Page 249 - Revista da Armada
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Acreditei então que mal não haveria em -Não se preocupe ó Doutor, que eu resolvo isto Também eu sorri nesse dia e sorrio sem-
chamar a senhora. Decidi, contudo, avisar o de uma vez…e, resoluto, entrou de rompante! pre, mesmo nos piores momentos, quando
Imediato dessa intenção. Este, homem sabido Na presença do próprio marido, o Cirurgião, me dou conta que esta história só poderia
das lides navais, deu uma valente gargalhada expôs a situação de uma forma segura. Não devo acontecer, nos tempos actuais, a um médi-
e fez-me prometer que lhe contaria o desfecho aqui reproduzir o exacto conteúdo da conver- co da Marinha….E, é claro, talvez valham
de tal diligência…Comecei por confirmar o sa (nem seria delicado da minha parte…), mas pouco – nos registos da Medicina Naval –
diagnóstico da doença do Marinheiro, exacta- acreditará o leitor, que o nosso Cirurgião, qual estas histórias sobre Marinheiros, Cabos e
mente como descrito pelo nosso barbeiro arti- Psicólogo, terá sido ao mesmo tempo sagaz, até Barbeiros. Eu acredito, que a seu modo,
lheiro, que era, de facto uma doença comum delicado e persistente nos argumentos…Notei, representam a Marinha e delas procuro dar
por fungos. E assim foi, eu e o Enfermeiro, lá sobretudo, que colocou o enfâse na amizade registo por nobreza de coração, por amiza-
convencemos o Marinheiro a trazer a mulher que deveria unir os dois irmãos, de que todos de, ou, conforme este episódio, pela argúcia
a bordo, sem antecipar na totalidade o que gostavam a bordo…A jovem saiu afogueada, que revelam…
iria acontecer... sem dizer palavra. Quando estou triste ou desencantado vou
A senhora veio acompanhada pelo marido. O Cirurgião retomou imperturbável a prática cortar o cabelo e faço-o sempre na Marinha.
Aqui confesso que os primeiros pensamentos fo- clínica de mestre dos cabelos, sem tocar nova- Imagino que o caro leitor fará o mesmo. Faz
ram para a verdadeira e discreta beleza, que de mente neste verdadeiro folhetim. Fui eu que, bem, lá encontrará, certamente, um Cirurgião
facto possuía, tornando verosímil a suposição do algumas semanas depois, intrigado pelo súbito Capilar encartado pelas artes do mar e da vida,
Cirurgião Capilar. Enquanto o Enfermeiro, também silêncio, quis saber? pronto para nos engomar o espírito ao mes-
presente, prestava explicações sobre o antifúngico -Então Cirurgião Capilar e os manos continu- mo tempo que nos acerta as madeixas…São,
adequado ao tratamento e a forma de o aplicar, am a dar-se bem? afinal, estes pequenos acertos que nos orga-
chamei o colega Cirurgião à Enfermaria. -Sim Senhor, ficamos todos mais amigos – res- nizam neste lugar – muitas vezes estranho e
Esperei-o na porta e disse-lhe em tom duro: pondeu ele a sorrir – e eu também, com a irmã vazio – a que chamamos Mundo…
-Já cá tem a senhora na Enfermaria, veja ago- da jovem que o Doutor conheceu, que é tão Z
ra o que vai fazer! bonita como ela… Doc
CONVÍVIOS
OS 60 ANOS DO CURSO D. JOÃO DE CASTRO
¬ÊNo dia 6 de Maio, o curso D. João de Castro,
que entrou na Escola Naval em 1943, comemo-
rou os seus 60 anos.
A cerimónia iniciou-se com os cumprimentos
ao comandante da Escola Naval, contra-almi-
rante Carlos Alberto Viegas Filipe, seguindo-se
uma missa em que foram evocados os camara-
das falecidos.
Uma visita às instalações de tão prestigiada
instituição de ensino, veio mostrar consideráveis diferenças do
antigamente em especial, pela novidade dos cadetes femininos.
Em local apropriado foi descerrada uma lápide evocativa dos 60
anos, a primeira que ali foi colocada.
A cerimónia terminou com um almoço oferecido pelo Director
da Escola Naval, a quem se agradeceu tão simpática hospitali-
dade e se ofereceu um livro assinado por todos os elementos do
curso que estavam presentes.
SESSÃO SOLENE COMEMORATIVA DO 19º ANIVERSÁRIO
DO CLUBE DO SARGENTO DA ARMADA
¬ÊA sessão solene comemorativa do 19º Aniversário da Delega-
ção do Clube do Sargento da Armada, no Feijó, teve lugar em
05 de Maio.
Foi pequeno o salão de festas para acolher tão grande número
de associados e convidados representantes do poder autárquico,
e do movimento associativo, que fizeram questão de se associa-
rem a esta efeméride.
O ponto mais alto desta sessão teve lugar com a apresentação
pública do Coro Polifónico do CSA, constituído por sócios e
familiares do clube e dirigido pelo maestro e associado Coman-
dante Euclides Pio. O coro, que teve o seu primeiro ensaio a 08
de Outubro de 2002 tornando realidade uma aspiração do clube,
foi apadrinhado na sua estreia pelo consagrado Professor e Ma-
estro Édgar Saramago. (Colaboração do CSA)
REVISTA DA ARMADA U JULHO 2003 31