Page 343 - Revista da Armada
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A Marinha








          na cooperafão com os PALOP








          A profunda e secular relação estabelecida
          entre Portugal e os países africanos de língua
          oficial portuguesa (PALOP), sem dúvida que
          envolve toda a nação portuguesa, mas
          seguramente, tem na Marinha e nos
          marinheiros, alguns dos seus principais
          protagonistas.
          Sucessivas gerações de marinheiros
          demandaram os seus portos, visitaram as suas
          cidades, percorreram os seus caminhos,
          navegaram nos seus rios, estudaram as suas
          hidrografias, curaram as suas gentes e, quantas
          vezes, fizeram, daquelas terras, as suas
          próprias terras. Ainda hoje, é na Marinha que
          se encontra a maior parte dos portugueses que
          têm O privilégio de conhecer todos e cada um
          dos PALOP. Nesse sentido, a Marinha tem, da
          cooperação, uma ideia técnica, mas
          simultaneamente faz dela uma grata missão.
          1. A cooperação             né-Bissau, entre  22 de Outubro   de e  rendimento  do  material  e   de cooperação,  no  final  deste
                       J             e  IOde Novembro de  1976,   dos  serviços  anteriormente  da   período,  verificava-se  que  as
          pós·;n  d  epenaência       com  a finalidade  de  proceder   responsabilidade  da  Marinha   Forças  Armadas  dos  PALOP
                                      ao  levantamento das  carências   Portuguesa, quer  na  área  mili-  dispunham,  cada  vez  mais,  de
          Pouco tempo depois das  inde-  e de apresentar recomendações   tar, quer, sobretudo, na  área da   material  militar  fornecido  pela
          pendências dos territórios africa-  sobre  estruturas organizacio-  Hidrografia  e  das  Ajudas "   União Soviética, a qual, através
          nos que  Portugal administrou, e   nais  e  sobre  a  logíslica  do   Navegação.   de  conselheiros  e de  forneci-
          com o objectivo de aprofundar   material  • nas  áreas da  hidro-  O principal  resultado obtido   mentos de material, exercia um
          as relações  bilaterais de coope-  grafia  e das  ajudas  à  navega-  com  a deslocação  dessas  7   efectivo controlo sobre os apa-
          ração,  baseadas nos  laços histó-  ção.  Ainda  em  1976,  desloca-  missões  aos  PALOP, que  em   relhos militares nacionais.
          ricos  e  culturais  que  ligam   ram-se  oulras  missões  à  Repú-  alguns  casos  foram  demoradas   Por  isso,  a partir de  1980, as
          Portugal  àqueles  países,  foram   blica  Democrática  de S.  Tomé   e de  reconhecida utilidade,  tra-  acções  de  cooperação  no
          assinados acordos  gerais  de   e  Príncipe  e à  República  Po-  duziu-se na vinda para Portugal   domfnio  militar,  de  responsabi-
          cooperação com cada um deles,   pular  de  Angola,  com  objeCli-  de  um  significativo  número de   lidade portuguesa, decresceram
          que  previam  a possibilidade de   vos  semelhantes,  isto  é,  equa-  milHares e civis, com a finalida-  e, nalguns casos,  extinguiram-
          serem  complementados  por   cionar as  necessidades em  pes-  de de  frequentarem  cursos  nas   se  naturalmente.  No  entanto,
          acordos de cooperação  técnica   soal,  infra-estruturas e material,   escolas da Marinha.   entre  1980 e  1987,  ainda  foi
          em domínios específicos.   e verificar a natureza  e exten-  Apesar  deste  esforço  inicial   possível  acolher  18  formandos
           As  autoridades  destes  novos   são dos apoios  que  poderiam
          países  procuraram  naturalmente   ser prestados àqueles  novos   FORMANOOS 005 PALOP (1.76/1.7.)
          estabelecer laços de cooperação   países,  nomeadamente  no  que
          com a Marinha, que contribuis--  se  refere  a apoios  técnicos  na             RCV  RGB  RDSTP  RPA  RPM
          sem  para superar as  naturais   recuperação de  material  que   Escola Naval           3    4    4
          dificuldades que encontravam.   pertencera  à  Marinha  Por·   CFSe CNCC                9    4
           Com  o objectivo  de  respon·   tuguesa.               CFT/CTC e ITB                  14   20
          der  àquelas solicitações,  ainda   A deslocação dessas  missões
          na  década de  setenta,  a Ma·   aos PALOP, entre  1976 e 1979,                         3               4
          rinha constituiu  e enviou várias   foi  determinada  por  razões que   Outros cursos
          missões a alguns desses  países,   se  prendiam,  fundamentalmen·   TOTAL        1302854
          das  quais foi  pioneira  a que se   le, com  a necessidade  desses   Taxa de aproveitamento   100%  470/0  64%  20%  100  ...
          deslocou  à  República  da  Cu i-  países extrairem alguma utilida-                                        •
                                                                                       REVISTA DA ARMADA ·  NOVEMBRO 92  17
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