Page 295 - Revista da Armada
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EDlrORIAl
A Assembleia da Re ública
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e a Imprensa mi lÍar
mbora se trate de acontecimento ocor- Miranda Calha, do PS, que frisou o cada vez
rido há quatro meses e devidamente mais importante papel que cabe à imprensa
Enoticiado, na altura, por alguns dos na vida actua\' fizeram exposições os depu-
principais órgãos da imprensa, quer militar, tados João Amaral, do PCP, sobre "as atri-
quer civil, afigura-se-me ser tema adequado buições da AR em matéria de Defesa
para ainda poder e dever ser trazido a este Nacional", Cardoso Ferreira, do PSD. sobre
espaço, não tanto numa perspectiva informa- "o trabalho parlamentar: papel da CPDN",
tiva, de oportunidade já de certo modo ultra- Marques Júnior, do PS, sobre "as questões de
passada, mas antes numa atitude reflexiva. Defesa Nacional: papel da Comunicação
pelo seu significado relativamente à imagem Social". e Adriano Moreira, do CDS, sobre "a
das Forças Armadas perante a classe política importância do ensino na problemática da
portuguesa. Defesa Nacional", os quais, no final. foram
Estou a referir-me ao primeiro encontro interpelados. por vários participantes na reu-
dos responsáveis directos das revistas e nião. sobre diversos problemas respeitantes
outras publicações militares, cujo número à imprensa militar, alguns deles candentes,
ronda a centena, e de que ê decana a Revist.1 como as restrições e consequentes dificuldade;
Militar, publicada desde 1849, sendo quiçá também a mais anti- resultantes do artigo 31~ da Lei de Defesa Nadonal e das Forças
ga revista militar do mundo, com a Comissão Parlamentar de Armadas.
Defesa Nacional (CPON), a convite desta, O qual teve lugar na Mas, mais do que as esclarecedoras palavras proferidas pelos
Assembleia da República (AR) em I de Junho passado, facto que deputados e as judiciosas intervenções protagonizadas pelos
muito me apraz registar, bem demonstrativo da importância responsáveis militares ali presentes, o que ressaltou sobremanei-
que tem, para OS legítimos representantes do povo português ra do encontro referido foi a certeza de que, mesmo com as limi-
naquele areópago nacional, a imprensa militar, desconhecida de tações decorrentes da especificidade da condição castrense,
muitos, menosprezada por alguns e até vilipendiada por uns interditando naturalmente aos militares em serviço efectivo
poucos, os tais que se comprazem, em assomos de ignorância, manifestações públicas de cariz político-partidário, é possível, e
ingenuidade ou petulância, quando não de estultícia, aleivosia desejável, o diálogo franco e o debate aberto entre eles e os poU-
ou malvadez, ou, então, de tola ticos, em sede prôpria, designada-
modernice pacóvia, em denegrir as mente em questões que se prendam
Forças Armadas Portuguesas. com a Defesa Nacional, como ficou
E como foi gratificante participar cabalmente provado com a reunião
em tal evento, a que se dignou com- em causa, em que tanto uns como
parecer o presidente da AR, prof. outros souberam, com dignidade e
Barbosa de Melo, para, em breve alo- elevação, fazer jus à sua situação de
cução, saudar todos os presentes, cidadãos responsáveis, prestigiados
referindo que tudo o que diga respei- e úteis ao País, membros de duas das
to à comunicação social é duma mais nobres instituições nacionais, a
importância decisiva no modelo Assembleia da República, casa-mãe
democrático, ali naquele ambiente da democracia portuguesa, e as
majestoso do sumptuoso Salão Forças Armadas, garante inquestio-
Nobre do Palá.cio de São Bento, cujas nável da soberania e da independên-
paredes, decoradas com magníficos cia nacional, ambas merecedoras, por
frescos reproduzindo episódios céle- isso, do maior respeito e considera-
bres da expansão portuguesa em ter- ção por quem se orgulha de ser por-
ras de além-mar, recordam, a quem tuguês, patriota indefectível e demo-
lá entra, a gesta heróica dos bravos crata convicto. .1
portugueses de quatrocentos e de qlli-
IIhffltOS , tantos deles ilustres e intré-
pidos marinheiros.
Depois da intervenção de abertura
do presidente da CPON, deputado
/. $. Félix António
CAlMMN
REVISTA DA ARMADA · SETEMBRO/OUTUBRO 92 5
