Page 153 - Revista da Armada
P. 153

•  A permanência  de  uma  força  estrangeira  em  qualquer  ter·
          ritório  nunca é  bem  vista  pela  população  local;  o sucesso da
          operação depende  também  da  aceitação da  força  de  paz  no
          meio aonde está a operar, tornarxb-se  importante o estabeleci·
          r»erIto da relação de conllança da respectiva população. A infOf-
          maç.\o pública activa poderá ter um  papel  importante se cativar
          a simpatia dos habitantes locais e transmitir a absoluta credibili-
          dade. Para além disso, a rapidez com que as notícias 5<10  difun-
          didas  pelo  Mundo, o acesso dos  jornalistas  à  informação de
          âmbito militar e o impacto  que as operações militares  têm  nos
          media,  tornam  a  In(ormaçAo  Pública  fundamental  nas
          Operações de Apoio à Paz.

          PARTICIPAÇÃO PORTUGUESA
                                                               sando a conciliar as  neceSSidades de defesa  do território com
            A NATO e a UEO, organizações a que pertencemos,  já senti-
          ram  a necessidade de  se  preparar  para  este  tipo  de  missões.   a participação em  novas  missões  internacionais,  nomeada-
          Portugal,  quer integrado  nas organizações a que pertence, quer   mente  no  quadro  das  Operações de  Apoio  à  Paz  no  claro
          individualmente,  j<l  tem  participado em  algumas  missões deste   at}oio à polrtica extern<l  e tis decisões das organizações de que
          til)O, como: UNOGtL (Lfbano), UNTAG (Namíbia),  UNPROFOR,   é membro e n~o apenas no quadro exclusivo da defesa lerrito-
          IFOR,  SFOR  (Ex-Jugoslávia)  UNAVEM  ti,  UNAVEM  III (Angola) e   rial  (Q/hldro .,b.lixo).
          ONUMOZ (Moçambique).  Na  maioria destas  missões a partici-
          pação foi  do  Exército e Força Aérea; no que  respeita à Marinha   /B Df DfFfSA NAOONAL f 00 rctÇAS ARMADAS -Df1EM8RO Df 1982
          foram  empenhados  meios  navais  no  Adriático (UNPROFOR) e               ARTIGO 2
          Fuzileiros  na  Operação  de  Evacuação de  Cidadãos  Nacionais   A defesa nacional é igualmente exercida no quadro dos compro-
          (NEO),  na  República do  Congo  (ex-Zaire·FORREZ), esta  última   missos internacionais assumidos pelo pais.
          com a característica  de ser a primeira operação conjunta  assu-
          mida  por  Portugal e independente, em  relação às  organizações
          inlernaciooais.                                       Os  objectivos  gerais  da  nossa  política  de  Defesa  Nacional
            Estamos, pois, na altura de avançar decididamente, a par com   devem-se  manter  inalterados,  pois  deverão ser  poucas  as
          outros  países, sob  pena  de  nos  distanciarmos  e perdermos  a   modificações, no essencial.  decorrentes do debate que visará
          capacidade de  interferir em  áreas, de  certa  forma  vitais  para   reajustar o Conceito Estratégico de Defesa  Nacional, e conse-
          Portugal  e para  as quais nos senlimos mais  vocacionados.  Será   quentemente  o Conceito  Estratégico  Militar,  à evolução de
          grave  se  o poder polftico  decidir  incrementar  a participação   conjuntura  internacional  e  às  novas  missões com  que  as
          neste tipo de operações e as  Forças Armadas  não estiverem em   Forças  Armadas  se  vêm  confrontadas; no  entanto, os  instru-
          condições de responder ao desalio pof' falhas que lhe possam ser   mentos daquela  política  nos  quais  se  incluem  a componente
          imputáveis.                                          militar, terão de  ser reestruturados  para  melhor  a  imple-
            Em  termos  institucionais as  alterações  de  ordem  politica  e   mentarem  (7).
          estratégica  produziram  o aparecimento  de  novos  quadros  de   ~  importante  referir  que  a  reavaliação  daqueles conceitos
          referencia  internacional  levando organizações e Estados a rever   irá  determinar  a  caracterização  das missões  das  Forças
          internamente os conteúdos das suas orientações estratégicas.   Armadas,  do sistema de  Forças (SFN) e do  Dispositivo,  sendo
            Assim aconteceu  com  Portuga l que,  a  partir  do  início  de   fundamental  que  na  definição  do  SFN  seja  considerado  o
          1992,  passou  a dispor  de  um  novo  Conceito  Estratégico   novo  tipo de  missões  numa  perspectiva  de  integração opera-
                                                               cional conjunta.                                9
          Mili/ar e de um  novo  Conceito Estratégico de Defesa  Nacional
          (Qllc1dro .1baixo) - em  1994, redimensionados para  uma  nova
          conjuntura  internacional, reforçado  ao  nível  pragmático  por            José Manuel Cardoso Neto Simões
          opções estratégicas, que consideram a necessidade de afirmar                                     ITEN SEF
          a presença  internacional  de  Portugal.  através  de  uma  partici-
          pação activa em organizações internacionais com intervenção                         /Conclui no próximo ~
          ao nfvel da segurança global como a ONU e OSCE e regional
          como a NATO e a UEO.                                 NOrAS:                    e:isle o COIlU'iIo de ~ de
                                                               II/CnotorrL 5c~ NoffdJ5 d.   Coni/'*». que ~ muito ~ M)
                                                              OTAN,'" 1 ~N-MIIR 97.      d.J~~.  Utn.1 \\!z
             CONCBrO fS1RAlÍGICO DE DEFESA. NAC1ONAJ. -fEVERBRO Df 1994   O! C~fõJ r* "Vdod (JUL 97} fio:Iu   que n.Jo hJ ~ n.lS divf56es. MJop-
                                                              confinn.Id.I. ~.Jo * ~ ptOCf!der ~   t.Jm-~ .tS ~ no~quf!
             3 - ,"l;o plano militar:                         I1!\'I1Jo 00 Conct'IIO EstriIIisICO di   dt>Iine ° pI.uwmer*> miliUr d.J NATO
             a}  Adoplar  uma  pos,tura  estratégica  defensi~a e a~ur.)f uma   AlIoltIÇi*«ordo com if ~
                                                                                         JUfõJ oH ~deApoioJ P.1l
           cdpacidJde de defesa e de resistência que garanta a possibilidade de   -..rrud.H nas lihimos MlOS ~ lendo em   IPfACf 5uppon Operalions
           fazer funcionar em tempo 05 mecanismos de contenção, poIiticos e   ~.Io.~*    -Me Jl71.
           diplomáticos, e se necessário d solidariedade mililar dtiada:   ~"fJo dJ NA TO. um .mJbfefNe   (6) O~confere~~1
             1 .. .1  Satlsfaltf os compe-omlUOS a»umiclos por  Portugal,  no  ~mbitO da   mfemM:1Otl.l1 em COOSIJnft' eYOIuç.Jo.   internKKNldI pafõJ .J conduçJo da
           o r AN e da UEO. com os graus de prOflt,d,\o ilCordados;   III ImeM'rIÇJo * SIJd Eu o PrrmeIro   operaçJo ~ ~ definido com base nas
             Colaborar em missoo de  m~nulenç~o ou  estabelecimento da  paz,   MmistlO Ml6niO Guterres proIerldJ dO   ResoIuç6es do Concelho de Segtnant;a;
           Integrad.:ls em forçu mul1lnacÍ(lnJil J coni/ruir  no i mbito  internacional  I ... )   CutSO ck Dl'fr.-sJ NilCiOnJl fCDN/97 no   é muilO específICO qu<Jnto.is tare/JS a
           p'H'Iic'PJr  em  JCç6ef dI'  a u~ mo Iluma nit~ rio no interesse d.J  comunidade   IDN - 1-1 ,..t.A.197).   serem realizJdas nas ()peraçdes de
           InternacionJI I ... 1                              (4) 8oc1lros - GhJIi, Agenda I~lr,l a P.1l   Apoio.) P.1Z, de onde~ deduzida a
                                                              (1992).                    miss.'fo atn'burda, ii dinJefts.'fo e
                                                                                         organizaçJo da Força e outros elenl/.'fI·
                                                              IS} A ONU COflSi(/er;r ,1pet~U quallO   _.
            Esta  alteração  institucional  tem  vindo a repercutir-se no  re-  tipos de opera('Oe de Apoio ;} P,lZ: ,I   lOS necess.frios.) conduçJo dasoper-
          dimensionamento da  Forças  Armadas  Portuguesas,  cuja  reor-  Drplom.!ci.J ptt!I't'nlfI'.J.   (7) Inten--ençJo do Dr. António Virorino
                                                              o lesMbcI«imcfllo, J  /J1dllUtençJo
          ganização,  reestruturação  e  reequipamento  tem  tido  como   e a coosí/tditrJo dOI  pill. Na NATO,   (ex MDN) proIericb dO Curso de Ot>ku
          principal objectivo conferir uma  maior operacionalidade, pas-  de<n1O das ~.J('OeJ de apoio;} P.1l   N.Kional (CDN/97) fIO IDN (JUL 97}.
                                                                                           R(VlSTAOAARMADA ·  MAI098  7
   148   149   150   151   152   153   154   155   156   157   158