Page 276 - Revista da Armada
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actual comandante da  Escola  Naval, a
        quem o acaso profissional veio a confiar a
        tarefa de acolher a primeira mulher que a
        Marinh..l incorporou nos seus QP.                                         SP,«o '.&IQud'~CI
                                                                                  ' A"loU ~'" Cl ..... ..
         Chegaram ent reta nto os esperados
        5.1patos e, algum tempo depois, o MISEFE
        fez a sua apresentação fonnal  ao DI que,
        após  um  breve elogio ao seu  impecável
        atavio, com a solenidade da circunstãncia,
        lhe chamou a atenção  para  o  facto de,
        independentemente da sua vontade, estar
        a  "escrever história"  nos anais da  Escola
        Naval e da Marinha, o que só por si cons·   •   No  Diário  da   \  •   ./               Ca rdoso  MarqueS.
        Utuía  uma singular responsabilidade.  Por   República,  II  Série,                      nalural  de  Évora  e
        isso, o  MISEFE  poderia  contar com o   n5' 35 de 11  de Feve-                          licenciada  em  Far-
        apoio do comando e do corpo docente da   reiro de  1992, foram                           mácia  pela  Facul·
        Escola  Naval para o ajudar a ultrap.lssc1r   publicadas as normas                       dade de Farmácia da
        todos os  problemas ou dificuldades que   para  um  "Concurso                            Universidade Clás-
        surgissem, mas o sucesso ou insucesso   para  Ingresso  na                               sica  de  Lisboa, com
        final,  seria  sempre dependente dele pró-  Classe  de  Farma-                           a  Classificação de
        prio.                                cêuticos  Navais  do                                "Bom".
                                             Quadro  Permanente                                  Em  15  de Junho de
         Alguns dias  mais  tarde, após corres·   do Activo  dos  Ofi-                           1992 entrou  na  Es-
        ponder a um tímido e "pouco convincen-  ciais da Armada", destinado ao preenchi-  cola  Naval.  sendo graduada  em  Subo
        te" cumprimento militar, vulgo continên-  mento de uma vaga.             Tenente FN.
        cia, o  DI aproveitaria a ocasião  pilra  o   O  júri  decidiu  atribuir o  primeiro  lu-  É o  primeiro  militar  do sexo  feminino  a
        indagar àcerca das primeiras imprcssõcs e   gar  do  Concurso à dr.'  Maria  da  Graça   ingressar na Marinha.
        a resposta foi pronta:

         -Tmtada  por  todos  com  cavall,eirisl/lo.   De facto, tal qual a pescada que "antes de   fessa  que a  nâo  tem  e que  110  caso  li!'  s/'
        Apel/as  me preocupa  porier  não ser capaz  de   o ser já  o era", também  a  Ori  Maria  da   colocar a hipótese de  embarcar  nos  lJa!lios,
        com:spor/der às  vossas  expectativas,  mas   Graça, por ser filha de um respeitado sar-  recollsiderllria a sua  opção  /lOrqlle, indl'·
        estou a tentar.                     gento-mor fuzileiro,  nascera e fôra  criada   pendeI/temeI/te da  formação  /écl/ica, (}  embnr·
         Depois de um comentário do DI, desti·   sob alguma  influência  de cariz marinhei-  qm! de  mulheres  lhe  merece,  para  já,  lI1ui/as
        nado a  incutir coragem e confiança  no   ro. Porém, não deixou  de salientar que   dúvidas.
        MISEFE,  ficou  a  promessa  de uma  con·   não beneficiara de qualquer "protecção   A presença  de uma  mulher num  meio
        ver5.1  mais demorada  para  "recolha de   paternal", inclusivé "porque  os  senhores   caracteristicamente masculino, poderia
        informações", dest inadas a  eventua l   il/strufores até JNIrece  que se sentem  na obri-  ter criado alguns  problemas  pessoais.  A
        publicação na  Revista  da  Armada, que   gação de ser mais exigel/tes e ... I,ão é fiícir!   princípio, os  repetidos olhares dos seus
        n"turalmente estaria  interessada  em   Veio para a Marinha, apcs.lr da sua sen-  camaradas,  incomodavam-na, mas  foi-se
        divulgar tão assinalável evento.    sibilidade "nada  guerreira", devido às   habituando gradualmente, até  porque,
         Da conversa havida, ressaltou um desa-  illteressantes expectatluas  oferecidas  pela  car-  como i"  referira, as  pessoas  na  Marinlia  são
        bafo tranquilo e seguro, próprio de quem   reira de farmacêl/Iica  naval  e, no que respei-  na  generalidade  IIlI/ito educadas e sem/Ire  St'
        se sente verdadeiramente "em familia".   ta a uma eventual atracção pelo mar, con-  têm compor/ado com  UIII  cavallieirismo que
                                                                                 muito aprecia.  Daí que não deixe de per·
                                                                     -           manenlemente divulgar essa  faceta da
                                                                                 Marinha, para  esclarecimellto das  illlímeras
                                                                                 colegas qlle com ela têm COl/laclado.
                                                                                   A organização, a disciplina e os padrões
                                                                                 de exigência  que encontrou  a todos os
                                                                                 níveis, bem  como o  facto de cada um
                                                                                 saber claramente os seus direitos e deve-
                                                                                 res, de acordo com a sua opinião parecem
                                                                                 simplificar e harmonimr as coisas.  No  mUlldo
                                                                                 empresarial, não  é exactamente assim. Hã
                                                                                 /Unis confl/são e os lerreuos qlle se pisam pare-
                                                                                 WI/ l/Inis 1/I0!!f!diços. É difrrel//e.
                                                                                   Está assim apresentado o primeiro mili-
                                                                                 tar do sexo feminino  da Marinha, o pri·
                                                                                 meiro MISEFE. Outros se seguirão certa·
                                                                                 mente,  não s6 como  resultado de um
                                                                                 natural processo de aiinnação dos direi-
                                                                                 tos e oportunidades da mulher portugue-
                                                                                 sa,  como também  para  reforço dos qua-
                                                                                 dros do pesso.ll da Marinha.
                                                                                   A Escola  Naval cá  estará para dar as
                                                                                 boas  vindas àqueles que se destinem ao
                                                                                 Quadro dos Oficiais.            J,.
                                                                                 .................
       o primeiro ConlJc/o com um Idbordlório di A1iJrmhd
       22  AGOSTO 92  •  ImsrA$AIlMAOrfo
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