Page 239 - Revista da Armada
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«O Tejo à minha beira»
serra de Albarracim em Espanha
yê nascer este formoso rio, com
A plenas características e direitos
de rio intern<lcional, europeu, ihérico.
autêntico elo de união dos dois países
penin~lIlares, antigas nações eurOI>eias,
com uma marcada origem comum,
tidas como irmãs. mas tantas vpzes
fNozes rivais no decurso da sua já
longa existência histórica.
No seu serpentear em trajectória des-
cendente, diagonal, vai igualmente
junTando. QU, melhor. irmanando. gra-
ças aos seus numerosos afluentes e
subafluenles. os dois territórios nacio-
nais a Norte e ii Sul, confrontados com
o seu leito. constituindo rf'~pectiva
mente a<; terras de aquém ou riha Tejo
e de além Tejo. como que simboliZ<ln-
do o rio principal e seus inúmeros br:l-
ço~, urna força de união deste Portugal tJm,l {"'8,1/,1 (ln Tl';o. um,1 S.lUdOS,l imilgem de oulros tempos.
continental, uno, do Minho e Trá~-os
Montes ao Algarve, das Beiras e raia povoações Iimítroff:'S, em particular as As suas miITgens estão ligadas por
e"panhola até ao litorfll Atlântico. ribeirinhas, contribui de maneira sólidas e artfsticas pontes, como as de
Atrave~sa paisagens de beleza fmpar, ill1port,lIlte para a melhoria da agricul- Vila Velha de Ródão, Santarém, Vi la
de~dl? as zonas montanhosas interiores tura, fertilizando solos que banha, ou Franca de Xira, a magnificiente ponte
até às vastas e verdejantes lezírias riba- ainda como origem de produção de 25 de Abril, e as demais que se pode-
tejanas, terminando o seu percurso de energia, através das suas barragens. rão desejar e esperar como sendo úteis
1.120 kms, cerca de 230 dos quais em No entanto, e contrariamente, em ao desenvolvimento.
Portug<'ll, no grande e esplendoroso alguns anos de ira e de tempestades, as Os cenários do rio e lonas marginais
estu.írio de lisnoa, sem dúvida um dos suas chpias semeiam o infortúnio, a são deslumbrantes, quer perspectiva-
mais bplos do Mundo, e desaguando dt'Sgraça e a pobreza, que é aceite, via dos de sobre as suas pontes, quer este-
finalmente no imenso oceano Atlân- de regra, de uma forma algo conforma- jamos situados em pleno rio, como,
tico. da, consentida e até desculpada, já que por exemplo, no histórico castelo de
ronte de civilizaçiio, progresso e o ciclo recomeça, quer com o retomar Almourol. l>erto de Tancos, ou mesmo
riqueza parõl o país, mas também de do Sf'U habitual traiecto e caudal. quer nas .. uas margens, em locais apropria-
suhsi .. tênCiõl e forma de vida para as da vida dentro e junto ao rio. dos, dos quais destaco as Portas do Sol
em Santarém, o castelo de Silo Jorge ou
05 múltiplos miradouros espitlhados
pelas encostas de Lisboa e para ele
viradas, entre tantos outros lugares.
À beira-rio, banhadas pelas suas
águas, encontramos ainda, em terras
de Castela, as cidades de Toledo e
Aranjuez, e, já em Portugal, Abrantes,
Santarém e Lisboa, localidades com
raizes profundamente inseridas na
nossa lu<;itanidacle.
Muitos de nós, enquanto embarca-
dos, sentimos intensamente o exlasian-
te sentimento de regresso à saudosa e
querida Pátria, ao vislumbrarmos,
longe ainda, o farol do Bugio, passan-
do mais adiante a barra e entrando
posteriormente ne!'te maravilhoso
estuário, em imagens que viajam con-
nosco nas nossas lembranças, quando
nos afastamos de Portugal. e que tanto
povoavam e sobressaltavam a memória
e a saudade dos nO<iSOS antepassados,
antigos navegadores dos descobrimen-
tos, a tal ponto que os levavam a iden- ~
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