Page 9 - Revista da Armada
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Batalhas e combates





         da Marinha portuguesa (XXXII)






         PAGO  (11  de Julho de  1520)

         Tendo tido conhecimento.  por inlermé·
                                                                                   PAGO-1520
         dia de  D.  Aleixo de Meneses e de Fer-
         não Peres de Andrade, da situação crítica
         em  que  haviam  deixado  Malaca.  por
         causa  da  guerra  que  lhe  fazia  o  rei de
         Bintào. Diogo Lopes de Sequeira apres-
         sou-se a  enviar  imediatamente para  lá      '::-:: ••  1(>joI ••
         Garcia de Sá com uma nau carregada de
         mantimenlos. armas e munições, e, mais
         wde, cm princfpios de Maio, mandou-
         -lhe António  Correia  (filho  do  c~lebre
         feitor Aires Correia que fora morto cm
         Calicut  no tempo de Pedro Álvares Ca-
         bral) com uma annada de socorro cons-
         titurda por uma nau, uma caravela e um
         bergantim em que iam embarcados cenlO
         e  cinquenta  portugueses.
            Quando  António  Correia chegou  a
         Malaca, a situação da cidade era de facto
         angusliante. Apesar dos reforços levados
         por Garcia de Sá. o número de  homens
         capazes de pegar em armas encomrava-
         -se de lal  modo reduzido que os  ponu-
         gueses  mal  se lureviam a  sair da  rona-
         leza.  As  tropas  do  rei de  Bimôo  man-
         tinham-se em  permanência  na  perireria
         da cidade  impedindo os  aldeões de  lhe
         levarem quaisquer mantimentos, ao mes-  __ o,
         mo tempo que as suas lancharas e cala-
                                                 I
         luzes interceptavam todos os navios que   ,.
         se dirigiam  para  Malaca.  obrigando-os
         a seguir para Pago que, dia a dia.  se ia
         tomando  mais  rone e  mais  rica.
                                             "
            Com a chegada de António Correia,   '.
         esta situação modificou-se radicalmente.
         Os  navios portugueses escorraçaram os
         navios  de  Bintão  das  imediações  de
         Malaca  e  garantiram  a  protecção  dos
         juncos que a ela se dirigiam ou que dela
         largavam.  Simultaneamente.  os nossos
         soldados voltaram a guarnecer as  lran-
         queiras  que  protegiam  a  cidade  onde.
         durante  mais de  dois meses,  repeliram
         numerosos assaltos das tropas do rei de
         Bimão, causando-lhes tantas baixas que,   o  bergantim  com  cerca  de  oitenta  ho-  timentos  e  Ires  naus de  mercadores de
         mais uma  vez,  foram  rorçadas a  retirar   mens.  Depois de ter negociado um  tra-  Bengala  que  encontrara  em  Pacem  e
         para  Pago.                       tado  de comércio  com o  rei  do  Pegú,   obrigara a ir a  Malaca.  Pode  imaginar-
            Considerando a situação sob contro-  regressou  àquela  cidade  em  Junho  de   -se a alegria que causou na cidade a che-
         lo,  António Correia paniu para o  Pegú   1520, levando em sua companhia, além   gada simultânea de todos estes navios e
         com  a  sua  nau,  a  14  de  Setembro  de   da  sua  nau  ricamente  carregada,  cinco   O suno de actividade comercial que dela
         IS 19, deixando em Malaca a caravela e   juncos a abarrotar de arroz e outros man-  terá  resultado.

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