Page 80 - Revista da Armada
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        Sff ulili:ndn pt/os Olllnl!' rlImos t pt/a pí'f'Ulação cit>il.
        burocracia, mais lentidão, mais confusão, por outras palavras,   Assim sendo, a solução que se me afigura mais conveniente e pro-
        mais dificuldade na  gestão, mais morosidade no atendimento e   dutiva, mais consentânea com os interesses dos ramos, e, portan-
        na assistência, mais facilidade  nos entraves e nos atropelos ao   to, com o proprio interesse nacional, pelos quais se deve pugnar, e
        controlo dos gastos e à manutenção da ordem.. do sossego, da dis-  com as  prerrogativas dos respectivos militares, que  também
        ciplina, da higiene e da segurança.. pois não nos devemos esque-  de\'em ser atendidas, e admitindo, como tem vindo a público, que
        cer que num grande hospital militar entraria por dia mais de um   o Exército necessita  inadiavelmente dum  novo hospital. é a
        milhar de pessoas, entre militares e civis, muitos deles estranhos à   seguinte:
        instituição, o que não acontece por norma  em qualquer outra   Aproveitando esse novo hospital do Exército, com os seus servi-
        grande unidade militar. Por isso é hoje defendida em todo o   ços, especialidades e valências tradicionais, estabelecer-se-iam aí
        mundo civilizado a descentralização hospitalar, inclusive nos pró-  também os serviços. especialidades e valências comuns aos  trÊS
        prios programas da Comunidade Europeia, cam vista a  uma   ramos, designadamente o serviço de urgência e aqueles de que já
        melhoria da eficácia e da gestão económica, mas sempre na pers-  falámos atrás, de baixo índice de utilização, alta tecnologia e equi-
        pectiva de que o principal objectivo é a eficiência e excelência dos   pamentos muito caros, como, por exemplo, a neurocirurgia, a
        serviços prestados, em detrimento de critérios predominantemen-  cirurgia cárdio-torácica, a cirurgia vascular, a cirurgia plástica, a
        te economicistas, não defensáveis em campo tão importante como   TAC, a ressonáncia magnética, etc., nos quais cooperariam os téc-
        é o  da saúde humana, mas que parecem ter feito escola no nosso   nicos de saúde correspondentes, habilitados e disponiveis, perten-
        pais nOS últimos anos.                                centes ao Exército, à Marinha e à Força Aérea, mantendo natural-
        Por outro lado, hospitais menores pennitem. o que não é despici-  mente o vínculo ao  respectivo ramo, experiência já testada, com
        endo, um  melhor conhecimento e inter-re1adonamento entre os   êxito, no referente à infecciologia e à pneumologia, no HMOIe. e
        respectivos profissionais de saúde e entre estes e os doentes, o que   à hemoterapia e à hemodiálise, no HMP. Isto não obstaria a que,
        tem sido bem  patente no HM, com grande beneficio para a sua   também no HM e no HFA, pudessem funcionar um ou mais ser-
        actividade, ao  mesmo tempo que possibilitam uma assistência   viços comuns, para que estivessem particularmente vocacionados
        mais cuidada e de  melhor qualidade e,  o que considero funda-  pela sua  especificidade, de que são exemplos o Centro de
        mentaJ  nesta época de materialismo atroz, mais personalizada e   Medicina  Aeronáutica  nO  HFA  e o  Centro de  Medicina
        mais humana.                                          Hiperbárica no HM, já existentes, constituindo este último,  por
        De referir também que a manutenção dos hospitais dos ramos é   ser único no país, um meio terapêutico de grande utilidade públi-
        factor  importante do ponto de vista estratêgico, facultando solu-  ca, aberto não só aos militares dos três ramos como a toda a popu-
        ções alternativas em caso de inoperacionaiidade de um deles por   lação civil,  política esta a seguir sempre que haja capacidades
        motivo de guerra ou catástrofe, o que não seria possível com uma   excedentárias em determinados serviços dos hospitais militares.
        só grande unidade hospitalar que fosse  gravemente darUficada.   Quanto àquela terrifica hipótese do quadro único, \'eiculada pela
        Outrossim do ponto de vista funcional- obstando a que os servi-  notícia  referida  no  princípio deste já longo arrazoa,do, seja-me
        ços de elevado índice de utilização, como, por exemplo, a estoma-  permitido duvidar de que venha a ser concretizada. E que, tendo
        tologia, a oftalmologia, a otorrinolaringologia, a ortopedia, a radi--  cada ramo as suas características peculiares, determinadas pelo
        ologia, as análises clínicas, etc. atinjam. cada um. movimentos de   ambiente em que se desenvolve e pelos meios que utiliza, todos
        várias centenas de utentes por dia, como aconteceria fatalmente   os seus serviços devem manter a sua identidade própria e não ser
        no taJ grande hospitaJ comum. com os  prejuízos daí resultantes,   amalgamados em aglomerados heterogéneos, onde se apaguem a
        tanto  para os doentes como para OS  próprios ramos,  pelas forço-  sua especificidade, a sua marca, a sua tradição.
        sas demoras e prolongadas esperas que daí adviriam.  E tenho   E, porque estou confiante na  recta intenção e na  ponderação de
        sérias dúvidas que, com tais aglomerações, se conseguissem man-  quem tem que decidir sobre tão magnos problemas, e convicto de
        ter os níveis de qualidade, humanidade e presteza que tem sido   que o respeito pela tradição, pela qualidade e pela eficiência não
        apanágio e orgulho do HM  desde hâ  muitos anos, onde se tem   irá ser sacrificado à análise impessoal, fria e matemâtica, das con-
        conseguido, ao contrário da  maior parte dos hospitais do país,   tas, dos números e dos cifrões, tenho fundadas esperanças de que
        mesmo privados, que os seus principais utentes, isto é, os milita-  o Serviço de Saúde Naval e o Hospital da  Marinha hão-de sair
        res da Armada, sejam sempre observados no  próprio dia, sem   incólumes desta  potencial  ameaça, continuando na senda de
        marcação prévia, relativamente às consultas extemas e a alguns   todos os seus ilustres membros,  profissionais de saúde, que,  ao
        exames complementares que não exijam  preparação anterior,   longo de quase dois séculos, tantos e tão nobres ser.~ços presta-
        como análises clínicas e radiografias simples. e até os próprios   ram à Marinha. às   Armadas e à Nação, e cuja memória hâ
        familiares, no       i  a estes últimos.              o dever indeclinável

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