Page 115 - Revista da Armada
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têm sido constantes, mesmo sobre programas já aprova- muito menos recursos, contra a realidade oposta dos ou-
dos, como o dos submarinos, o do polivalente logístico e tros sectores do Estado. As consequências são bem
dos patrulhas oceânicos (incluindo os navios de combate conhecidas de quem vive a Marinha no seu dia a dia.
à poluição e de balizagem). Tem também a causa que radica na falta de equidade
De facto, o programa de manutenção da capacidade com que as carreiras militares são tratadas, relativamente
submarina já foi aprovado, objectivamente, 3 vezes na a outras, outrora equivalentes em incentivos, mas que
Assembleia da ironicamente
República, mas não sofrem as
os anos passaram limitações de ci-
sem a sua con- Foto: CAB AD Mendonça dadania que a
cretização. Acu- Constituição nos
mulam-se retar- impõe, nem as
dos sobre retar- obrigações de to-
dos nas negocia- tal disponibilida-
ções de um pro- de que nos são
cesso técnico- próprias.
-administrativo, Tem o desen-
cuja excessiva canto ainda mais
complexidade, origens que é pe-
longe de ser mi- sado aceitar, mas
norada por ágeis que não andarão
tomadas de de- longe do factor
cisão, tem sido que lhes é co-
alimentada por mum e que tra-
longos compas- duzo, benevola-
sos de espera. Re- mente, pela baixa
cordo, como mais prioridade atri-
exasperantes, o buída à Institui-
tempo de cerca ção Militar e pela
de um ano que pouca atenção
demorou a de- que a sociedade
cidir pelos dois política lhe dedi-
concorrentes de ca, assim como
entre a lista dos aos que a servem.
cinco iniciais candidatos e, agora, a espera, desde Julho de Tem tido, enfim, uma causa permanente na luta inces-
2001, pela selecção do fornecedor dos navios, concluído sante e determinada, mas sem sucesso, pela obtenção dos
que foi e entregue ao Governo, nessa data, todo o longo recursos e das condições mínimas para o funcionamento
processo de avaliação das duas propostas em com- da Marinha de que o País necessita e que nós éramos
petição. capazes de edificar.
Nos programas dos patrulhas e do polivalente logísti- São desgostos e desencantos, no entanto, que temos de
co, apesar de haver despachos de autorização de ajuste afogar na satisfação de quem recebe tão frequentes
com os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, há muito provas de apreço da sociedade civil e de quem sente uma
promulgados, as dilações e também algumas inde- honra infinda e um orgulho imenso em servir Portugal
finições, têm dado lugar a incompreensíveis arrastamen- da forma como o temos feito.
tos no tempo, muito prejudiciais. Aos homens e mulheres da Marinha, militares, mi-
Para mais o País não necessita apenas desses navios. litarizados ou civis expresso os meus sentidos agra-
Como é conhecido e consta dos planeamentos apresenta- decimentos pelo orgulho que tive e pela honra que me
dos ao Governo, há que substituir as fragatas da classe deram em termos navegado juntos.
“Comandante João Belo” e o reabastecedor “Bérrio”, bem Faço votos, para que todos continuem nessa rota, se-
como obter navios para a guerra de minas. Por isso, o guindo o lema inscrito nas rodas do leme dos nossos navios
desencanto avoluma-se. - A PÁTRIA HONRAI QUE A PÁTRIA VOS CONTEMPLA.
Avoluma-se e tem mais causas:
Tem a dos orçamentos de funcionamento que, em meia
dúzia de anos, desceram para metade, a preços cons-
tantes, enquanto que, em igual período, a despesa públi-
ca também se alterou, na mesma percentagem, mas em Nuno Gonçalo Vieira Matias
sentido inverso. Isto é, a Marinha foi confrontada com Almirante
REVISTA DA ARMADA • ABRIL 2002 5