Page 310 - Revista da Armada
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Atravessou 8 vezes os 7 mares (da China, Sulu, é para casa», andavam sempre mais do Que era nor·
Sulawesi, Cerém, Molucas, Banda e Arafura - que mal. Nós também vínhamos para casa, depois de uma
separam Macau de Timor), ausência de cerca de 17 mesesl
Entrou nos portos de escala e no de Lisboa, osten- E, para terminar, e antes de transcrever a certidão
tando no tope do mastro uma flâmula com o compri- de óbito do navio, quero deixar aqui, em nome de to-
mento de 200 metros (dois por cada mês de comissão dos que nele serviram a Nação e a Marinha, a nossa
além dos 6 primeiros). profunda saudade e gratidão pelos bons momentos
Suportou dois violentos tufões, um em Macau, o que nos proporcionou. Quanto aos maus, esses
«G1óriall, em 23 de setembro de 1967; outro em Hong esquecêmo-Ios já, ou perdoamos·lhos ...
Kong, o «Wanda», em 1 de Setembro de 1962. Ambos
violentos, o segundo foi considerado o maior que neste «Portaria n. o 20. 844 de 4·11·1964: Manda o Gover·
século assolou o porto de H. Kong. Em ambos o com- no da República Portuguesa pelo Ministro da Marinha,
portamento das guarnições foi meritório, actuando abater ao efectivo dos navios da Armada o aviso de
com desembaraço, competência e coragem, salvando 2.a classe "Gonçaives Zarco»!
o navio de naufragar, como sucedeu a outros estacio- Assim mesmo, com a secura dos documentos
nados nesses portos na ocasião. Provou·se assim, mais oficiais.
uma vez, que as qualidades marinheiras dos portugue·
ses ainda se não perderam ... M. do Vale,
c/alm. - o seu último comandante, com a cernura de um filho.
Dos seus 31 anos de serviço, passou 20 fora dos
portos do Continente.
Pode estimar·se em cerca de 200 os oficiais, 360 NOTAS
o de sargentos e 2 500 o de marinheiros que por ele - Segundo averiguou o caplUlo de Marinha Mercance e nosso
passaram. colaborador José E. Ferreira dos Santos. os cascos do .. Velho.o e dO
As máquinas trabalharam cerca de 31 000 horas .2arcott. servem ainda hoje de batelões de carga da Empresa de Trá-
fego e Estiva. deSde 1967, com os nomes de .Cs1fope. e .Olisipo.,
e as caldeiras 37 500. respectivamente.
Percorreu 366 500 milhas, o que equivale a cerca - Um almirance que nos merece toda a coIIsideraç40, e que an·
de 17 voltas à Terra, pelo Equador. dou mulCo tempo embarcado no »VelhO<t, veio protestar por, no ar-
Durante uma estadia na lndia (1956) a guarnição tigo que publicámos no n.-223 desta RevisflI sobre esse navio,
teve oportunidade de reparar a central eléctrica de lermo. aflrmado que ( ... ) ./oi um navio com sorte - n40 apanhou
gT811des temporais. n40 suportou nenhum tuJí10 nas suas comiss6es
Mormugão dando assim liberdade de utilização dos no Extremo Orienle, nunca esteve em risco de naufragar e propor·
guindastes do cais. cionou a todas as guamiÇl5es uma estadia agradáve/e relativamen·
A viagem de Macau para Lisboa, apesar das preo- ce pacJflC/lll.
cupações que nos causava o mau estado geral do na- Tem raMO o almirante. Realmente, a afirmaçlIo ê um tanto Optl'
mista. O . Velho», como todos os navios que andam no mar, esteve
vio e de alguns componentes das máquinas, correu
suisico a riscos de variads natureza. Se n40 apanhou nenhum tu-
sem qualquer percalço. Deu-se até o caso de ele ter filo, passanlID·1he alguns de perto, com as desagradáveis consequên·
tido um andamento algo superior ao que era costume, das que muitos de nÓ8 8Xpcmmenrámosl Tambl!lm ViveU sltuaçOO6"
o que me faz lembrar aquela história verdadeira dos delicadas em que estBve na Imm4nClll de ter de US8I as suas 4tmas
Pelos SUlitOS vividos, pelas muitas noites perdidas. pelo balan-
rebocadores do Arsenal que transportavam as licen-
ço. pejOS enjoas ... que sofreram as suas várias gt.!/U7liç6es, peço des-
ças dos navios do Quadro para terra que. à voz do pa· culpa pela ligeireza com que encarei o assunto, froco talvez do muitO
trão dada para a casa das máquinas, !!à vontade que que eu próprio sofri com tudo isso ...
Terminologia Naval
• SALVADOS - Todos os artigos • SAMPANA - Embarcação de b0- • SANGRAR-SE (UMA NUVEM) -
e materiais que se conseguiram ca aberta, usada no Extremo Oriente Produzir a nuvem chuvIscos fracos
salvar de um naufrágio ou Incêndio. para transporte de passageiros ou a que se dá a designação de .. san-
de carga. gria da brisa-o
• SALVA-VtDAS - Embarcação
destinada ao salvamento de náufra- • SANEFA - Cortina de lona para • SANTA BÁRBARA - Designação
gos, para o que é dotada dos meios resguardo do sol. chuva ou vento. por que antigamente era conhecida
adequados, dentre os quais caixas Cobertura de lona para recobrir as a praça de armas ou o paiol da pól-
de ar que lhe asseguram lIutuabili- bancadas das embarcações miúdas vora. Esta designação parece provir
dade suficiente para não afundar. quando transportam sargentos. do facto de Santa Bárbara ser a
santa padroeira dos artilheiros.
• SAMATRA - Temporal caracte- • SANGRAR (UM CABO) - Ofen-
rizado por trovoadas, aguaceiros e der cordão ou cordões de um cabo • SANTO - Conjunto de três pala-
ventos violentos que se desencadeia por Introdução de uma agulha ou de vras ou frase confidencial constituin·
nas imediações da ilha de Samatra. espicha. do o santo, a senha e a contra·senha
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