Page 237 - Revista da Armada
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traram-se naturalmente em Lisboa e assu-
        miram cada vez mais o carácter de encontro
        entre a Marinha e a própria sociedade civil,
        através de múltiplas iniciativas de natureza
        cultural, recreativa,  desportiva ou simples-
        mente  representativa.
          Depois, o Dia da Marinha deixou o habi-
        tual simbolismo de um cenário privilegiado
        em que o Tejo era a figura mais marcante e
        foi ao encontro das populações do litoral.
          Porlo e Matosinhos, Ponla  Delgada,
        Funchal, Peniche, Aveiro, Figueira da  Foz,
        Portimão, Sines, Viana do Castelo e tantas
        oulras localidades, puderam então ver a                                                   J972: o DÍII dJl  MJlrinllll  (III
        "sua" Marinha e testemunhar, com inequí-                                                  MdJlllguLr (Ligr.t NiassIIJ
        voco entusiasmo, a grande simpatia e apre-  primeiro do hino nacional se inicia com   A Marinha é uma expressão viva e actu-
        ço que as populações nutrem pelos "seus"   "Heróis do mar, nobre povo ... ", numa mar-  ai do nosso imaginário popular, juntando,
        navios e marinheiros.                eante  união  entre o povo e o mar, de que a   na  mesma  ideia, o destino dos que viaja-
          Na realidade, para  urna grande parte da   Marinha é o principal suporte. Para quem.   ram por mares remotos e os que nunca
        população portuguesa, a Marinha  não é   alguma  vez, teve o privilégio de visitar
        apenas uma  força  militar, mas representa   comunidades de emigrantes portugueses,
        também  um dos mais estimados símbolos   sobretudo  a  bordo  da  emblemática
        da  nossa  herança  histórica, do nosso patri-  "Sagres", não há quaisquer dúvidas a este
        mónio cultural e até da nossa  identidade   respeito.
        nacional, nela  se objectivando a própria   E que a Marinha não são apenas  os seus
        ideia de país. E não é por acaso que o verso   2O.cxx) homens  e os seus navios.


                                     o descobrimento                                               ~



          do caminho marítimo para a lndia





          No dia  8 de Julho de  1497,  depois  de   A tripulação  da  armada  de  Vasco  da
         alguns  anos  de  preparação,  largou  do   Cama seria da ordem dos 170 homens.
         Tejo  uma  frota  de 4 navios  comandada   A frota  navegou  até às  ilhas  de Cabo
          por Vasco da Cama, com o objectivo de   Verde, onde  se  reabasteceu  e  teme-
          atingir a fabulosa  india.  Eram  duas  naus   rariamente  fez-se  ao  largo  do  Atlântico   -
         de  pequeno calado e  velas  redondas,   Sul, para  aproveitar os ventos mais favo-
          cada  uma  com  cerca  de  100  toneladas,   ráveis.  Depois de 93 dias sem ver terra e
          uma caravela de velas latinas de cerca de   de  mais de  6000  km  de  navegação por
          50 toneladas e um navio de mantimentos   mares  até então desconhecidos, foi  aviso
          com cerca de 200 toneladas.         tada a baía de Santa Helena, nas proximi·
                                              dades do cabo da Boa  Esperança.
                                               Contornado o Cabo  que  Bartolomeu
                                              Dias  vencera  em  1488, a frota  seguiu
                                              pela cosia oriental  de África até Melinde,
                                              onde embarcou um piloto árabe que con·
                                              duziu os navios portugueses a Calecute.
                                               Estava  consumada  a ligação  marítima
                                              entre a Europa e a índia.  "Até então,  não
                                              houvera  nenhum  feito  de  navegaçâo de                 •
                                              igual amplitude",  segundo  escreveu                    U I ......... :!" ,
                                              Daniel  800rstin  na  sua  tâo  divulgada
             ~.--,  .. '-'--, _ .....  - ---  obra "Descobridores". Mais de dois anos
                                              depois  de  partir. a frOla  entrou  triun-
                          o#->  -
                                 ........ _
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             -- --  ~ ..... -.- ~; -  .       falmente  no  Tejo.  Os  porões  das  naus   ,!::,' :.   -: )   -,
                    ----"--_ ... - ~ ._.-
                  .....:  "--- ~ -~- --,--
                                              vinham  carregados  de  especiarias e a
                   _.- .. - ..  _-~-
            -':-.'  ___ .. l._'  ...  __ ..... ,  __ o.   Europa  e  o Mundo  iniciavam.  nesse   PágiM do 'Livro das!ttmadM' da Ac~ia das
            -:.:.. :. --;.:,:' -:':: -.::.:: :.:::::~   Verão  de  1499,  um  novo  período  da   CiMcw  de l islx»~, q~ ~u a atmMU de
                                  - --
              ~  - ---" ---'- .. :-:----.-_ .   História.                         ViSCO da CatN qUf' ~f!04J do Tejo em 8 de Julho
            _.0            _: ••               Ao contrário do que sucede com outras   de  /497
                        _.  ''':.:: ... -.
                   . _ .. ---...; -.-         grandes  viagens  dos  Descobrimentos   ~relações~ das armadas da índia, designa-
                   -- _ .. -... :....- ..... .
                                              Portugueses, nomeadamente  com  as de   damente  o  conhecido  ~ Uvro  das
                                              Diogo  Cão,  Bartolomeu  Dias e  Duarte   Armadas" da  Academia  das  Ciências de
          Primeif~ J»giflJ do te/~IO da viasem ck Vasco da
          G.ima, conservado na Biblioteu Mu"ici~1 do Pano   Pacheco Pereira, existe um  relato da  via-  Lisboa, onde é descrita  ou  figurada  a
          e dtribufdo dÁ/varo Velho           gem.  Por outro  lado, existem  diversas   frota de Vasco da Cama.
                                                                                            RbvlsrAeARMAIM.  • JULHO 92  19
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