Page 377 - Revista da Armada
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Aventura







         no Monte Branco










               hamoniX  foi  o  ponto  de  partida.  Situada  num
               vale profundo, ladeada pela cordilheira do Monte
         CBranco  que  se  ergue  a  uma  altitude  de  4807
         metros, sendo o ponto mais alto da Europa Ocidental,
         é  a capital do Montanhismo.
             Foi  com este pano de fundo que quatro elementos
         do corpo nacional de Escutas. pertencentes ao Agrupa-
         mento 75, sediados na Escola Salesiana do Estoril, se
         lançaram à  comqulsta do Monle Branco. As suas ida·
         des iam dos  19 aos  41  anos;  para além  do signatário
         aqui  ficam  os  seus nomes para a posteridade:
            José Pinto (filho do CALM Leiria Pinto), Jorge Emf-
         dia e Henrique Botequilha.
             Esta aventura começou há um ano atrás, com a re-
         colha da bibliografia sobre um empreendimento deste
         tipo, que envolvia entre outros assuntos a escolha do
         percurso, material a utilizar, estudo da fisiopatologia do
         esforço em  altitude,  etc ..
            Percorremos varias vezes a Serra da Estrela, trepá-
         mos a Serra de Sintra, ouvimos vários montanhistas con-
         sagrados,  fizemos  as  mochilas  e em  2  de Setembro
         partimos para França.
            O nosso jeep, cedido gentilmente pela AGAA TT (As-
         sociação para a gestão de actividades em todo o terre-
         no), pintado  com  as  cores  da Tudor,  que  foi  o nosso
         patrocionador, chegou  a  Chamonix  três  dias  depois,
         após algumas paragens para descanso e as  habituais   Em ChamoniK no largo princifNJf.
         compras em  Andorra.
            Nos  dias  anteriores  à  subida  fizemos  treinos  de   Ainda no parque de campismo, em  Chamonix, on·
         adaptação ao gelo e altitude, no Mer de Gface e no cu-  de estivemos estacionados, era vulgar verem-se a toda
         me de Las Grands MonteIs.                           a hora helicópleros de abastecimento e de socorro, no
            Todos os dias famas ao Bureau das Guides de Mon-  ar, numa movimentação só comparável aquela que eu
         tagne, para consultar as previsões melereológicas, e fi-  linha visto na Guiné, em dias de grandes operações. Na
         nalmente tivemos luz verde para o dia 9 de Setembro,   realidade, no perlodo em que estivemos em Chamonix,
         com bom tempo sem precipitação e vento de força dois.   ocorreram diversos acidentes com montanhistas, de que
            Partimos para Le Fayel, uma vila a cerca de 20km   resultaram vários mortos e feridos, e inclusive a queda
         de Chamonix, onde apanhámos um  comboio de mon-     de  um  dos  hélis numa acção de salvamento.
         tanha, que nos deixou num local chamado Nid d'Aigfe    O caminho era tortuoso e Ingreme, no melo de pe-
         a 2300 metros de altitude. Os passageiros deste com-  dras brancas que contrastavam com a cor vermelha da
         boio eram um misto de alpinistas equipados para Mon-  terra.  Chegámos  então  ao  refúgio  do  Téte  Rousse  a
         le Branco e  famllias  munidas de farnel  para passeio.   3167 metros, após várias horas de progressão. Aqui en-
            A  partir  deste  local  começava  a  ascenção,   contrámos o primeiro glaciar, e neste local pararam os
         encontrando-nos todos ainda com muitas dúvidas sobre   turistas que se tinham afoitado até aquelas paragens.
         a facilidade ou dificuldade daquilo que irfamos encon-  Foi altura então de colocar crampons, (bicos de aço que
         trar. Nos dias anteriores os treinos que nos levaram a   se  adaptam às solas das botas para melhor aderir ao
         altitudes para cima dos 3000 melros, tinham fornecido   gelo), de facto. o gelo já estava a pedir, e foi um aperiti-
         boas  indicações,  não  havendo a registar sintomas de   vo  para o parlado  mais técnico da subida.  Tratava-se
         AMS (Acute Mountain Sickness) ou vulgarmente conhe-  de passar uma parede no sentido horizontal, com  aju-
         cido por mal  da montanha.                          da de material, não faltando para além do arnês, mos-

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