Page 190 - Revista da Armada
P. 190
constituem uma Força de Reacção Imediata (3). As
missões que daí advêm, põem à prova o pesso.ll e
equipamento, pelo que, a nossa prontidão também é
testada pela capacidade de resposta a este des.,fio.
De um modo geral, deve-se ter presente que a
organização sai beneficiadil com a valorização dos
próprios militares que a compõem, que muitos dos
militares estão motivados para participar neste
desafio e, não menos importante, este tipo de ope-
rações tem grande aceitação junto da opinião
pública. que considera importante a contribuição
das Forças Armadas do seu I>afs nos esforços de
paz (4).
FORMAÇÃO E TREINO NA MARiNHA
Existe uma oposição quase completa entre os
princípios da guerra, ou do emprego de forças, e os
princípios em que se baseiam as Operações de
Apoio ii Paz. É no quadro dos primeiros que tem lugar toda a for- dispositivo ofensivo) pode criar de5confianças e aumentar a inse-
maç30 militar tradicional. Tomemos o exemplo do princípio da gurança nas forças instaladas no terreno, produzindo o efeito
surpresa e da incerteza, com O efeito de provocar desequilíbrios contrário ao pretendido.
no adversário e de o forç.1r a atribuir mais recursos, facilitando o Como resulta do enquadramento geoestratégico, a Marinha e
desgaste - na Operação de Apoio a Paz actua-se com a máxima especialmente a sua Componente Anííbia pode, em tempo de
visibilidade possível e procura-se reduzir ao máximo OS fadores paz, ser chamada a desempenhar missões de carácter militar com
de incerteza para criar confiança. Assim, as forças militares são objectivos humanitários ou destinadas ao estabelecimento, con-
treinadas em função daqueles princípios, interiorizam comporta- solidação ou manutençào da paz, importa proceder com elevada
mentos e criam mecanismos de resposta instintivos, por razões prioridade à análise e definição da formaç30 e treino (5) adequa-
de sobrevivência e de eficácia, que não estarão conformes com o do a proporcionar àqueles militares e unidades de forma a
enquadramento operacional totalmente diferente - um dado poderem ser empenhados naquele tipo de operações.
comportamento (por exemplo, progredir com protecção ou em Nas Forças Armadas, como princípio, a formação naquelas
operações não deve ser valorizada em detrimento da formação
normal de preparação de forças para as tarefas a que prioritaria-
mente se destinam, mas deve ser integrada de forma equilibrada.
A formação e o treino para as Operações de Apoio à Paz (6) têm
nfveis diferentes e são distribufdas normalmente por duas fases:
• A primeira, a da formação básica é generalizada a todo o
militar ou unidade que potencialmente possa participar em qual-
quer tipo daquelas operações, destinando-sc a fornecer os co-
nhecimentos genéricos destas operações;
• Na segunda, procura-se adequar ., formação à operação em
que se vai participar, fornecendo à força constituída a informação
especffica;
• Em qualquer um,' delas, mas mais acentuadamente na
segunda, tem que se ter em consideração o treino e a formação
para preparar quem tem tarefas
de caráCler individual e de
cerlo modo específicas, tais
como oficiais de Estado-Maior,
observadores militare5. policia
militar, condutores de viaturas,
informação pública etc;
O treino individual é funda-
mentai para a eficiência da
força constituída, pois é a base
de um entendimento de mis-
são por parte do militar.
Tendo em conta o carácter
multina cional da parli ci-
pação nas Operações de
Apoio à Paz, a formação
básica é o primeiro pas!tO no
qual se tenta garantir a inter-
-operabilidade das diversas
forças porque, assumida-
mente, ela abrange os mes-
mos aSSUI)tos nos vários pilfs-
es que contri buem com
forças no âmbito das organi-
8 A.NiO 98 • UVIST A OA ARMADA