Page 73 - Revista da Armada
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Património Cultural da Marinha
             Património Cultural da Marinha


                                         Peças para Recordar





                                      2. HIDROAVIÃO “SANTA CRUZ”


                      Em 1921 a Marinha autorizou a compra de três aviões à fábrica inglesa
                      Fairey para equipar a sua jovem Aviação Naval. Sacadura Cabral acom-
                      panhou em Inglaterra o seu fabrico, tratando de alterar um deles de forma
                      a ter maior autonomia.
                      Esses aviões, do tipo Fairey IIID, receberam os números de fábrica 400,
                      401 e 402, a que corresponderam os números de série da Aviação Naval
                      F15, F16 e F17.
                      O F15 iniciou em Lisboa, em Março de 1922, a viagem que ficou co-
                      nhecida por 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul. Recebeu o nome de
                      “Lusitânia”, tendo-se perdido ao amarar junto aos Penedos de S. Pedro. O
                      F16, que o substituiu, perdeu-se também no mar. Coube ao F17 comple-
                      tar a gloriosa viagem, voando até ao Rio de Janeiro, onde foi baptizado de
                      “Santa Cruz”.
                      Regressou então ao serviço da Aviação Naval em Lisboa e em 1927 foi
                      enviado para Macau com outros dois aviões Fairey, após se ter ali consti-
                      tuído um Centro de Aviação Naval. Em 1930 a Aeronáutica Naval orde-
                      nou que viesse para Lisboa, para ficar como relíquia aeronáutica, sendo
                      nessa altura restaurado, passando a constituir património do Museu da
                      Marinha, onde só descansou em 1962, pois esteve armazenado em diver-
                      sos locais e participado na Exposição Internacional de Aeronáutica, em
                      1935, na Exposição do Mundo Português, em 1940, e na celebração do
                      37º aniversário da Travessia Aérea do Atlântico Sul, em 1959.
                      O “Santa Cruz” é o único exemplar de Fairey IIID existente no mundo e o
                      seu motor, um EAGLE VIII Rolls Royce, é um dos raros exemplares ainda
                      conservados, apesar do grande número de motores deste tipo produzidos.
                      Estes elementos são mais do que suficientes para considerar esta peça de
                      alto valor museológico, para além do valor histórico e simbólico que lhe
                      está associado.
                      Em 1998, o “Santa Cruz”, por se encontrar muito deteriorado, foi sujeito,
                      no próprio local de exposição, a um extenso trabalho de restauro que lhe
                      desenvolveu a sua integridade estrutural e a beleza aeronáutica primitiva.
                      Assim, esta bela aero-
                      nave permanecerá              Principais características do “Santa Cruz”:
                      por longos anos para      Tipo ......................Hidroavião biplano monomotor
                      lembrar às gerações       Utilização  .....................Reconhecimento marítimo
                      vindouras o feito úni-    Potência .....................................................360 HP
                      co e glorioso, realiza-   Autonomia ..................................................5h30m
                      do em 1922, por dois      Raio de acção .............................................980 Km
                      oficiais de Marinha, o    Vel. Max. .................................................176 Km/h
                      CMG Gago Couti-           Envergadura de asas ..................................14,05 m
                      nho e o CTEN Saca-                Museu de Marinha. Cotas: Hidroavião Santa Cruz AVI-2
                      dura Cabral.                                           (Texto de A. Cruz Júnior, VALM)
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