhecido. que   propondo-lhe  tréguas.  Nada  feito.   goas nos bracitos frágeis  da  gata
           se entretêm agora numa amigável   Desiste então e vai ocupar pachor-  ItMarjaJI.
           brincadeira  á  proa,  rodeados  por  rentemente li sua primitiva posiç4o.
           um numeroso grupo de marinhei·     O macaquito presente li acalmia da   Extracto  de  um jornal de Cape  7'own,  de
           ros.  O cAD,  estendido ao comprido   situação e,  mais depressa  do que   Abril d. 1952 (uadUÇllo)
           com o focinho entre as patas dian-  possa supor-se, 111  esUf ele de novo   FOI A DERIVA  UM CÃO DE UM
           teiras,  tudo vai consentindo A me-  a  martirizar o  pobre animal ...
                                                                                NAVIO DE GUERRA
           dida  que  o  macaquito,  com
           requintes da sua caracteristica gra-  A  caminho de Angola. 9  de Abril   Perdeu-se  o  ltLambuças»,  um
           ciosidade, lhe vai pujando para ci-  de 1952                         cão,  mascote  do navio  de guerra
           ma, puxando a cauda, mordendo as                                     POrtuguês  .Afonso  de  Albuquer-
                                                 ( ... )  Depois de tudo isto lógico   que., que largou de Cape Town na
                                             seria que a bordo reinasse a melhor   segunda-feira.
           (') A  bordo do aviso de 1 .•  c~ llAfoflBO
           de AlblJquerqullll.               das disposições em vista da recep-    O consulado portugu~s de Ca

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